Redução do IRS este ano viola a lei-travão, diz Leitão Amaro

Ministerios e Secretarias de Estado vão passar para o edifício da Caixa Geral de Depósitos. Edfícios poderão ser usados para habitação.

“Quem viabilizar o Orçamento do Estado não está a responsabilizar-se pelo resultado da governação, mas quem o chumbar será responsável por impedir a governação e o Programa de Governo que viabilizou”. As palavras são do ministro da Presidência, António Leitão Amaro, em entrevista à Antena 1 e ao Jornal de Negócios.

O ministro não adianta se é intenção do Governo aferir da constitucionalidade do diploma das taxas do IRS aprovado na Assembleia da República se o Presidente da República não enviar o diploma para o Tribunal Constitucional, mas, adianta, que o líder do PS, ao dizer que será uma birra do Governo não publicar as tabelas de retenção, está a assumir que o Parlamento aprovou uma redução de impostos, de receitas no ano em curso “e isso é diferente do que diz a lei travão”.

O ministro da Presidência revela que a reforma da Administração Pública também vai chegar às lojas de cidadão e aos espaços do cidadão e que todos os funcionários públicos implicados na reforma serão colocados, e não integrarão uma bolsa para requalificação. Adianta que, no final do verão, já será possível saber qual o edificado do Estado que vai ser libertado para habitação a custos controlados. Adianta que todos os ministérios, exceto o da Defesa e o dos Negócios Estrangeiros, irão mudar de instalações. Já em relação à chefia da Secretaria Geral revela que a escolha será política e da responsabilidade do Primeiro-Ministro.

António Leitão Amaro, acrescenta que, no setor empresarial do Estado, a reforma será para ganhar transparência e não se compromete com fusões ou extinções. Já em relação aos institutos públicos revela que alguns poderão voltar para a Administração direta do Estado.

Em relação à Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA), admite que em menos de um mês a estrutura de missão vai estar a funcionar e assegura que as regras de acesso para os cidadãos da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) não mudam e que aqueles que estão já em Portugal, sem esse visto, terão um canal específico para a legalização.

Sobre o funcionamento da AIMA e os atrasos dos 400 mil processos pendentes, o ministro da Presidência antecipa que, em menos de um mês, será possível ter a estrutura de missão em funcionamento. Leitão Amaro reitera que o Governo não é anti-imigração e que o que pretende é que haja regras.

Em concreto, relativamente ao visto dos países CPLP, o ministro garante que as regras não vão ser mudadas: as entradas continuam a fazer-se com as mesmas regras, os brasileiros continuam a não precisar de visto e os cidadãos da CPLP, que fizeram manifestação de interesse, terão de sair do país para regularizar a sua situação e vão ter uma via especifica parar tratar dos seus processos, o mais breve possível, assim que seja feito um ajustamento informático necessário.

Relativamente ao edificado do Estado, que começa a ser libertado com a passagem, já esta segunda-feira, de parte dos ministérios para o Campus XXI, o ministro da Presidência acrescenta que no final do verão será apresentado um pacote que vai permitir identificar o destino a dar aos edifícios e quais poderão ser usados para habitação a preços controlados.

Deixa também ficar a garantia de que os Ministérios da Defesa e dos Negócios Estrangeiros não vão sair, permanecem nos locais onde se encontram.

António Leitão Amaro, Vice-Presidente do PSD, em entrevista ao ECO - 11ABR23
António Leitão Amaro, Vice-Presidente do PSD, em entrevista ao ECOHugo Amaral/ECO

Já em relação aos trabalhadores que vão estar implicados na mudança, Leitão Amaro assegura que ninguém vai ser despedido, nem colocado numa bolsa de requalificação. Será feito um plano de mudança que começa em novembro e termina em janeiro de 2026 e todos saberão onde serão colocados. Leitão Amaro garante que para certos serviços até será necessário contratar mais pessoas.

Nesta entrevista, e no âmbito da reforma, o ministro revela também que o Secretário Geral, que vai absorver oito das anteriores Secretarias Gerais, será nomeado pelo primeiro-ministro e é a ele que vai responder. Leitão Amaro adianta que será uma nomeação política, face à responsabilidade política que o cargo assume. Já quanto aos institutos públicos, Leitão Amaro revela que podem existir institutos a regressar para a Administração Direta do Estado. Considera que houve um movimento discricionário e que muitas estruturas só passaram para a administração indireta por uma questão de compensação financeira, mas, agora, com a reforma da Administração Pública, os critérios serão reponderados e a lógica será invertida.

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Governo vai aprovar “pacotão” com 60 medidas para relançar economia

Marques Mendes avançou este sábado que o ministro da Economia, Pedro Reis, vai anunciar na próxima semana, após a reunião do Conselho de Ministros, um pacote de 60 medidas para relançar a economia.

O comentador Luís Marques Mendes avançou este sábado que o ministro da Economia, Pedro Reis, vai anunciar na próxima semana, após a reunião do Conselho de Ministros, um pacote de 60 medidas para relançar a economia portuguesa.

No seu comentário semanal na Sic Notícias, Marques Mendes disse que este pacote abrange as áreas da inovação, da sustentabilidade, a promoção de empresas com maior escala e ainda a intervenção no comércio e no turismo. “Será uma espécie de pacotão”, afirmou o comentador e antigo líder do PSD, antecipando que é um tema que irá gerar “muita atenção” na próxima semana.

Na última terça-feira, na conferência “BIAL 100 Years — Shaping the Future” , realizada na Fundação Serralves, no Porto, o ministro da Economia defendeu que “é possível relançar o crescimento económico da economia portuguesa e é possível mudar o jogo em poucos anos”. O ministro da Economia disse na altura que “não vale a pena complicar a equação do crescimento económico” e que Portugal precisa de mais internacionalização, mais inovação, mais captação de talento, mais investimento externo e mais capital. E acrescentou, citado pela Agência Lusa, que “com isso, vem mais escala e com a escala vem o sucesso das empresas e com o sucesso das empresas vem um crescimento equilibrado e sustentável e, assim, construímos um país equilibrado”.

Pedro Reis defendeu que Portugal precisa de capital sendo, por isso, o investimento externo bem-vindo.”Tenhamos a humildade de perceber que precisamos e que é bem-vindo o investimento externo e que o crescimento económico passa pelo setor privado”, salientou, dizendo que o capital “está muito a olhar para Portugal”.

O ministro da Economia entende, por isso, que “não vale a pena complicar a equação do crescimento económico” e que Portugal precisa de mais internacionalização, mais inovação, mais captação de talento, mais investimento externo e mais capital. E acrescentou: “E, com isso, vem mais escala e com a escala vem o sucesso das empresas e com o sucesso das empresas vem um crescimento equilibrado e sustentável e, assim, construímos um país equilibrado”.

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Reestruturações da dívida estão a melhorar mas têm de ser mais rápidas, diz FMI

  • Lusa
  • 30 Junho 2024

FMI diz que os processos de reestruturação da dívida pública nos países em dificuldades têm sido mais rápidos, mas apontou que é preciso acelerar os mecanismos de ajuda.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) considerou que os processos de reestruturação da dívida pública nos países em dificuldades têm sido mais rápidos, mas apontou que é preciso acelerar os mecanismos de ajuda.

“Quando os países caem em incumprimento financeiro [default, no original em inglês], a reestruturação é crítica para conter os danos, a reestruturação deve ser tão rápida quanto possível, porque os atrasos aprofundam os problemas, tornando o ajustamento mais difícil e aumentando os custos quer para os credores, quer para os devedores“, lê-se num blogue do FMI sobre o processo de reestruturação da dívida pública dos países mais endividados.

“Apesar de alguns processos de reestruturação da dívida soberana terem enfrentado atrasos significativos, estamos a trabalhar com os nossos parceiros para acelerar o processo, e o progresso que conseguimos até agora mostra que o mundo pode trabalhar em conjunto para reduzir os riscos”, acrescenta-se no artigo, assinado pela diretora do departamento de Estratégias, Políticas e Revisão, Ceyla Pazarbasioglu.

A economia global, considerou a economista, “evitou o que podia ter sido uma crise sistémica da dívida durante a turbulência dos últimos anos, mas as vulnerabilidades continuam significativas num contexto de elevados custos do serviço da dívida“, nomeadamente entre os países em desenvolvimento, 15% dos quais têm taxas de juro consideradas insustentáveis, e entre os países de baixo rendimento, que vão precisar de refinanciar cerca de 60 mil milhões de dólares, cerca de 56 mil milhões de euros, nos próximos dois anos, o equivalente ao triplo das necessidades durante a década passada.

“Cerca de 15% dos países de baixo rendimento estão em situação de sobre-endividamento [‘debt distress’, no original em inglês] e outros 40% estão em elevado risco de estar nesta situação”, escreve Ceyla Pazarbasioglu.

No artigo, a diretora do departamento que tem a tarefa de fazer a ligação entre o FMI e várias instituições internacionais, como o G20, refere que apesar das dificuldades, os processos de reestruturação da dívida, cujo modelo mais recente é o do Enquadramento Comum e a Mesa-Redonda sobre da Dívida, estão a melhorar a situação.

“Estão a aparecer resultados, reduzindo o tempo entre um acordo ao nível técnico com o FMI, que é um passo crítico para um programa do FMI, até à entrega de garantias financeiras por parte dos credores oficiais, necessárias para a aprovação do programa” por parte do Fundo, o que significa que “é possível acelerar para dar a muito necessária assistência financeira ao país”.

A título de exemplo, Pazarbasioglu aponta o Gana, cujo acordo este ano demorou cinco meses, mais ou menos metade do que demorou o Chade, em 2021, e a Zâmbia, em 2022, “e as conversações com a Etiópia deverão ser mais rápidas, à volta de dois ou três meses”.

Os melhoramentos resultam da entrada em cena de credores não tradicionais, como a China, Índia ou Arábia Saudita, porque “familiarizarem-se com o processo ajudou as partes a saberem o que esperar, construir confiança, e permitiu aos credores resolver o que antes eram considerados obstáculos inultrapassáveis”.

Em abril, o FMI anunciou que agilizou o processo de aprovação de programas financeiros para permitir um desembolso mais rápido e uma intervenção nos casos em que há problemas de coordenação entre os credores, além de um novo procedimento que dispensa as cartas oficiais e avalia apenas a existência de um “processo oficial credível com os credores”, salientou a responsável.

O Fundo prevê ainda este ano apresentar mais propostas que clarificam o processo, incluindo a revisão dos parâmetros sobre a análise da sustentabilidade da dívida para os países de baixo rendimento, que é feita em conjunto com o Banco Mundial e determina se os países podem ou não receber financiamento, conclui.

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Prazo para contribuintes entregarem o IRS termina este domingo

  • Lusa
  • 30 Junho 2024

Para quem tem IRS automático e ainda não o 'validou', este é considerado entregue a partir desta data.

O prazo para os contribuintes entregarem a declaração do IRS relativa aos rendimentos de 2023 termina este domingo, sendo que para quem tem IRS automático e ainda não o ‘validou’, este é considerado entregue a partir desta data.

Os dados estatísticos do Portal das Finanças mostram que, até ao final desta semana, tinham sido submetidas quase seis milhões de declarações (5.974.980) entre 3.728.483 de pessoas que no ano passado tiverem apenas rendimentos de trabalho dependente e de pensões e 2.246.497 de contribuintes com outras categorias de rendimentos.

A data limite para a entrega do IRS está fixada no dia 30 de junho não avançando para o dia útil seguinte quando o prazo coincide com um dia de feriado ou fim de semana, como acontece com algumas obrigações declarativas de outros impostos.

Esta data é relevante para quem não está abrangido pelo IRS automático, situação em que o contribuinte tem de preencher e submeter a sua declaração através do Portal nas Finanças.

Já quem beneficia do IRS automático ficará com a situação regularizada mesmo que não vá ao portal validar a declaração porque esta é considerada entregue no último dia do prazo.

De acordo com a legislação em vigor, a AT tem até 31 de julho para proceder à liquidação das declarações entregues – embora a maior parte já esteja liquidada – tendo o reembolso de ser feito até 31 de agosto.

Para quem tem imposto a pagar (porque as retenções na fonte que efetuou em 2022 não foram suficientes ou porque tem rendimentos não sujeitos a retenção), o prazo limite para efetuar este pagamento é também 31 de agosto.

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Défice e dívida elevados põem França no caminho de ser o “enfant terrible” da União Europeia

  • Joana Abrantes Gomes
  • 30 Junho 2024

Com a dívida pública e o défice acima dos limites das regras europeias, o futuro governo francês terá de focar-se em reduzir as despesas do Estado. Mas, sem maioria, país arrisca não ter orçamento.

Da lista de dezenas de países que iam a votos em 2024 não constava a eleição deste domingo e a segunda volta agendada para daqui a exatamente uma semana em França. No rescaldo da vitória da extrema-direita de Marine Le Pen (31,37%) nas europeias de 9 de junho em França, por mais do dobro da votação obtida pelo partido de Emmanuel Macron (14,60%), o Presidente francês decidiu antecipar umas legislativas que só deveriam acontecer daqui a três anos. “Não posso fingir que nada aconteceu”, justificou então aquele que chegou ao Palácio do Eliseu em 2017 com o objetivo de reforçar o centro político e enfraquecer os extremos.

Porém, se Macron achava que o crescimento do União Nacional (Rassemblement National – RN, em francês) só daria frutos nas eleições para o Parlamento Europeu, as sondagens para as legislativas antecipadas apontam para uma nova maioria de deputados do partido de extrema-direita, mas agora na Assembleia Nacional, relegando o Ensemble — a coligação que inclui o partido do Chefe de Estado francês — para o terceiro lugar, atrás da aliança de esquerda Nova Frente Popular (NFP).

As consequências da convocação de eleições antecipadas estendem-se à economia. Na Bolsa de Valores de Paris, o seu principal índice, o CAC 40, desvalorizou ao ponto de anular a maioria dos ganhos acumulados este ano e tocar mínimos de cinco meses, penalizando, sobretudo, as cotadas do setor da banca, das infraestruturas e da energia. Já o spread das obrigações francesas a 10 anos face à Alemanha atingiu 82 pontos de base na semana seguinte ao anúncio de Macron, o nível mais alto desde fevereiro de 2017.

Evolução do diferencial das obrigações francesas a 10 anos face à Alemanha desde 2012

Fonte: Reuters

A incerteza sobre os resultados eleitorais pode vir a castigar ainda mais as ações francesas e o spread da dívida soberana do país. Uma vitória da extrema-direita, da coligação de esquerda ou mesmo um cenário de ingovernabilidade: qualquer uma destas hipóteses “pode corresponder a um maior incremento do défice do Estado e do respetivo endividamento”, assinala João Queiroz, Head of Trading do Banco Carregosa, em declarações ao ECO, chamando a atenção para as implicações negativas que tal teria na evolução esperada do ritmo de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB).

Em 2023, o défice francês fixou-se em 5,5% do PIB, enquanto a dívida pública do país atingiu os 110,6% do PIB. Estes números fizeram soar os alarmes em Bruxelas, com a Comissão Europeia a colocar a França sob um procedimento de défice público excessivo, na sequência da adoção das novas regras orçamentais comunitárias, que estiveram suspensas devido à crise provocada pela pandemia de Covid-19.

Caso não cumpra com o défice orçamental de até 3% e o rácio da dívida pública abaixo de 60% do PIB, mediante o cumprimento de ajustamentos anuais que terá de negociar com o Executivo comunitário, Paris arrisca-se a pagar uma multa de 0,1% do PIB, o que equivale a cerca de 2,5 mil milhões de euros, segundo Antoine Andreani, da XTB França.

A sanção nunca foi aplicada a nenhum Estado-membro, mas a decisão de Bruxelas, anunciada no passado dia 19 de junho, em plena campanha eleitoral, é entendida pelo analista da XTB França como um aviso de que o momento atual não é favorável a um aumento da despesa pública, devendo o foco do futuro governo ser a redução da dívida.

O alerta visa, sobretudo, a extrema-direita e a aliança entre o Partido Socialista, o Partido Comunista, o França Insubmissa e o Partido Ecologista. No caso de uma vitória do União Nacional — o cenário tido como mais provável tendo em conta as sondagens –, os investidores temem mudanças drásticas na política económica e fiscal, o que, segundo João Queiroz, poderia conduzir à fuga de capitais e ao aumento dos custos de financiamento para a França.

A possibilidade de políticas orçamentais expansionistas sob uma coligação de esquerda ou extrema-direita eleva as preocupações sobre a sustentabilidade das finanças de França, o que resultará numa degradação do rating ou da notação de risco de crédito e num aumento adicional nos prémios cristalizados nos spreads de dívida.

João Queiroz

Head of Trading do Banco Carregosa

Se — mais improvável — vencer o NFP, a “implementação de políticas económicas expansivas, possivelmente resultando em maiores gastos públicos e défices orçamentais, iriam gerar desequilíbrios orçamentais relevantes” e “adicionar ainda mais pressão sobre as obrigações soberanas e das empresas francesas”, prevê o responsável do Banco Carregosa.

João Queiroz acrescenta que qualquer um dos cenários pode levar, posteriormente, a um “aumento adicional nos prémios cristalizados nos spreads de dívida”, bem como a uma descida do rating e da notação de risco de crédito — embora a S&P, no início de junho, e a Fitch, em 2023, já tenham reduzido o rating da dívida francesa para “AA-“, com perspetiva estável, enquanto a Moody’s já assinalou poder seguir o mesmo caminho.

Por outro lado, o analista Antoine Andreani lembra que “o Banco Central Europeu indicou que não recorrerá ao quantitative easing em caso de perturbação no mercado obrigacionista francês”, pelo que “o próximo governo terá de evitar aumentar o prémio de risco exigido pelos credores para a dívida francesa durante os futuros leilões”.

Mas a confiança dos investidores pode sair igualmente prejudicada perante uma Assembleia Nacional fragmentada e sem uma maioria clara de um partido ou uma coligação, pois deixaria a França num cenário de ingovernabilidade e paralisia legislativa, dificultando, por exemplo, a aprovação do orçamento do Estado e de reformas económicas.

Concretizando-se um destes cenários políticos, é de realçar também o maior potencial de depreciação do euro​. Com os investidores a exigir prémios de risco mais elevados, deteriorando ainda mais os custos de financiamento para o Estado francês, o economista do Banco Carregosa avisa que outros países europeus podem ser contaminados por este posicionamento de aversão ao risco, o que, por sua vez, afetaria a “perceção do valor do euro enquanto divisa”.

Com ou sem maioria parlamentar, Le Pen aponta a mira a 2027

Desde o anúncio das eleições antecipadas, todas as sondagens apontam à vitória do União Nacional. A mais recente, da OpinionWay, publicada pelo jornal Les Echos na sexta-feira, mostrava o partido de Le Pen e aliados (incluindo membros dos Republicanos, de centro-direita) com 37% das intenções de voto, seguindo-se o NFP (28%) e o Ensemble (20%).

Prever quantos deputados de cada partido vão garantir assento nos 577 lugares do Parlamento francês já é mais díficil, visto que a eleição é a duas voltas e espera-se um aumento da participação. Ainda assim, uma sondagem da Elabe para o canal BFM TV calcula que a extrema-direita eleja 260-295 membros, o que significa que existe a possibilidade de conseguir os 289 lugares necessários para formar um governo de maioria absoluta.

A provável vitória do União Nacional, por contraposição à queda do Ensemble para terceiro lugar e, simultaneamente, à cada vez menor popularidade do Presidente francês — abaixo dos 30%, segundo os estudos de opinião –, levantam uma questão: conseguirá Macron manter-se no Eliseu em coabitação com um governo da extrema-direita de Le Pen, que deseja suceder-lhe nas presidenciais de 2027?

Os últimos dias têm aberto as cortinas ao que pode vir aí. A líder do União Nacional quer ter uma palavra a dizer na nomeação do próximo comissário europeu francês e na área da Defesa, decisões tradicionalmente reservadas ao Presidente da República. “É prerrogativa do primeiro-ministro, não do Presidente, nomear o comissário francês”, disse Le Pen à rádio Europe 1. Macron, por seu lado, deverá apontar para a continuidade de Thierry Breton no Executivo comunitário.

No entanto, não é claro se Jordan Bardella, eurodeputado reeleito este mês e apontado ao cargo de primeiro-ministro caso o União Nacional vença as legislativas antecipadas, irá aceitar formar governo. Embora garanta que o partido “está pronto para governar”, disse que não seria “um assistente do Presidente” e que só governaria com uma maioria parlamentar — com um governo minoritário, corre o risco de os partidos da oposição se unirem para aprovarem uma moção de censura e, assim, provocar a queda do executivo.

À procura de tranquilizar e dar confiança aos mercados financeiros e às empresas, o jovem de 28 anos tem vindo a amenizar o programa económico despesista do partido e prometeu, caso chegue ao poder, realizar uma auditoria às contas públicas antes de decidir as prioridades orçamentais. Ainda assim, algumas propostas continuam sem ser acompanhadas de uma previsão de custos, como a redução do imposto sobre o rendimento para menores de 30 anos para combater a “fuga de cérebros” e a revogação “em princípio” do aumento da idade de reforma dos 62 para 64 anos.

O aumento do poder de compra, reduzindo o IVA da energia — que, segundo ele, custaria 12 mil milhões de euros por ano –, seria a primeira medida do partido de extrema-direita, que quer também tributar os lucros inesperados do setor da energia e baixar a contribuição anual da França para o orçamento da União Europeia em 2 mil milhões de euros.

O que está em jogo é o futuro da nação… Ou há uma maioria clara, ou corremos o risco de uma crise de regime

Bruno Le Maire

Ministro das Finanças francês

Do lado da esquerda, apesar da surpreendente aliança formada nas poucas semanas após a convocação das eleições, os partidos continuam a ser propensos a desacordos, especialmente em questões de política externa como a guerra na Ucrânia e o conflito em Gaza, tornando improvável uma governação estável. Aliás, o NFP ainda não avançou um candidato a primeiro-ministro, com os socialistas a recusarem que seja o líder do França Insubmissa, Jean-Luc Mélenchon.

Um imposto sobre a riqueza, o aumento do salário mínimo para os 2.000 euros, subir o IRS sobre os mais ricos, tornar a escola pública totalmente gratuita e congelar os preços de alguns bens essenciais são apenas algumas das 150 propostas da Nova Frente Popular, que partilha com a União Nacional a revogação da reforma das pensões, mas tendo em vista repor a idade da reforma nos 60 anos.

“Ganhar mais e gastar menos” é o objetivo do Ensemble. O bloco pró-Macron, liderado pelo atual primeiro-ministro, Gabriel Attal, propõe medidas para aumentar o poder de compra, incluindo uma redução de 15% na fatura elétrica a partir do próximo inverno e uma redução do preço do material escolar através de compras em grupo. No que toca às receitas, Attal sugere um imposto sobre as recompras de ações para financiar um “fundo de renovação energética” destinado à classe média, o que permitiria renovar mais 300.000 habitações até 2027.

Sem Macron poder convocar novas eleições parlamentares nos 12 meses seguintes à segunda volta, agendada para 7 de julho, e sendo muito improvável a nomeação de um governo tecnocrata, à semelhança do que já aconteceu na Itália, a França corre o risco de ter uma legislatura suspensa e o futuro governo ter de governar por decreto, caso não seja aprovado o orçamento. O ministro das Finanças, Bruno Le Maire, deixa o aviso: “O que está em jogo é o futuro da nação… Ou há uma maioria clara, ou corremos o risco de uma crise de regime”.

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#16 A arca de Nagelsmann e Itália prova chocolate suíço

O ECO estabeleceu uma parceria com o jornal desportivo online Bola na Rede, para o acompanhamento do Euro 2024. O jornalista Diogo Reis é Enviado Especial à Alemanha e escreve uma crónica diária.

Os oitavos-de-final já chegaram e vieram com estrondo. A verdade é que o nome pouco importa se não há futebol suficiente e a Itália desiludiu neste Euro 2024. Depois do que se viu na fase de grupos, percebia-se que não iam longe e bastou apanharem uma seleção mais organizada para serem eliminados. A Suíça mostrou mais qualidade, com Manuel Akanji muito bem defensivamente, Granit Xhaka a fazer um torneio incrível e nomes como Dan Ndoye e Ruben Vargas na frente. Mais tarde, a Alemanha também não teve tarefa fácil e passou literalmente por uma tempestade para conseguir alcançar o pote de ouro no final. Entraram muito fortes, mas Kasper Schmeichel ainda foi mais e a Dinamarca conseguiu depois equilibrar e criar várias oportunidades. Contudo, na segunda parte, a Alemanha passou de sofrer golo (anulado) para marcar de penálti em dois minutos e abriu caminho. Mau dia para Joachim Andersen, do céu ao Inferno.

Os 3 Cantos do Dia

Alemanha atinge marca e está a um golo de recorde

Após eliminarem a Dinamarca, a Alemanha chegou assim às 30 vitórias em Campeonatos da Europa, uma marca que nenhuma seleção tem. Em segundo lugar, vem a Espanha (24) e a Itália (22); Portugal tem de momento 21. No que toca a golos, a seleção de Julian Nagelsmann também pode entrar nos manuais, pois, se marcarem no próximo jogo dos quartos-de-final (Espanha ou Geórgia), quebram o seu recorde de mais golos numa só edição em Campeonatos de Europa. Jamal Musiala leva três golos e igualou Georges Mikautadze (Geórgia) na lista dos melhores marcadores do Euro 2024.

Eterno Manuel Neuer

Manuel Neuer, de 38 anos, converteu-se no jogador alemão com mais jogos (19) em Campeonatos da Europa, superando Sebastian Schweinsteiger (18). Não é dos que coloca o seu nome só para ter a nota, sem ter ajudado. Quanto foi chamado à ação, assumiu e bem. Do outro lado, vimos Kasper Schmeichel a fazer mais defesas (sete, sendo que cinco foram dentro de área), estando imperial sobretudo no início da partida. Aos 10 minutos, já levava quatro defesas.

Hat-trick pesado finalizado pela Itália

A Itália foi eliminada pela Suíça nos oitavos-de-final do Euro 2024 e isso significa também que é o terceiro Campeonato da Europa consecutivo em que o campeão do Europeu cai nesta fase. Aconteceu com a Espanha em 2016, depois Portugal em 2021 e agora Itália. Escalar a mesma montanha duas vezes de seguida não é fácil e vê-se muitas vezes atletas/seleções a subir ao topo e depois cair. Na história, apenas uma seleção conseguiu revalidar o título: Espanha em 2012, que, coincidentemente, foi a última vez em que a Itália sofreu dois golos num jogo de Europeu. Marca repetiu-se com a Suíça.

 

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Governo investe 1,7 milhões em sistema que torna bilhetes mais simples e sustentáveis

  • Lusa
  • 29 Junho 2024

O Ministério do Ambiente e Energia vai investir, através do Fundo Ambiental, 1,7 milhões de euros na criação e desenvolvimento de uma plataforma intitulada “1Bilhete.pt”.

O Ministério do Ambiente e Energia vai investir, através do Fundo Ambiental, 1,7 milhões de euros na criação e desenvolvimento de uma plataforma que, intitulada “1Bilhete.pt”, visa simplificar o sistema de bilhética dos transportes públicos.

Em comunicado, a tutela esclarece que a ministra do Ambiente e Energia, Maria da Graça Carvalho, deu luz verde ao investimento na plataforma “1Bilhete.pt”, que pretende aumentar a capacidade de atração para a mobilidade sustentável.

A plataforma de bilhética nacional visa a integração tarifária, assim como a interoperabilidade dos sistemas de bilhética.

Segundo o Ministério do Ambiente, a supervisão do desenvolvimento do sistema ficará a cargo do Instituto da Mobilidade e Transportes (IMT), que irá receber os 1,7 milhões de euros, provenientes do Fundo Ambiental, no âmbito do “Protocolo 1Bilhete.pt”.

Através do novo sistema será possível adquirir e validar títulos de transportes com qualquer cartão de transporte público ou aplicação móvel, não sendo necessária a compra de um novo cartão ou a instalação de outra aplicação no telemóvel, esclarece a tutela.

Será também possível criar títulos de viagem de transporte público de cobertura nacional e utilizar cartões bancários (físicos ou virtuais) para comprar ou validar os títulos de transporte.

Citada no comunicado, a ministra Maria da Graça Carvalho destaca que o sistema é “um avanço significativo” ao “prometer facilitar o acesso aos transportes públicos, fomentar o seu uso, melhorar a experiência do passageiro e contribuir para a sustentabilidade operacional”.

“Esta plataforma pode ser um incentivo ao uso do transporte público e até aumentar a eficiência das empresas de transporte público, que beneficiarão da centralização e da digitalização dos processos de emissão e verificação de bilhetes”, acrescenta.

A plataforma “1Bilhete.pt” já recebera um financiamento de um milhão de euros do Fundo Ambiental, refere a tutela. “É algo que está alinhado com as metas ambientais do Governo e com os esforços nacionais de combate às alterações climáticas”, refere.

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Montenegro e Costa reúnem-se segunda-feira após eleição para o Conselho Europeu

  • Lusa
  • 29 Junho 2024

O primeiro encontro de Montenegro com Costa após a eleição vai decorrer pelas 13:00 durante um almoço na residência oficial do primeiro-ministro em São Bento, em Lisboa.

O primeiro-ministro, Luís Montenegro, recebe na segunda-feira António Costa na residência oficial de S. Bento, após a eleição deste para a presidência do Conselho Europeu na quinta-feira à noite.

O primeiro encontro de Montenegro com Costa após a eleição vai decorrer pelas 13:00 durante um almoço na residência oficial do primeiro-ministro em São Bento, em Lisboa.

Esta será a primeira reunião entre Luís Montenegro e António Costa depois de os chefes de Estado e de Governo da União Europeia terem escolhido, na passada quinta-feira, o ex-primeiro-ministro socialista como presidente do Conselho Europeu para um mandato de dois anos e meio a partir de 01 dezembro de 2024.

António Costa é o primeiro português e o primeiro socialista à frente do Conselho Europeu.

Montenegro nunca escondeu o apoio a António Costa para aquele alto cargo europeu, desde que chegou ao Governo no início de abril, e Costa agradeceu ao atual primeiro-ministro logo após a eleição na quinta-feira passada.

Numa publicação na rede social X, Montenegro felicitou o ex-primeiro-ministro pela eleição para presidente do Conselho Europeu, afirmando esperar uma União Europeia (UE) “mais coesa e capaz de construir pontes”.

“O Conselho Europeu tem um novo presidente. Felicito António Costa em nome do Governo de Portugal”, escreveu o chefe de Governo numa publicação na rede social X.

“A Europa enfrenta grandes desafios e contaremos com todos para defender uma União Europeia mais coesa, capaz de construir pontes para que os Estados possam dar às pessoas as respostas de que elas precisam”, adiantou Luís Montenegro na mensagem.

Já o presidente do Conselho Europeu eleito, António Costa, adiantou na mesma rede social que assumirá o cargo com “enorme sentido de missão”, empenhado em promover a unidade entre os 27 Estados-membros e a Agenda Estratégica para os próximos cinco anos.

“É com um enorme sentido de missão que assumirei a responsabilidade de ser o próximo presidente do Conselho Europeu. Agradeço aos membros do Conselho Europeu pela confiança que em mim depositaram ao me elegerem, bem como ao Partido Socialista Europeu (PSE) e ao Governo de Portugal pelo seu apoio nesta decisão”, escreveu António Costa.

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EDP fecha acordo para venda de 191 MW em Itália com 400 ME de valor de mercado

  • Lusa
  • 29 Junho 2024

A EDP Renováveis (EDPR) fechou um acordo para a venda de um portfólio eólico de 191 megawatts (MW) em Itália, com 400 milhões de euros de valor de mercado.

A EDP Renováveis (EDPR) fechou um acordo para a venda de um portfólio eólico de 191 megawatts (MW) em Itália, com 400 milhões de euros de valor de mercado, foi este sábado comunicado ao mercado.

“A EDP Renováveis assinou um acordo de compra e venda com a PLT Rew 2 S.r.l., uma sociedade industrial italiana e uma subsidiária da PLT Energia, para a venda de uma participação de 100% de um portfólio eólico de 191 MW em Itália”, lê-se no comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM). O ‘enterprise value’ (valor de mercado) é de 400 milhões de euros.

Segundo a mesma nota, a operação inclui sete parques eólicos operacionais, localizados no Sul da Itália. Cinco destes projetos beneficiam de uma tarifa regulada e dois de um ‘power purchase agreement’. Este acordo insere-se num programa da EDPR de cerca de 6.000 milhões de euros para a rotação de ativos para 2024-2026.

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Sondagens dizem que extrema-direita pode ter maioria absoluta nas legislativas francesas

De acordo com as últimas sondagens, a extrema-direita de Jordan Bardella e Marine Le Pen poderá vir a obter a maioria absoluta. A dúvida reside na força política que seguirá na segunda-volta.

As últimas sondagens indicam que o Rassemblement National pode ter entre 260 e 295 lugares, sendo necessários 298 para atingir a maioria absoluta, na primeira volta das eleições legislativas francesas que se realizam no próximo domingo. Nova Frente Popular, coligação de esquerda, deverá ser a segunda força mais votada. Partido do presidente Macron ficará em terceiro.

De acordo com as últimas sondagens, a extrema-direita de Jordan Bardella e Marine Le Pen poderá vir a obter a maioria absoluta. As sondagens sugerem que o Rassemblement National (RN), reforçado pelo bloco de dissidentes liderados por Eric Ciotti dos Republicanos, poderá atingir os 36%, seguido da Nova Frente Popular, coligação de esquerda que envolve socialistas, comunistas ecologistas e o França Insubmissa, que pode chegar aos 29% no melhor cenário.

O partido liberal do presidente Emmanuel Macron surge em terceiro lugar, conseguindo entre 19,5 e 21% dos votos dos franceses. Os franceses estão entre uma possível maioria absoluta de extrema-direita ou a ausência de uma maioria clara, o que gera uma maior instabilidade política.

Para alcançar a maioria absoluta, os partidos precisam de ter, no mínimo, 289 lugares. O RN poderá ter entre 260 e 295 lugares, aparecendo depois a Nova Frente Popular, que alcança entre 155 e 175 assentos.

O partido do presidente Macron oscila entre os 85 e os 105 mandatos, enquanto a direita, concentrada nos Republicanos, deverá obter entre 30 a 40 lugares.

A extrema-direita tem vindo a alavancar a sua crescente popularidade com base no sentimento de insegurança dos franceses. As forças políticas estão profundamente polarizadas e poderá ser difícil encontrar qualquer forma de cooperação parlamentar. Os liberais do partido presidencial no poder parecem estar a apaziguar o tom do debate político.

“Também me propus a este objetivo. Que consigamos ter uma democracia, uma Assembleia Nacional – que seja talvez mais viva, menos brutal. Será bom, penso eu, para o debate público e para os franceses”, salientou Gabriel Attal, primeiro-ministro francês.

“Ele ou ela [o candidato a primeiro-ministro] será aquele que permitirá a união de toda a esquerda e dos ambientalistas. Porque precisamos, primeiro, de reunir esta maioria e, depois, de reunir os franceses”, destaca Olivier Faure, da Nova Frente Popular.

O presidente francês Emmanuel Macron, liberal, terá de liderar o país em coabitação com um primeiro-ministro de extrema-direita ou com alguém do centro-esquerda.

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“Precisamos de dar um salto e voltar a colocar Portugal no mundo”, diz responsável Google Cloud Portugal

  • Lusa
  • 29 Junho 2024

A responsável da Google Cloud Portugal diz que é preciso "dar um salto" e "voltar a colocar Portugal no mundo", e para isso é preciso ajudar a aumentar o nível das competências digitais.

A responsável da Google Cloud Portugal considera, em entrevista à Lusa, que é preciso “dar um salto” e “voltar a colocar Portugal no mundo”, e para isso é preciso ajudar a aumentar o nível das competências digitais.

Questionada sobre qual o papel que pretende que a Google Cloud tenha no mercado português para ajudar a economia, Sofia Marta destaca a necessidade de “uma concorrência saudável”.

“Acho que a Google vem desempenhar esse papel, queremos ser uma alternativa e queremos ser a escolha do cliente”, acrescenta.

Acima de tudo, “precisamos de dar um salto na nossa economia, voltar a colocar Portugal no mundo e, para isso, temos que ajudar a elevar aquilo que é o nível de competências digitais”, nomeadamente com o tema da inteligência artificial (IA).

“Temos feito um esforço e um foco muito grande nessa componente de formação”, prossegue, apontando parcerias nesse sentido com a APDC.

Isto porque “só aí é que conseguimos melhorar o tema da empregabilidade”, mas também nas camadas mais jovens, em que “o ensino tem que ser transformado, estamos aqui numa aproximação grande do mundo académico para conseguir trazer essas ferramentas para essa realidade”, aponta Sofia Marta.

“As grandes empresas estão a fazer o seu caminho e nós estamos lá para as ajudar”, mas “preocupa-me mais naquilo que é o nosso tecido empresarial, aquelas empresas que até há pouco tempo não conseguiam tirar partido da tecnologia”, diz a responsável.

Para Sofia Marta, as novas tecnologias, principalmente as que têm a ver com a inteligência artificial, tornam as coisas mais fáceis: “as pessoas já não precisam de ter qualificações técnicas que precisavam de ter antes para interagir com a tecnologia, é cada vez mais fácil”.

A responsável considera ainda que as pessoas não vão ser substituídas pela inteligência artificial (IA), mas “o que vai acontecer é que as pessoas que não usarem IA vão ser substituídas por aquelas que vão passar a usar”.

E que papel Portugal pode ter quando se fala de IA generativa? “Somos uma referência em Portugal e no mundo da quantidade de unicórnios que nascem em Portugal”, embora “infelizmente muitas vezes não tenham os seus ‘headquarters’ [sedes]” no país, começa por dizer.

“Somos uma referência e continuamos a ser, temos um enorme talento em Portugal. Com esta tecnologia e com o tema da generativa vamos conseguir dar voz a cada vez mais pessoas, mais empresas, mais empreendedores que podem abraçar o mercado em Portugal e no mundo”, defende.

Sofia Marta aponta que “90% dos unicórnios de GenAI [IA generativa] estão a utilizar a Google Cloud”, para evidenciar o papel da tecnológica neste âmbito.

“Vamos utilizar isto na nossa vida como o comum dos mortais e aconselho sempre – o mais importante é a curiosidade, como podemos usar” a inteligência artificial, sublinha.

Portugal pode ter um papel “muito relevante” na IA generativa, pelo que é a “oportunidade” de o país para dar o salto.

“Acho que não podemos desperdiçar essa oportunidade, não podemos estar aqui distraídos com manobras e com temas mais internos e de gestão do país, não podemos deixar este comboio passar ao nosso lado”, este é o momento de “dar um impulso na nossa economia”, insiste.

A Google Cloud faz parte do grupo Alphabet e agrega tudo o que são temas de infraestruturas, ferramentas de segurança, ferramentas de produtividade, gestão de dados, IA, entre outros.

O talento português, afirma, é “super importante” para a empresa, que continua a contratar em Portugal, remata a ‘country lead’ da Google Cloud Portugal.

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Documentos e vistos de estrangeiros com mais um ano de prazo de validade

  • Lusa
  • 29 Junho 2024

O alargamento deste prazo de validade acontece devido aos atrasos verificados na regularização da situação de milhares de pessoas.

O prazo dos documentos e vistos de cidadãos estrangeiros no país foi alargado pelo período de um ano em relação à sua validade, devido aos atrasos verificados na regularização da situação de milhares de pessoas.

O decreto-lei foi publicado na sexta-feira e também atribui novas competências à Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA), quanto às atribuições “no âmbito da captação e retenção de capital humano qualificado”, e contempla a reformulação do enquadramento do Observatório das Migrações.

No documento o Governo alude aos “atrasos verificados na Administração Pública na tramitação dos procedimentos de renovação e prorrogação de documentos relativos à permanência de cidadãos estrangeiros em território nacional” para justificar o alargamento dos prazos estabelecidos em 2020.

“Justificam que se prorrogue, pelo período de um ano, o prazo estabelecido no Decreto-Lei n.º 10-A/2020, de 13 de março, na sua redação atual, no que respeita à validade dos documentos e vistos, de modo a garantir um tempo suficiente de estabilização do funcionamento dos serviços públicos em matéria de migrações, que assegure uma resposta atempada aos pedidos que lhe são dirigidos”, é referido no documento.

De acordo com o decreto-lei publicado na sexta-feira, os documentos e vistos relativos à permanência em território nacional, cuja validade expire a partir da data de entrada em vigor desta alteração, este sábado, ou nos 15 dias imediatamente anteriores, são aceites, nos mesmos termos, até 30 de junho de 2025.

Essa documentação continua a ser aceite nos mesmos termos, após 30 de junho de 2025, “desde que o seu titular faça prova de que já procedeu ao agendamento da respetiva renovação”.

Quanto ao Observatório das Migrações, “é-lhe restituído o estatuto de órgão para informar política pública, dotando-o da capacidade necessária para garantir, na sua plenitude, os compromissos anuais de monitorização e reporte das tendências de migração e asilo e conferindo-lhe uma autonomia determinante, enquanto parte integrante daquele instituto público [AIMA], para o cumprimento da sua missão num contexto de crescente pressão migratória”.

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