Tripulantes da TAP admitem negociar poupanças nos custos salariais

Sindicato que representa os tripulantes de cabine admite negociar medidas pontuais que aliviem os custos com pessoal da TAP, que estão acima do limite imposto pelo plano de reestruturação.

O presidente do Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC), que representa os tripulantes de cabine, diz estar orgulhoso dos resultados recorde conseguidos pela TAP em 2023 e considera que é cedo para aferir se novos acordos coletivos foram longe demais no aumento dos custos da companhia aérea. Ainda assim, está disponível para negociar com a administração.

Com os custos com pessoal a excederem o rácio limite previsto no plano de reestruturação aprovado por Bruxelas, o ministro das Finanças chamou a gestão da TAP, liderada por Luís Rodrigues, para corrigir a rota, como avançou o ECO. Isso mesmo foi confirmado esta quarta-feira pelo primeiro-ministro, afirmando que foram dadas “as devidas instruções à administração para que a gestão da TAP se adeque aos compromissos assumidos no plano de reestruturação”.

Incumprimento que obrigou a voltar à mesa das negociações com os quatro maiores sindicatos. Ricardo Penarroias, presidente do SNPVAC, confirma que existiram reuniões com a administração e admite cedências pontuais, caso se justifiquem. “Não somos insensíveis à questão. Temos de fazer contas, analisar a proposta da TAP. Se for aplicado a todos os trabalhadores, não somos insensíveis. Há data de hoje, diria que o sindicato não tem nada para ceder, mas estamos disponíveis para conversar“, afirma em declarações ao ECO.

Ricardo Penarroias assinala, no entanto, que o acordo celebrado com os tripulantes prevê aumentos em 2023, que começaram a ser pagos em novembro, mas não em 2024 e 2025. A atualização só regressa em 2026, já após o fim do plano de reestruturação acordado com Bruxelas.

Os pilotos já chegaram a acordo com a administração da TAP para uma redução dos encargos. Na sexta-feira passada, os associados do SPAC aceitaram adiar a entrada em vigor do aumento salarial deste ano de 1 de janeiro para 31 de dezembro, e do próximo, também de 1 de janeiro para 31 de dezembro. O sindicato aceitou também retirar a majoração de 25% nas horas noturnas, de forma temporária, e a majoração nos feriados, de forma permanente.

A TAP divulgou um lucro recorde de 177,3 milhões de euros no ano passado. O resultado ficou, no entanto, abaixo dos 203 milhões averbados até setembro, com a companhia aérea a voltar ao vermelho no último trimestre. A companhia aérea teve prejuízos de 26,2 milhões entre outubro e dezembro, em boa parte devido a um aumento de 120% nos custos com pessoal face ao período homólogo, para 270,4 milhões, decorrentes dos novos acordos de empresa negociados com os sindicatos. Recorde-se que em 2022 ainda vigoravam cortes salariais, entretanto levantados.

Ricardo Penarroias rejeita que o aumento dos encargos com pessoal ponha em causa a estabilidade financeira da companhia. “O custo só é real ou não mediante o que é aplicável no acordo de empresa. Há medidas de flexibilidade que representam um ganho operacional para a companhia e que só tem impacto quando o acordo for implementado na sua totalidade, o que só acontece a 1 de abril”, afirma o presidente do SNPVAC, argumentado que os aumentos salariais “são um investimento e não um custo”. “Só dentro de seis meses podemos dizer que o acordo de empresa assinado ultrapassou ou não o investimento“, acrescenta.

O dirigente do SNPVAC considera que os lucros obtidos pela TAP são “um orgulho para todos”, destacando “a evolução positiva da rentabilidade operacional” nos últimos anos. “Independentemente dos resultados alcançados na negociação doa acordos de empresa, a companhia teve lucros recorde”, salienta.

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