BRANDS' CAPITAL VERDE “Faz sentido as empresas terem uma área de sustentabilidade”

  • BRAND'S CAPITAL VERDE
  • 18 Junho 2024

Filipa Pantaleão, Secretária-Geral do BCSD Portugal, explicou, em entrevista ao ECO, o que se pode esperar da Conferência BCSD Portugal 2024, que acontece no dia 3 de julho, na Cordoaria Nacional.

A Conferência BCSD Portugal 2024, que acontecerá na Cordoaria Nacional, em Lisboa, no próximo dia 3 de julho, é um evento organizado pelo BCSD Portugal que tem como tema “Empresas com futuro: Como navegar para uma economia sustentável e justa?”.

São vários os líderes empresariais e especialistas de diversos setores que vão marcar presença nesta iniciativa, que pretende discutir a relação entre os drivers de sustentabilidade internos e externos e a economia regenerativa, perceber como podem as empresas que apostam na diversidade contribuir para uma economia competitiva, quais os desafios iminentes para as empresas e para o planeta e como desbloquear o financiamento e o poder das alianças para alcançar os objetivos.

Em entrevista ao ECO, Filipa Pantaleão, Secretária-Geral do BCSD Portugal, revela alguns dos detalhes do que irá acontecer na conferência, bem como alguns dos nomes que marcaram presença nos debates.

O que podemos esperar do dia 3 de julho?

Podemos esperar um grande evento, que vai reunir ideias para serem trabalhadas na área da sustentabilidade, no futuro. Nós queremos que este seja o momento alto do ano, muito focado naquilo que são os temas que importam, como o reporting, os ratings, os principais frameworks, a compliance, mas pensando no futuro. Portanto, trazemos sempre um conceito mais disruptivo.

E quem vamos ter nesta conferência?

Tentamos sempre dividir o evento em duas partes uma com oradores internacionais, que nos vêm falar das novas tendências em termos de sustentabilidade, e outra com um lado mais prático, onde convidamos os CEO e uma série de especialistas portugueses que trabalham estes temas com muita profundidade.

Trazemos o John Elkington, conhecido como um dos pais da sustentabilidade, que nos trouxe o conceito do triple bottom line, que junta não só a componente ambiental, mas a social, a económica e a de governança, e que, apesar de ter pensado neste conceito na década de 90, continua muito atual.

Temos também o John Fullerton, que também foi autor de um framework muito conhecido, que é o da economia regenerativa. Já para o tema da diversidade, equidade e inclusão, trazemos a Sara Sanford, fundadora da iniciativa do Gender Equity Now. Ainda dentro deste tema, temos também a Ursula Woodburn, do Cambridge Institute for Sustainability Leadership, e António Baldaque da Silva, do Center for Sustainable Finance e, ainda, para trazer uma perspetiva europeia, João Fonseca Santos, Head do Banco Europeu do Investimento.

Qual a importância dos temas do financiamento, das alianças e da diversidade na jornada para a sustentabilidade?

São muito importantes. O financiamento é importante porque precisamos de dirigir o dinheiro para os investimentos certos, que permitam a transição ou a implementação dos negócios de uma forma mais responsável, e esta é uma preocupação das empresas.

Depois também temos o tema da diversidade, que tem sido um assunto muito trabalhado no BCSD desde o ano passado. Nesse sentido, vamos fazer uma grande iniciativa, no próximo ano, relacionada com a igualdade de género, porque esta temática tem-nos mostrado que a criatividade, o pensamento crítico e a diversidade de opiniões vai-nos trazer um negócio feito de uma forma mais sustentável, mais diversificada e mais responsável.

Por fim, o tema as alianças também é importante porque trabalhamos muito em termos de parcerias estratégicas com os nossos associados, mas também queremos dinamizar mais este relacionamento porque é mais fácil conseguir ter um impacto coletivo do que individual. Por isso, queremos trabalhar com vários atores, chamando não só as nossas empresas, mas também o governo e outras associações, e assim ter a certeza de que conseguimos amplificar a escala da sustentabilidade com as nossas iniciativas.

Neste caminho que tem sido feito, já sente a evolução nas empresas?

Nós temos uma ferramenta, que é a Jornada 2030, que analisa a maturidade das empresas. A última análise que foi feita avaliou 80 empresas, das quais dois terços ainda estão numa fase muito inicial da jornada. Ou seja, estão na fase de conhecer e de começar a construir a sua linha estratégica de sustentabilidade. Mas nestes dois terços estamos a falar de micro e pequenas empresas, que também nos procuraram e têm pedido a ajuda do BCSD precisamente por estarem agora a começar a jornada. Portanto, eu diria que aqui também temos duas realidades, que são as empresas grandes, por um lado, e as empresas de uma dimensão menor, por outro, que estão em fases diferentes de desenvolvimento.

E é aí que entra a necessidade de ter uma pessoa, dentro da própria organização, destacada para o tema?

Sim. Eu acho que a responsabilidade para a sustentabilidade tem de estar associada a cada uma das funções, ou seja, de todas as pessoas que trabalham na organização. Mas realmente faz sentido as empresas terem uma área de sustentabilidade, que é onde vai estar toda a especialização do conhecimento e a parte mais prática, nomeadamente o apoio à gestão de topo naquilo que é a estratégia da empresa para a sustentabilidade.

Acha que, hoje, as lideranças estão sensíveis para o tema da sustentabilidade?

Sem dúvida. Já não acho que seja possível não estarem. Nós temos esse parâmetro no início da Jornada, na qual o primeiro nível é a gestão de topo ter compromisso e assumir esta liderança. Mas, tirando isso, depois é preciso alguém que faça o reporting, a gestão de riscos, e que seja o veículo de disseminação do conhecimento por todas as áreas da empresa. Eu diria que há uma responsabilidade individual, mas também no macro, onde a gestão de topo assume uma responsabilidade primordial de desenvolver a estratégia para a implementar.

O BCSD tem esse papel junto das lideranças de topo?

Temos. Nós trabalhamos com vários níveis dentro da organização e vamos querer trabalhar de forma ainda mais aprofundada. Temos eventos dedicados só à gestão de topo, como o jantar dos presidentes, do qual trazemos o conhecimento dado de forma muito rápida. Também vamos ter uma iniciativa, a lançar na conferência, dirigida aos Chief Sustainability Officers, e depois vamos trabalhando toda uma série de iniciativas, ou com os responsáveis de sustentabilidade, ou com as responsáveis de recursos humanos, ou de comunicação, conforme as temáticas.

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