Montenegro quer português como língua oficial da ONU até 2030

  • Lusa
  • 5 Maio 2024

Primeiro-ministro considera que seria "um justo reconhecimento", tendo em conta o "universo atual de falantes de português", que pode atingir 380 milhões até 2050. Brasil concorda, mas avalia custos.

O primeiro-ministro, Luís Montenegro, quer que os países parceiros na CPLP alinhem posições para que o português seja reconhecido como língua oficial das Nações Unidas até 2030, considerando que “seria um justo reconhecimento”. Brasil concorda, mas alerta para custos elevados.

Num artigo publicado este domingo no jornal Público, na data em que se comemora o Dia Mundial da Língua Portuguesa, Luís Montenegro considera que aquele pode ser encarado como um desígnio de médio prazo, defendendo para isso um alinhamento de posições com os parceiros da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP).

Seria um justo reconhecimento. Tanto em função do universo atual de falantes de português em todo o mundo como relativamente às estimativas que apontam para que a nossa língua atinja 380 milhões de falantes em 2050. E quase 500 milhões no final do século”, escreve, referindo que este crescimento estimado se deve ao Brasil e ao potencial populacional dos PALOP (Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa).

O primeiro-ministro sublinha também o empenho do Governo em promover “a excelência do ensino do português” nestes países, destacando que um dos objetivos fixados pelo seu Governo passa por incentivar o intercâmbio e a criação de programas conjuntos que fortaleçam a língua como ferramenta de comunicação e de expressão”.

“Por um lado, é também imperioso alargar a influência da CPLP nos muitos pontos do globo a que o português se vê ligado pela cultura. E, por outro, quanto maior for a ambição económica e política, maior será a projeção internacional da língua de Camões, Sophia, Amado, Pepetela, Lispector, Agualusa, Mia, Agustina, Germano e tantos outros consagrados”, refere Montenegro.

No artigo, o primeiro-ministro lembra que os 50 anos do 25 de Abril foram também celebrados ao mais alto novel com os países irmãos da CPLP, um espaço que, refere se alicerça “na história, nas vivências partilhadas e no idioma comum”.

Montenegro refere ainda que a criação do Dia Mundial da Língua Portuguesa é um sinal de reconhecimento pela UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura) da importância global do português e de todos os seus mais de 260 milhões de falantes espalhados por todos os continentes.

Neste contexto, refere que as economias da CPLP valem 3,6% da riqueza total do mundo e 5,4% do global das plataformas marítimas.

O responsável máximo pela promoção da cultura brasileira e da língua portuguesa no estrangeiro afirmou à Lusa que o Brasil tem interesse em tornar o português língua oficial das Nações Unidas, mas advertiu para os elevados custos.

“Na verdade é extremamente custoso, porque ter o português como língua de trabalho nas Nações Unidas é muito caro”, disse, em entrevista à Lusa, em Brasília, o diretor do Instituto Guimarães Rosa, a congénere brasileira do Instituto Camões.

Na opinião de Marco Antonio Nakata, neste primeiro momento, é necessário “avaliar realmente a importância que isso teria para o Brasil e se esse volume de recursos não teria uma utilidade maior” noutros campos de divulgação do português, como a existência de “mais leitores, mais professores, investir em novas tecnologias de ensino”.

Em entrevista à Lusa, em Lisboa, a 26 de abril, o Ministro das Relações Exteriores do Brasil afirmou querer “um avanço” no projeto de tornar o português língua oficial das Nações Unidas, acrescentando ser “um dos temas que é muito caro ao Presidente Lula é a língua portuguesa”.

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