Centeno diz que BCE terá de ser “prudente” com as taxas de juro e recusa apontar datas para novas descidas
O governador do Banco de Portugal defende que os dados económicos vão mostrar a rapidez com que a inflação está a recuar e como a economia reage a uma política monetária menos restritiva.
O Banco Central Europeu (BCE) desceu, na semana passada, as taxas de juro pela primeira vez em quase cinco anos. Quanto a futuras descidas, a entidade terá que ser “prudente nos próximos meses”, gerindo com cuidado os juros, de modo a não estimular, nem travar a economia, defende Mário Centeno, governador do Banco de Portugal e membro do BCE. A decisão sobre voltar a mexer nos juros irá depender dos dados económicos.
“A taxa de juro natural na Europa está certamente abaixo do nível atual das taxas de juro, pelo que o caminho a seguir com base no que sabemos hoje é claro”, adiantou o governador do Banco de Portugal, dando a entender que os juros continuarão a descer na região. “Quando isso vai acontecer, vai depender dos dados económicos”, explicou, em declarações à agência Bloomberg, à margem de um evento na Croácia.
A entidade liderada por Christine Lagarde anunciou, no passado dia 6 de junho, um corte de 25 pontos base das taxas diretoras, colocando assim a taxa de juro de facilidade permanente de depósito nos 3,75%, a taxa de juro de refinanciamento nos 4,25% e a taxa de juro aplicável à facilidade permanente de cedência de liquidez nos 4,5%, que terá efeitos a partir de 12 de junho.
A descida é a primeira ao fim de quase cinco anos e depois de um ciclo de 10 subidas consecutivas entre julho de 2022 e setembro de 2023 que incrementaram o preço da moeda única em 450 pontos base.
Apesar de ter dado o pontapé de saída no ciclo de descida de juros, a autoridade monetária do euro não se quer comprometer com um ritmo de cortes de taxas. Segundo Mário Centeno, para decidir novas descidas, o conselho de governadores terá primeiro que confirmar que a inflação mantém a trajetória de descida, rumo ao objetivo de 2% do BCE.
“Vamos assistir a um planalto da inflação até agosto – devido a efeitos de base – e depois disso descerá para perto dos 2%”, explica o responsável. “À medida que formos avançando, ficaremos a saber mais sobre a sensibilidade da economia e da inflação aos nossos cortes nas taxas”, reiterou Mário Centeno, notando que qualquer decisão irá depender da divulgação de dados económicos. “Temos de ser prudentes nos próximos meses“, defendeu.
Apesar da inflação ter realizado uma grande correção, face ao máximo histórico de 10,6% alcançado em outubro de 2022 de 10,6%, o índice de preços no consumidor acelerou em Maio, para 2,6% enquanto os ganhos nos salários reais também aumentaram. As tendências nos salários não são uma preocupação especial porque “alguma recuperação” é “inevitável”, considera Centeno.
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