TAP é mais rentável, mas está mais endividada do que gigantes europeias

Companhia portuguesa foi mais rentável que concorrentes em 2023, mas os resultados do quarto trimestre lançam dúvidas sobre continuação da tendência.

Recorde. A palavra une os resultados das principais companhias aéreas europeias em 2023, marcado por lucros inéditos. A TAP não foi exceção, apresentando esta quarta-feira um resultado líquido de 177,3 milhões. O que não significa que tenham todas a mesma rentabilidade ou a mesma situação financeira. Há indicadores onde a companhia portuguesa se destaca pela positiva e outros onde fica aquém da concorrência.

Se os lucros da TAP são pálidos quando comparados com gigantes como a IAG (dona da British Airways ou Iberia), a Lufthansa ou a Air France – KLM, a rentabilidade do negócio em 2023 foi genericamente melhor na transportadora portuguesa.

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Olhando para o rácio entre os resultados alcançados antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (EBITDA) e a receita gerada, a TAP teve a melhor margem EBITDA, com este rácio a situar-se nos 19,8% — apesar de registar uma ligeira quebra face aos 22,3% do ano anterior, devido ao aumento dos custos, em particular com pessoal. A IAG é a que mais se aproxima (18,9%), ficando a Air France – KLM e a Lufthansa mais distantes.

Um ponto a favor da transportadora aérea portuguesa, tendo em conta que todas aquelas concorrentes já manifestaram interesse numa privatização da companhia bandeira, que a Aliança Democrática pretende concretizar no novo Governo.

Considerando a margem operacional, a IAG é a mais rentável (11,9%), seguida pela TAP (8,2%), que mais uma vez bate a Air France – KLM e a Lufthansa. A TAP fica, no entanto, abaixo da média das pares (5,3%) no que toca à capacidade de converter receitas em lucros, com uma margem bruta líquida de 4,22%.

A dinâmica do quarto trimestre deixa dúvidas sobre se a TAP continuará a apresentar margens acima das concorrentes. A margem EBITDA recorrente entre outubro e dezembro foi de apenas 11,3% e a margem operacional foi negativa em 2,6%. Mas esta realidade não é exclusiva da empresa portuguesa. Todas as outras grandes companhias aéreas também registaram uma queda das suas margens no último trimestre do ano.

A Lufthansa, por exemplo, passou de uma margem EBITDA de 18,4% em setembro para 9,9% nos últimos três meses do ano, ao mesmo tempo que a sua margem operacional minguou de 13% no terceiro trimestre para 3,4% entre outubro e dezembro.

E bem pior esteve a Air France – KLM, que não só passou de uma margem EBITDA de 22,8% no terceiro trimestre de 2023 para 7% no último trimestre do ano passado, como a margem operacional alcançou um valor negativo de 1,8% no quarto trimestre de 2023, depois de em setembro ter apresentado uma margem de 15,3%.

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Igualmente relevantes na comparação das operações das diversas companhias são dois indicadores muito usados na indústria da aviação: a receita por lugar-quilómetro (RASK) e os custos operacionais por lugar-quilómetro (CASK), que permitem medir o desempenho face à capacidade instalada.

A TAP é, das quatro, a que tem a receita por lugar-quilómetro mais baixa, 7,98 cêntimos, longe dos 9,70 da Lufthansa. Apesar de os custos por lugar-quilómetro estarem a aumentar, ainda são competitivos face às pares, cifrando-se em 7,25 cêntimos, o que compara com 8,03 na IAG e 8,25 na Air France – KLM. O mesmo acontece usando este mesmo indicador, mas excluindo as receitas com combustível, com os 5,14 cêntimos da transportadora portuguesa a ficarem abaixo da concorrência.

Se do lado da rentabilidade da operação a TAP parece estar lançada, o maior desafio continua a estar na gestão da sua dívida. Apesar do forte esforço de redução do endividamento ao longo de 2023, a TAP continua atrás das gigantes europeias na alavancagem financeira. A dívida líquida da companhia portuguesa era de 2,6 vezes no final de dezembro de 2023, acima das 1,7 vezes da Lufthansa e IAG, e do rácio de 1,2 apresentado pela Air France- KLM.

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