“Há muito mais dinheiro do que bons projetos” para a transição energética, alerta CEO da Galp

Financiamento não é um obstáculo para a implementação de projetos de transição energética, desde que haja qualidade, defende Filipe Silva. Negociação de incentivos para refinaria de lítio prosseguem.

O CEO da Galp, Filipe Silva, afirma que “há muito mais dinheiro do que bons projetos” para a transição energética. No que diz respeito aos projetos mais verdes da empresa em Portugal, desde o combustível sustentável até às baterias de lítio, há “centenas de milhões de euros” disponíveis, indica. Apesar de a empresa se ter retirado da corrida nas agendas mobilizadoras para a criação de uma cadeia de valor de baterias de lítio, prosseguem as negociações para obter incentivos para a construção da refinaria.

“Há muito mais dinheiro do que bons projetos” no que diz respeito à transição energética em Portugal, afirmou o CEO da Galp. Os projetos de baterias de lítio, de produção de combustível sustentável e também de hidrogénio verde, que a empresa tem na calha, têm ao seu alcance “centenas de milhões de euros”, indicou o responsável.

Filipe Silva fez estas declarações no âmbito da Conferência Portugal Capital Markets, organizada pela Euronext e que decorreu esta sexta-feira no Centro de Congressos de Lisboa.

Depois de ter abandonado a liderança do consórcio que, no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), procurava criar uma cadeia de valor de baterias de lítio em Portugal, o CEO garantiu que o financiamento da refinaria de lítio não é um problema nesta fase.

Além dos fundos da própria Galp, “há imenso dinheiro de entidades multilaterais — e depois há os incentivos que estão a ser negociados com o Governo e com Europa”, indicou, sem adiantar valores. “Como é muito mais caro um projeto destes na Europa do que na China, a Europa tem de dar incentivos para competitividade ser parecida”, entende.

Não parecendo ser o financiamento um entrave ao avanço do projeto, o gestor põe o ónus noutro fator decisivo. “Este projeto depende de haver mina [de lítio] em Portugal“, disse ainda. A Galp tem o final do ano como data indicativa para tomar uma decisão final relativamente ao investimento neste projeto.

Já o chairman da EDP, António Lobo Xavier, afirmou na mesma conferência que “não podemos dizer que temos um ambiente favorável para investimentos”, com “impostos especiais a todo o momento” e taxas de imposto efetivas elevadas para as grandes empresas, numa referência ao panorama português.

Pedro Norton, CEO da Finerge também contribuiu para a discussão e sublinhou que, no mercado de eletricidade, os preços próximos de zero estão a tornar-se um problema. Embora estes preços possam parecer “boas notícias para os consumidores, e são, no curto-prazo, representam também um problema estrutural”, alertou. Isto porque, com os custos de capital a aumentarem, torna-se mais desafiante continuar a financiar nova capacidade renovável. “Temos de criar os incentivos certos para continuar a instalar capacidade”, rematou.

Além destas questões, também sobraram críticas no que diz respeito à regulação europeia. Lobo Xavier assinalou que, na Europa, a regulação pesa sobre as empresas muito antes de serem disponibilizados os incentivos. Como bom exemplo, fala dos Estados Unidos, e afere que “a Europa poderia olhar para esses instrumentos sofisticados” de apoio e acelerar.

A Europa está a diminuir a sua competitividade, está a tornar-se pior e pior”, concordou Filipe Silva. Deu o exemplo de um projeto solar da Galp no Alentejo, que demorou oito anos “desde o primeiro papel até ao primeiro eletrão”, isto é, até estar a produzir energia. Pedro Norton acusa que, “num contexto de transição energética, não faz sentido nenhum” os tempos prolongados exigidos pelo licenciamento.

(Artigo atualizado com mais informação às 12h57)

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