ECO da Campanha: Privatização da TAP e arruada da paz de Montenegro e Rio

Pedro Nuno Santos defende a privatização da companhia aérea, no dia da morte de um dos seus opositores, António-Pedro Vasconcelos. Confira a prova dos 9: Ter filhos pode ser um caminho para a pobreza?

Nesta reta final da campanha, os partidos metem todas as fichas no apelo ao voto, com arruadas e ações focadas nos principais círculos eleitorais de Lisboa e Porto. A governabilidade e as alianças pós-eleitorais continuam a marcar os discursos, com a Iniciativa Liberal a destacar algumas exigências para um eventual acordo de governação com a Aliança Democrática, como o cheque-creche de 480 euros.

O dia foi ainda marcado pela tomada de posição de Pedro Nuno Santos relativamente à privatização da TAP, assunto que não consta no programa eleitoral do PS, no dia em que morreu o líder do movimento contra esta privatização, António-Pedro Vasconcelos.

Tema quente

Pedro Nuno confirma privatização da TAP no dia da morte de António-Pedro Vasconcelos

Este dia começou com a notícia da morte de António-Pedro Vasconcelos, cineasta que era também conhecido pelo movimento contra a privatização da TAP. Mariana Mortágua lamentou a morte do realizador, apontando que partilhou com o António-Pedro Vasconcelos “um movimento importante contra a privatização da TAP”. “Tive o prazer e o privilégio de poder trabalhar o lado do António-Pedro e de muitos outros que se juntaram nesse movimento”, lembrou a coordenadora bloquista.

Já Pedro Nuno Santos, que sofreu três interrupções de ativistas no discurso do comício na noite passada, veio falar pela primeira vez em campanha da sua posição relativamente à privatização da TAP. O secretário-geral do PS mantém a opinião que tinha antes, quando fazia comentário na SIC após ter saído do Governo, reiterando que “não privatizar nenhuma parte do capital seria errado” mas defendendo que o Estado deve “manter a maioria do capital”.

Este tema estava omisso do programa do PS e também da campanha eleitoral, pelo que era aguardado este esclarecimento e confirmação da opinião do líder socialista. Rui Rocha reagiu às declarações de Pedro Nuno Santos defendendo que a privatização deve ser a 100%. “Connosco nem mais um cêntimo para a TAP“, reiterou o presidente da Iniciativa Liberal, defendendo que a TAP deve ser “privatizada o mais rápido possível nas melhores condições possível e a 100%”.

André Ventura também se referiu, ainda que indiretamente, ao tema da TAP, ao criticar a presença de Rui Rio na campanha da AD. Rio “apoiou o orçamento do PS, permitiu intervenções na TAP e deu maioria absoluta ao PS”, atirou o líder do Chega.

A figura

Carlos Moedas

Convenção da Aliança Democrática - 21JAN24
Carlos Moedas na convenção da Aliança DemocráticaHugo Amaral/ECO

O presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, violou a lei eleitoral e terá de retirar cartazes com publicidade institucional, segundo uma deliberação da Comissão Nacional de Eleições (CNE). Esta entidade recebeu 11 queixas contra a autarquia relativas a outdoors sobre medidas adotadas pelo município na área da habitação, designadamente, o apoio às rendas e a reabilitação de 700 fogos devolutos.

O social-democrata foi depois alvo de uma sátira na rede social Instagram por parte da Juventude Socialista de Lisboa.

A frase

“Enfrentámos todas as incógnitas ao longo dos 103 anos. Estamos ligados aos trabalhadores. Vamos ser a grande surpresa da noite eleitoral”.

Paulo Raimundo, CDU

A surpresa

A arruada da paz com Rui Rio e Montenegro

Arqui-inimigos nos tempos das disputas internas para a liderança do PSD, Rui Rio e Luís Montenegro fizeram as pazes e surgiram numa improvável união, lado a lado, na arruada de Viana do Castelo, apinhada de gente com as cores laranja e azul da coligação AD.

Quem diria que desde as ameaças de moção de censura de Montenegro à presidência de Rio, em 2019, à batalha pelo trono do PSD, em 2020, – a qual levaria à derrota do atual líder e à vitória do anterior – os dois sociais-democratas estariam agora de mãos dadas. “Sinal de união é seguramente, desunião é que não é”, atirou Rui Rio.

Montenegro já tinha afirmado que todos os ex-líderes iriam, de alguma forma, participar na campanha. Mas a presença de Rui Rio, no centro histórico de Viana, numa arruada com aquele que lhe tentou, por diversas vezes, tirar a liderança, é inédito.

Desavenças à parte, Montenegro e Rio sabem que todos os apoios podem ser poucos diante de umas eleições sem garantia de vitória e ensombradas por alianças com o Chega. “Quem entende que o país está bem, vai repetir o voto que sempre fez; quem entende que o país não está bem, e se quer mesmo mudar, só tem uma alternativa. Acredito nessa mudança”, afirmou o antigo presidente da Câmara do Porto.

Luís Montenegro, da Aliança Democrática (AD), acompanhado por Rui Rio, durante a arruada em Viana do Castelo, no âmbito da campanha para as eleições legislativas de 10 de março, 6 de março de 2024.TIAGO PETINGA/LUSA

Prova dos 9

“Em Portugal, hoje, ter filhos pode ser um caminho para a pobreza.”

Rui Rocha, IL

O presidente da Iniciativa Liberal defendeu esta quarta-feira a medida do partido para um cheque-creche de 480 euros, que diz ser uma das “linhas de exigência” para um eventual acordo com a AD. Rui Rocha argumentou que é uma medida necessária, já que é preciso resolver a “incapacidade que hoje existe para constituir uma família” e ter filhos “pode ser um caminho para a pobreza”.

Se olharmos para os dados mais recentes do Instituto Nacional de Estatística (INE), é possível verificar que a taxa de risco de pobreza é mais elevada para os agregados com crianças dependentes: 18,9%, o que compara com 15,2% para aqueles sem crianças.

Em 2022, o “risco de pobreza relativa aumentou principalmente para os adultos que vivem sozinhos, de 22,7% em 2021 para 24,9% em 2022, e para as famílias constituídas por um adulto e pelo menos uma criança dependente, de 28,0% para 31,2%, e por dois adultos e duas crianças dependentes, de 12,8% para 13,9%”.

Os dados mostram então que o risco de pobreza aumenta para os casais consoante mais filhos têm. Entre todos os agregados, o maior risco mesmo é para os pais (ou mães) solteiros: 31,2% em 2022.

Conclusão: Certo.

Norte-Sul

Esta quarta-feira, Pedro Nuno Santos ficou por Lisboa, tal como Rui Tavares, que também foi a Setúbal. Paulo Raimundo esteve ainda em Évora, local escolhido por André Ventura, que depois ruma a Faro para um jantar-comício, esta noite, que contará com a presença de Santiago Abascal, líder do partido espanhol Vox.

Pelo norte, estiveram os restantes partidos. O ex-líder do PSD, Rui Rio, participou numa arruada, em Viana do Castelo, com Luís Montenegro. E Luís Marques Mendes, outro ex-presidente social-democrata, vai participar, esta noite, num comício em Barcelos.

Já IL, BE e PAN começaram o dia em Braga, com Rui Rocha e Inês Sousa Real a seguir depois para o Porto.

As caravanas partem, esta quinta-feira, para diferentes pontos do país. A do presidente do PSD, Luís Montenegro, que já se encontrava no norte, segue para Vila Nova de Gaia, Maia e Porto. O secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, arranca em Gondomar, passando pelo Marco de Canaveses, fazendo depois uma arruada na Rua de Santa Catarina no Porto, pelas 17h. E encerra o dia com um comício em Aveiro. A coordenadora do BE, Mariana Mortágua, vai andar pelo distrito do Porto, tal como Rui Rocha, da Iniciativa Liberal.

Mais a sul, Paulo Raimundo, secretário-geral do PCP, e Inês de Sousa Real, porta-voz do PAN, vão marcar presença em Setúbal e Lisboa. Rui Tavares, do Livre, estará em campanha na capital. E André Ventura, do Chega, ruma de Faro para Setúbal.

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