Português cria assistente de IA que ajuda a “limpar” email

Emilio arranca para ajudar a arrumar o Gmail, mas o objetivo é estender a outras plataformas. "Em breve" pode ajudar até a responder aos emails.

Centenas de mensagens não lidas. Muitos profissionais deparam-se com este alerta quando abrem o email. É para os ajudar a prioritizar as mensagens, com base nas suas preferências, que surge o Emilio, um serviço cocriado pelo português Ricardo Batista, ex-Antler. Este assistente pessoal com Inteligência Artificial (IA) está disponível para o Gmail, mas “ambiciona ser para todas as plataformas”.

A ideia começou com uma conversa. “Conheci o Daniel [García, cofundador e com o pelouro da tecnologia] durante o final de 2022 em Madrid, tendo ele acabado de sair da Tesla para criar o seu próprio negócio. O Daniel é um brilhante engenheiro, o primeiro engenheiro Tesla em território espanhol e convidado a ir para Palo Alto (Califórnia) no final de 2022. No dia em que nos conhecemos ficámos duas horas a falar dos problemas que tínhamos nas nossas vidas profissionais, tendo sido o excesso de comunicações aquele em que nos concentrámos”, recorda Ricardo Batista, cofundador do Emilio ao ECO.

Ricardo Batista e Daniel Garcia, cofundadores Emilio

“Qualquer profissional hoje em dia acaba o dia com 200 mensagens por ler no Slack, 100 emails por ler, e ainda tem que ir ver o WhatsApp dos amigos e da família. Isto gerava em nós (e confirmámos que também nas pessoas que nos rodeiam) uma ansiedade — nem sabíamos por onde começar a processá-las”, continua.

A solução para este dilúvio de mensagens pode estar na IA. “Começámos a criar um assistente pessoal que processa as mensagens e as prioriza com base nas preferências pessoais. Este assistente consegue então por alguma organização nestas apps todas que temos e dá-nos um resumo do que é necessário fazermos. E em breve irá, com base no conhecimento e tom do utilizador, planear o que pode ser escrito, para que o utilizador possa clicar no botão ‘enviar’. Nos nossos primeiros testes, conseguimos fazer decrescer o tempo gasto em email em 60-70%“, descreve.

O serviço arranca para a Gmail — “existem 1.800.000.000 contas mundialmente” — mas tem ambições de “ser para todas as plataformas”. O lançamento de Emilio está previsto para esta semana, tendo a empresa já uma lista de espera com mais de 100 pessoas.

Começámos a criar um assistente pessoal que processa as mensagens e as prioriza com base nas preferências pessoais. Este assistente consegue então por alguma organização nestas apps todas que temos e dá-nos um resumo do que é necessário fazermos. E em breve irá, com base no conhecimento e tom do utilizador, planear o que pode ser escrito, para que o utilizador possa clicar no botão ‘enviar’. Nos nossos primeiros testes, conseguimos fazer decrescer o tempo gasto em email em 60-70%

Ricardo Batista

Cofundador Emilio

“Em 2024 queremos provar o conceito e garantir que atingimos faturação anual na ordem das centenas de milhares de euros (contando com todos os mercados), o que significa ter alguns milhares de clientes”, diz Ricardo Batista quando questionado sobre os objetivos de negócio.

O projeto arranca sem recurso a capital externo, “de forma a testar o mercado e perceber se o Emilio é algo que os utilizadores querem”, adianta Ricardo Batista. “Assim que tivermos esta prova feita, analisaremos que forma de financiamento faz sentido, e em que mercado o devemos fazer”, reforça. “Muito provavelmente necessitamos de capital de risco em 9-12 meses para expandir operações e equipa. Estimaria algo na ordem dos 300.000-500.000 euros”, aponta o cofundador até recentemente ligado ao venture capital Antler, parte da primeira equipa de gestão ibérica.

“O projeto Antler foi um sucesso no seu lançamento ibérico, e ao final de 18 meses senti a necessidade de abraçar um novo projeto. O facto de ter estado tão próximo de empreendedores fez-me querer empreender também, assim que encontrei o cofundador ideal”, diz.

“Tanto eu como o Daniel vivemos épocas de downmarket (2011-2016), onde os recursos e orçamentos eram escassos, e épocas de upmarket (2017-2021), onde havia dinheiro fácil a ser investido (ambos o vivemos na Glovo e Tesla, respetivamente). Tendencialmente gostamos de equipas pequenas que permitem agilidade, e por isso ambicionamos ter 2-3 pessoas para nos ajudar em marketing e tecnologia durante 2024″, refere o gestor quando questionado sobre crescimento da equipa.

Ambos os fundadores estão sedeados em Madrid, país que acolhe Ricardo Batista, quando em janeiro de 2022, assumiu a liderança da LolaMarket em Espanha, depois da sua aquisição pela Glovo.

“Estamos neste momento sediados em Madrid por motivos familiares, contudo queremos tornar o Emílio um projeto ibérico com presença em Madrid e Lisboa“, diz. Mas não só. “Ainda será cedo para dizer quais e com que ritmo, mas temos visto muito interesse de utilizadores dos Estados Unidos. É provável que a empresa tenha que crescer para esse mercado nos próximos 12 a 18 meses“, aponta.

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