Ricciardi acusa ex-governador do BdP. Carlos Costa disse “que se lixem os lesados” do BES

  • ADVOCATUS e Lusa
  • 13:22

Na continuação da inquirição iniciada na quinta-feira no Juízo Central Criminal de Lisboa, Ricciardi começou a responder às perguntas dos assistentes no julgamento do processo BES/GES.

O ex-presidente do Banco Espírito Santo Investimento (BESI), José Maria Ricciardi, contou em tribunal que Ricardo Salgado lhe pediu para “ser solidário com a família” e com a “falsificação das contas” no Grupo Espírito Santo (GES).

Na continuação da inquirição iniciada na quinta-feira no Juízo Central Criminal de Lisboa, Ricciardi começou a responder às perguntas dos assistentes no julgamento do processo BES/GES, revelando um jantar que teve em casa do primo e antigo presidente do BES, em junho de 2014, no qual manifestou estranheza pela “simpatia exagerada” de Ricardo Salgado e da sua mulher, numa fase em já não tinham boas relações e praticamente não se falavam.

Ricciardi, na segunda sessão em que testemunha, acusou o ex-governador do Banco de Portugal (BdP) de ter dado ordens para retirar as provisões, o que impediu o pagamento aos lesados. “O Banco de Portugal e o Dr. Carlos Costa disseram: ‘vamos tomar a conta dos lesados, porque não é uma conta que afete o BES, que se lixem os lesados e vamos deslocar esse dinheiro para os créditos das contas que a gente fez mal no Banco Espírito Santo”.

“Percebi logo que alguma coisa se ia passar. Depois de jantar pediu-me para ir ao escritório dele e aí perguntou-me o que é que eu queria. E eu respondi que queria que o BESI pudesse ter mais capital para se desenvolver”, começou por explicar Ricciardi.

“Disse que ia fazer tudo para que o BESI pudesse ter mais capital. Mas disse que para isso era preciso que eu tivesse, por fim, alguma solidariedade com a família. E eu disse em quê, em relação à falsificação das contas? E ele respondeu que sim. Eu disse-lhe que não”.

José Maria Ricciardi criticou ainda as perguntas dos advogados relativas à teia que Ricardo Salgado terá montado para fazer circular dívida e o conhecimento do seu primo sobre isso. “Eu não estava nestas teias, nestas construções de sociedades”. “O dr. Salgado não falava comigo sobre estes aspetos, não comentava. Parece que estou a ser aqui julgado”.

Já sobre a sua intenção e credibilidade em denunciar o primo, Ricciardi disse que”não desejava nada de mal a Ricardo Salgado”. “Estou a contar o que sei sobre o que se passou. Eu ainda não sabia 5% do que se veio a saber e já estava a dizer ao Governador de Portugal que a governance do BES não era aceitável. As pessoas acreditavam em Ricardo Salgado. Ele tinha uma ascendência muito grande sobre os membros do Conselho Superior”, concluiu.

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