INE confirma que inflação acelerou para 3,1% em maio
A inflação em Portugal acelerou no mês passado em comparação com o mesmo mês de 2023, devido ao efeito de base do "IVA zero" e à aceleração dos preços dos hotéis.
O Instituto Nacional de Estatística (INE) confirmou que os preços no consumidor subiram 3,1% em maio em comparação com o mesmo mês do ano passado, em linha com a anterior estimativa. Esta taxa representa uma aceleração de quase um ponto percentual face ao ritmo da subida de preços registado no mês anterior.
Desde setembro de 2023 que a inflação em Portugal não superava os 3%. A tendência é, sobretudo, explicada pela entrada em vigor do “IVA zero” em meados de abril do ano passado, que isentou de imposto vários produtos alimentares essenciais, provocando um efeito de base. O INE também atribui o aumento generalizado dos preços à “aceleração dos preços dos hotéis”, ainda que “em menor grau”, lê-se num destaque publicado esta sexta-feira.
Segundo o instituto, o indicador de inflação subjacente, composto pelo Índice de Preços no Consumidor (IPC) excluindo produtos alimentares não transformados e energéticos, teve uma subida homóloga de 2,7% em maio. Os produtos energéticos aumentaram 7,8%, acelerando face a abril, e os produtos alimentares não transformados aumentaram 2,5%, depois de terem registado uma variação nula no mês anterior.
Na comparação com abril de 2024, o IPC aumentou 0,2%. “A classe com maior contributo positivo para a taxa de variação mensal do índice total foi a dos Restaurantes e hotéis, com uma variação de 3%”, destaca o INE, com os hotéis, motéis, pousadas e serviços de alojamento similares a registarem uma variação mensal de preços de 21,93%. Em sentido inverso, o azeite desceu 4,44% em cadeia e o gasóleo recuou 3,51%.
O INE também calcula que a variação homóloga em maio do Índice Harmonizado de Preços no Consumidor (IHPC), usado nas comparações com os outros países da União Europeia, acelerou 1,5 pontos percentuais, para 3,8%. Neste cálculo, a classe dos Restaurantes e hotéis tem um peso superior, explica o INE, sublinhando ainda que a variação do IHPC em maio é superior à estimativa do Eurostat para a média da Zona Euro em 1,2 pontos percentuais.
"A dúvida é saber se isto é mesmo 3,1%, que é uma subida, que não esperávamos, ou o número de partida estava baixo demais porque coincidiu com o momento em que se aplicou o ‘IVA zero’ que depois deixou de existir.”
No dia 31 de maio, após conhecer a estimativa rápida da inflação pelo INE, e depois de o Eurostat ter estimado que a inflação na Zona Euro acelerou para 2,6% nesse mês, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, considerou ser uma “má notícia”, embora tenha mostrado cautela na análise à leitura dos dados em Portugal.
“A menos boa notícia, para não dizer má notícia, é a da inflação. É uma má notícia, embora tenhamos de a ver com cuidado. A má notícia é que a média europeia sobe, mas fica abaixo daquilo que subiu o custo de vida aos portugueses, agora já reportado a maio”, afirmou o Chefe de Estado, citado pela agência Lusa.
Marcelo Rebelo de Sousa foi mais além: “Porque é que eu admito que ainda valha a pena esperar, mas ver com atenção, daqui por um mês? É que, precisamente há um ano, em maio de 2023, o Governo de então aplicou a medida do ‘IVA zero’ e essa medida deu, naquela altura, instantaneamente, uma inflação negativa. Portanto, a dúvida é saber se isto é mesmo 3,1%, que é uma subida, que não esperávamos, ou o número de partida estava baixo demais porque coincidiu com o momento em que se aplicou o ‘IVA zero’ que depois deixou de existir.”
(Notícia atualizada pela última vez às 11h31)
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