Minalea dá arma para combater a guerra de preços dos seguros

A insurtech francesa usa hoje a Inteligência Artificial para dar os argumentos que os distribuidores de seguros precisam para conseguirem ultrapassar a barreira low-cost quando falam com clientes.

O cofundador da insurtech Minalea, Stéphane Favoretto, é adepto convicto de que nos seguros os preços não significam nada sem se juntarem os benefícios de uma apólice. “Notámos quando começámos que, devido à internet, a exposição dos preços é muito elevada, é possível saber preço em todo o lado” disse Favoretto em conversa exclusiva com ECOseguros, acrescentando que não se podem tomar decisões apenas com base no preço, também é preciso olhar para o que está no produto”. Assim, conclui, “para os clientes, o produto de seguros é uma caixa negra. Eles sabem quanto pagam, mas não sabem o que compram porque é demasiado complexo. Não é transparente”.

Stéphane Favaretto, co-fundador da Minalea, em entrevista ao ECO Seguros - 04JUL24
Stéphane Favaretto, cofundador da Minalea: “Queremos dar aos agentes algo que lhes permita passar do preço para o conteúdo do produto, sem isso, o cliente verá o produto de seguro como um custo e não como um serviço”.Hugo Amaral/ECO

Seguindo esta tese, os responsáveis da Minalea notaram que nas redes de distribuição, nos vendedores, nos agentes, no pessoal dos centros de atendimento, existem muitas ferramentas para calcular o preço, mas nada para lhes dar o seu discurso de vendas, nada para lhes dar os argumentos para, em poucos cliques, saberem o que devem ou não dizer a um determinado cliente.

Esta constatação juntou Stéphane Favoretto e Guy Leroy, profissionais com larga experiência nos seguros a lançar a Minalea, uma insurtech disposta a facilitar a vida aos distribuidores de seguros ao ajudá-los a criar o seu argumento de vendas e às divisões de marketing das seguradoras para terem o seu benchmark sobre os seus produtos e dos concorrentes e encontrarem soluções competitivas.

Prémio e experiências aceleram entrada em Portugal

A Inteligência Artificial foi logo um passo. “Recolhemos os dados e comparamos todos os concorrentes, todos os interessados no mercado”. Ou seja, carregando todas as condições gerais de todos os seguros à venda – e em França, em alguns casos, também as particulares – o software da Minalea torna a oferta de soluções de seguros mais transparente, analisando o perfil e as necessidades do cliente, identificando a oferta mais adequada e comparando-a com a oferta disponível no mercado.

Não comparamos o preço, não tocamos no preço, quando o cliente contacta o agente, sabe quanto paga”, sublinha Favoretto, “queremos dar aos agentes algo que lhes permita passar do preço para o conteúdo do produto, sem isso, o cliente verá o produto de seguro como um custo e não como um serviço”, diz. Segundo a Minalea, com alguns cliques, é gerada uma análise completa e são automaticamente ordenados os elementos importantes das ofertas de seguros selecionadas, por exemplo, os pontos fortes ou fracos mais relevantes, de acordo com o perfil do cliente a quem a oferta se destina.

O Zurich Innovation Championship, um dos mais relevantes concursos para insurtechs inovadoras a nível mundial, premiou a Minalea colocando-a no top 12 entre 3.500 concorrentes globais. Foi uma distinção importante para a insurtech francesa que nasceu em França há oito anos, e cinco anos depois decidiu ir para a Bélgica. Seguiu-se Itália e, continuando a expansão, optaram por privilegiar Portugal em relação a Espanha.Todos estes países são demasiadas distrações, a tração não era tão rápida em Espanha, é muito melhor em Portugal”.

A Mudum, seguradora Não Vida do Crédit Agricole Assurances, foi a porta de entrada em Portugal e a Minalea já está a trabalhar em pleno com o Novobanco, rede exclusiva de venda da seguradora. Os clientes em França são as TOP 30 dos seguros, todas querem os seus comerciais com possibilidade de compararem produtos através dos sistemas da Minalea. A Fidelidade em França também é cliente ao apostar nos seguros de proteção de crédito. Também a MetLife é também um cliente em França e na Bélgica.

Favoretto afirma que se estão a implantar na banca. “Todos os bancos estão a fazer seguros em França, a bancassurance mudou realmente o mercado. Em alguns produtos, como no seguro automóvel e no seguro de habitação para pessoas com mais de 20 anos, os bancos detêm quase 30% do mercado, têm produtos, mas são caros”. Por isso têm de ultrapassar o preço só por si, precisam de mostrar conteúdos dos produtos, e daí que a Minalea já conte como clientes como a Societe Generale, Crédit Agricole, o Crédit Lyonnais, o Crédit Mutuel e o Paribas.

Em Portugal a Minalea tem equipa local, um analista de negócios com conhecimentos sobre seguros. “A tecnologia, a inteligência artificial não é capaz, até à data, de compreender uma questão de contrato de seguro. Podemos tentar, mas se perguntarmos ao robô, à inteligência artificial ou ao ChatGPT, o que quer que seja, 50% das coisas estarão certas, mas 50% estarão completamente erradas apenas notando esses erros quem conhecer muito bem o produto”. Precisam de uma grande fiabilidade nos dados que fornecem, para isso precisam de uma pessoa para ler e, por vezes, a escrever um pouco, porque “os humanos são bons e continuam a ser muito bons a ler, a compreender e a escrever, usamo-los para isso”. Stéphane Favoretto conclui que a máquina , talvez um dia nos supere: “é super rápida”.

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