PHC Software afasta-se da crise nas tecnológicas. “Temos uma situação financeira sólida”

Ricardo Parreira distancia-se dos despedimentos no setor tecnológico, que “até ajudam a ter mais pessoas no mercado para contratar”. PHC Software sobe vendas em 18% e fecha escritório no Peru.

Nos últimos meses têm-se sucedido os anúncios de cortes no investimento e no emprego por parte de várias empresas tecnológicas, mas o presidente executivo da multinacional portuguesa PHC Software, Ricardo Parreira, garante ao ECO que não está preocupado com a crise no setor, confiando que “a evolução tecnológica vai ser tão importante no futuro, que a tecnologia vai ter sempre um lugar de crescimento”.

“O que aconteceu com muitas dessas empresas tecnológicas é que no meio da Covid e pós-Covid recrutaram mais pessoas do que aquelas de que precisavam. E agora que a economia já está num caminho normal, verificaram que não têm vendas para aquelas pessoas todas, então cortaram. Não se aplica à PHC, que continua a crescer e tem uma situação financeira muito sólida. Nunca tivemos prejuízo na nossa história e temos um controlo financeiro total”, assegura.

Pelo contrário, assinala o empresário, “o facto de estas empresas [tecnológicas] estarem a despedir até nos ajuda a ter mais pessoas no mercado para contratarmos”. Fundada em 1989, a PHC Software recrutou 70 nos últimos dois anos e emprega atualmente 262 pessoas. Em 2024 pretende contratar mais 30 para diversas funções, que vão desde o desenvolvimento de software, às áreas de suporte, vendas e marketing.

Na altura da pandemia fizemos a expansão que achávamos coerente e sustentável, acima de tudo. Não contratámos baseados na esperança de que o mundo ia ser assim tão diferente.

Ricardo Parreira

CEO da PHC Software

“Na altura da pandemia fizemos a expansão que achávamos coerente e sustentável, acima de tudo. Não contratámos baseados na esperança de que o mundo ia ser assim tão diferente. Vamos crescendo gradualmente. É esse o objetivo: nem ter um crescimento demasiado acelerado nem estagnação. Queremos crescer sustentavelmente”, aponta Ricardo Parreira.

Com escritórios em Lisboa, Porto, Maputo (Moçambique), Luanda (Angola) e Madrid (Espanha), é nas duas maiores cidades portuguesas que concentra a maioria dos trabalhadores. A empresa tecnológica, que calcula ter investido três milhões de euros em Investigação e Desenvolvimento (I&D) em 2023, chegou a ter também instalações e uma equipa de cinco pessoas em Lima (Peru), que acabou por fechar.

“No pós-Covid foi um país [Peru] que sofreu bastante e optámos por mudar a estratégia. Em vez de estarmos fisicamente, estamos através de parceiros e distribuidores, tal como em Cabo Verde”, explica o presidente executivo da PHC Sofware. Este ano, pelo menos, não tem prevista a abertura de escritórios em novas localizações.

Negócio internacional vale 10%

A PHC Software fechou o exercício de 2023 com uma faturação de 17,7 milhões de euros, um crescimento de 18% em termos homólogos e que valeu o nono recorde consecutivo neste indicador. Com um total de 170 mil utilizadores e 37 mil clientes empresariais em mais de 25 países, após terem aumentado 54% nos últimos dois anos, as vendas internacionais representam agora 10% do volume de negócios global.

“É um daqueles casos em que o próprio mercado está muito necessitado de tecnologia para ser mais produtivo. Vendemos software para as empresas terem mais produtividade e no pós-pandemia estão muito mais atentas ao impacto da tecnologia e da transição digital para serem competitivas. Vemos agora as empresas terem uma consciência total de que ou investem em tecnologia ou ficam para trás”, justifica Ricardo Parreira.

Ricardo Parreira, fundador e CEO da PHC Software

E o ano de 2024 “voltou a arrancar muito bem”, descreve o líder da PHC. Em particular, diz ter sida a primeira tecnológica em Portugal a lançar Inteligência Artificial generativa dentro do próprio software de gestão. Destaca ainda as soluções de Human Capital Management – “há uma tendência concreta de investimento das empresas em tecnologia para gerir melhor as pessoas” – e de gestão na cloud, que “está a ter uma aceitação brutal”.

Questionado sobre o impacto que a instabilidade política está a ter nas decisões de investimento e na atividade da empresa, Ricardo Parreira sente que “a economia continua no seu ritmo normal, independentemente da queda do Governo”. “Estamos a sentir as vendas a crescer na mesma e os empresários a quererem continuar a comprar software. Não sentimos, no nosso negócio, apreensão vinda da política para a economia”, acrescenta.

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