BRANDS' CAPITAL VERDE A tecnologia aliada ao governance como resposta à fraude

  • BRAND'S CAPITAL VERDE
  • 23 Fevereiro 2024

A ameaça crescente da fraude no setor bancário, com tendências como "spoofing", “phishing” e "skimming": será um sistema meramente reativo suficiente para uma resposta adequada no combate à fraude?

A fraude no setor bancário tem assumido novos contornos e dimensões cada vez mais sofisticadas e persistentes. Termos como “spoofing“, “phishing”, “smishing” e “skimming” têm vindo a ganhar destaque na comunicação social com uma frequência cada vez maior. Estas designações permanecem, para muitos, incompreensíveis, estando os clientes cada vez mais permeáveis a ataques fraudulentos ou cada vez mais apreensivos quanto à conduta da própria instituição onde detêm grande parte do seu património financeiro.

Vários fatores contribuíram para o crescimento deste fenómeno, entre os quais a situação pandémica, o trabalho remoto e os desenvolvimentos tecnológicos nos diversos serviços online. As instituições financeiras assistem a um aumento de incidentes e de ataques fraudulentos devido à crescente utilização e rápida evolução dos serviços bancários digitais.

São cada vez mais os “comunicados” emitidos pelas autoridades de supervisão e pelas instituições financeiras com alertas sobre a prática de esquemas fraudulentos. O próprio Banco de Portugal foi alvo de “spoofing” (roubo de identidade), quer em janeiro, quer em fevereiro, tendo emitido vários alertas após a identificação desta prática. A questão que se impõe é: será um sistema meramente reativo suficiente para uma resposta adequada no combate à fraude?

No plano do investimento tecnológico, algumas instituições financeiras têm vindo a apostar nas seguintes tendências:

  • Inteligência artificial e machine learning: a análise de grandes volumes de dados em tempo real para identificação de padrões e de anomalias que possam indicar atividades fraudulentas;
  • Análise preditiva: o recurso a modelos estatísticos e algoritmos avançados para antecipar comportamentos fraudulentos com base em padrões históricos e em tempo real;
  • Biometria e autenticação multifatorial: o reconhecimento facial, de impressões digitais e de voz e a autenticação multifatorial são meios utilizados para aumentar a segurança nas transações bancárias;
  • Análises comportamentais: a deteção de sinais de fraude com base no comportamento do utilizador, podendo auxiliar na identificação de contas falsas, atividades suspeitas e padrões de comportamento incomuns;
  • Blockchain e tecnologias de registo distribuído: o registo imutável e transparente de todas as transações contribuem para a segurança e a transparência nas transações financeiras;
  • Análise em tempo real e deteção de anomalias: permitem que as instituições financeiras identifiquem e respondam rapidamente a atividades suspeitas, possibilitando a interrupção de transações potencialmente fraudulentas antes que estas causem danos significativos.

A par destas tendências, torna-se imperativo não só reagir, mas também detetar e prevenir. O investimento proativo em tecnologia, o fortalecimento da cultura de integridade e a revisão dos controlos de governance são ações que, se adotadas em conjunto, poderão contribuir para o bloqueio da evolução deste fenómeno. As instituições que não efetuarem este esforço e caminho de melhoria de forma preventiva poderão ter de suportar um maior encargo financeiro no futuro, custo esse que terá repercussões financeiras e reputacionais.

É fundamental que as instituições financeiras tenham uma visão holística do ciclo da fraude e um modelo de governo adequado, com responsabilidades definidas, aliada ao recurso a soluções que permitam uma gestão de dados robusta, com elevados níveis de automatização. Neste contexto, o setor bancário deve abraçar uma abordagem integrada, que combina a utilização de soluções tecnológicas avançadas e uma estrutura de governação funcional para uma atuação eficaz na deteção, prevenção e combate à fraude.

Dada a importância estratégica deste tema, e com a consciência de que um sistema meramente reativo não constitui uma solução eficaz no combate à fraude, na EY estamos a desenvolver soluções tecnológicas com vista numa deteção antecipada e numa resposta adequada e célere, com potencial de customização para facilitar a integração nos processos e sistemas atuais das instituições financeiras.

O desafio é considerável, mas a resposta deve ser à altura, exigindo a contribuição de todos os stakeholders, incluindo das autoridades de supervisão, para garantir a transparência e segurança no setor financeiro.

Daniela Arruda, Senior Manager EY, Consulting Financial Services

Joana Costa Oliveira, Manager EY, Consulting Financial Services

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