Marcelo apela a Amadeu Guerra para mudar o Ministério Público

"Que lidere o que deva ser liderado, pacifique o deva ser pacificado”, faça pedagogia e mostre “abertura aos reptos das mudanças indispensáveis”, diz Marcelo Rebelo ao novo PGR, Amadeu Guerra.

Marcelo Rebelo de Sousa apelou ao novo Procurador-Geral da República, Amadeu Guerra, para que esteja aberto “à reflexão e reponderação do que se possa ser, e sobretudo deva ser, reformulado” no Ministério Público, declarou.

“Que lidere o que deva ser liderado, pacifique o deva ser pacificado”, faça pedagogia e mostre “abertura aos reptos das mudanças indispensáveis”. Na cerimónia de tomada de posso do novo procurador-geral da República, Amadeu Guerra, Marcelo Rebelo de Sousa agradeceu-lhe ter aceitado “uma missão que não é impossível, mas que apela a predicados tão exigentes de formação, de cidadania e humanos, que só por si justificam mais do que uma expectativa especial, um reconhecimento particular”.

“Que possa ser coroada de êxitos a sua obra, liderando o que deva ser liderado, pacificando o que deva ser pacificado, agindo com particular atenção à corrupção e demais criminalidade económica e financeira, fazendo pedagogia – sem ceder nunca nos valores e princípios constitucionais e legais”, acrescentou.

Uma missão que não é impossível, mas que apela a predicados tão exigentes de formação, de cidadania e humanos, que só por si justificam mais do que uma expectativa especial, um reconhecimento particular. Que possa ser coroada de êxitos a sua obra, liderando o que deva ser liderado, pacificando o que deva ser pacificado, agindo com particular atenção à corrupção e demais criminalidade económica e financeira, fazendo pedagogia – sem ceder nunca nos valores e princípios constitucionais e legais”.

Marcelo Rebelo de Sousa

“Numa palavra: unidade, pacificação, rumo claro, abertura aos reptos das mudanças indispensáveis”, acrescentou o chefe do Estado, que instou Amadeu Guerra a assumir essa postura “não para satisfazer alguma ou algumas das várias visões do todo coletivo”, mas “apenas a pensar nesse todo, apenas a pensar em Portugal”.

O Chefe de Estado admitiu que este é um “contexto dificílimo” em que Amadeu Guerra toma posse. “E bem consonante com a abertura da Constituição quanto a quem pode ser proposto pelo PM e nomeado pelo PR”, disse, perante o primeiro-ministro, Luís Montenegro.

“O Ministério Público precisa e quer desenvolver o seu trabalho sem o alarde mediático e discussão pública da sua atividade em processos concretos. O Ministério Público ouve sempre as críticas justas e fundamentadas, aceitando-as quando contribuam para melhorar o seu desempenho, para alterar procedimentos e torná-los mais adequados para assegurar a celeridade e a eficiência”, disse o recém empossado Amadeu Guerra. Avisando : “o Procurador-Geral da República, após um período inicial de contacto com a realidade nos tribunais, está sempre disponível para prestar contas no Parlamento”. Amadeu Guerra tomou posse este sábado, no Palácio de Belém, como o novo Procurador-Geral da República.

Tocando desde logo na questão sensível e pela qual o MP é recorrentemente alvo de críticas, Amadeu Guerra avisou que “nos crimes de corrupção e crimes conexos, bem como na criminalidade económico financeira, é minha intenção acompanhar de perto, através dos Diretores dos DIAP Regionais e do DCIAP, as razões dos atrasos”.

O Ministério Público precisa e quer desenvolver o seu trabalho sem o alarde mediático e discussão pública da sua atividade em processos concretos. O Ministério Público ouve sempre as críticas justas e fundamentadas, aceitando-as quando contribuam para melhorar o seu desempenho, para alterar procedimentos e torná-los mais adequados para assegurar a celeridade e a eficiência”,

Amadeu Guerra, PGR

O Presidente da República agradeceu à procuradora-geral cessante, Lucília Gago, os seus seis anos de serviço, reconhecendo que foram “mais de agruras e incompreensões” do que de bonança, salientando que exerceu o cargo num “contexto nada propício”.

“Agradeço-lhe estes seis anos, fundamentalmente mais de agruras, incompreensões, sacrifícios, do que bonança, mar sereno ou bons ventos”, declarou Marcelo Rebelo, dirigindo-se a Lucília Gago, na cerimónia de tomada de posse do novo procurador-geral da República, Amadeu Guerra, que decorreu na Sala dos Embaixadores do Palácio de Belém, em Lisboa.

Num breve discurso, o chefe de Estado recordou que, há seis anos, Lucília Gago sucedeu a Joana Marques Vidal “em condições particularmente difíceis, nomeadamente um juízo coletivo muito crítico quanto ao tempo da Justiça, ainda mais crítico na justiça penal complexa, internacionalizada, envolvendo poderes políticos, administrativos, económicos e sociais”.

“Mais o confronto constante entre uma opinião pública e/ou publicada, cada vez mais exigente, e considerando cada omissão ou atraso sinal de proteção dos abusos e abusadores. E uma outra opinião pública e ou publicada cada vez mais queixosa e ou denunciante dos abusos da Justiça, tidos como perseguição às pessoas e, nelas, aos titulares de poderes políticos, administrativos, económicos e sociais”, disse.

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Pedro Nuno cola Montenegro e Ventura e diz que “um deles está a mentir”

Pedro Nuno Santos criticou este Orçamento do Estado dizendo que "este não é o Orçamento do PS!", dizendo que "é mau". E diz que o PS nunca colocaria os "jovens contra os pobres".

Pedro Nuno Santos diz que o que se tem passado nos últimos dias é “uma vergonha”, dizendo que “a direita portuguesa não é de confiança”, referindo-se à acusação de Montenegro a André Ventura ao “mentir” sobre um alegado acordo entre o Governo e o Chega relativamente ao Orçamento do Estado. O líder socialista falava em Vila Nova de Famalicão, nos Congressos Federativos Socialistas.

“Dois líderes partidários a acusarem-se na praça pública de mentira é vergonhoso. O PM tinha dito, na campanha e últimos meses, que não negociaria com o Chega”, disse o líder socialista Pedro Nuno Santos. “E todos nós acreditamos nisso, na firmeza do ‘não’ é ‘não’ do PM. Não sabemos quem mentimos, quem diz a verdade. Mas para dizer que não estava interessado num acordo bastaria uma reunião”. Montenegro e Ventura terão tido cinco reuniões e, por isso, Pedro Nuno Santos diz que “um deles está a mentir. A situação não é boa para ninguém e carece de clarificação para percebermos todos que a palavra do PM é para levar a sério. Não vamos dizer quem mente e quem não mente, não sabemos isso. Sabemos o óbvio: não era preciso mais do que uma reunião”.

“Independentemente do que vai acontecer, este não é nem nunca será o Orçamento do PS! E não é nem será o OE do PS e ficaria surpreendido se algum militante socialista se enganasse. Este OE não é o do PS pelo que tem mas sobretudo pelo que não tem”. Acrescentando que este OE para 2025 é “mau”, avisando que o PS não colocaria “jovens contra os pobres”.

O líder do Chega, recorde-se, acusou o primeiro-ministro de mentir ao país, revelando que Luís Montenegro terá proposto um acordo de viabilização do OE 2025 a André Ventura, no qual previa ainda que, em troca, o partido passasse a integrar o Executivo.

“Nunca o Governo propôs um acordo ao Chega. O que acaba de ser dito pelo Presidente desse partido é simplesmente mentira. É grave mas não passa de mentira e desespero”, escreveu o primeiro-ministro, numa publicação feita, na quinta-feira, na rede social X. “É grave mas não passa de Mentira e Desespero”, acrescentou o primeiro-ministro.

“O primeiro-ministro mentiu. E mentiu porque eu estava lá quando ele quis chegar a um acordo neste ano de Orçamento do Estado“, acusou André Ventura. “O primeiro-ministro negociou com o Chega, quis negociar com o Chega e digo mais: o mesmo primeiro-ministro que disse que connosco não negociava propôs-nos um acordo para este ano”, disse o líder do Chega numa entrevista à CNN Portugal/TVI, na passada quinta-feira.

No entanto, o acordo não terá sido aceite porque o Chega “tem palavra” e tinha proposto um “acordo a quatro anos com transformação e mudança para varrer o socialismo”.

“O mesmo primeiro-ministro que estava disposto a que, mais para a frente, o Chega viesse a integrar o Governo“, sustentou o presidente do Chega, enquanto ia subindo o tom para garantir que o partido não é para “descartar”. “Eu represento 1 milhão e 200 mil eleitores que não estão para jogos de bastidores. Talvez o país nunca viesse a saber esta história, mas hoje sabe porque eu estou a contar.”

Na mesma entrevista, o líder do partido revelou que o acordo terá sido proposto numa reunião, em São Bento, entre o próprio e Luís Montenegro “há três semanas”. A data aponta para que a ocasião tivesse ocorrido a 23 de setembro – altura em que o primeiro-ministro reuniu-se, também, com o presidente da Iniciativa Liberal, Rui Rocha, para discutir a viabilização do OE 2025.

“Esta reunião que estou a falar é de 23 de setembro, mas já tínhamos falado disso antes do verão. O senhor primeiro-ministro não desmentirá isto. Sabe porque é que esse acordo não foi aceite? É porque nós temos palavra”, sublinhou o líder do Chega, durante a entrevista. Momentos depois, e já de madrugada, Ventura avançou com mais detalhes, revelando que o acordo foi, pela primeira vez, proposto no dia 15 de julho.

“No dia 15 de julho, pelas 10h da manhã, tive um encontro não divulgado à imprensa com o primeiro-ministro na sua residência oficial, a pedido do próprio. Foi aqui que pela primeira vez um acordo específico esteve em cima da mesa”, lê-se na publicação na rede social.

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Marcelo agradece a Lucília Gago seis anos de um mandato de “mais de agruras e incompreensões do que de bonança”

  • Lusa
  • 12 Outubro 2024

Num breve discurso, o chefe de Estado recordou que, há seis anos, Lucília Gago sucedeu a Joana Marques Vidal “em condições particularmente difíceis".

O Presidente da República agradeceu à procuradora-geral cessante, Lucília Gago, os seus seis anos de serviço, reconhecendo que foram “mais de agruras e incompreensões” do que de bonança, salientando que exerceu o cargo num “contexto nada propício”.

“Agradeço-lhe estes seis anos, fundamentalmente mais de agruras, incompreensões, sacrifícios, do que bonança, mar sereno ou bons ventos”, declarou Marcelo Rebelo, dirigindo-se a Lucília Gago, na cerimónia de tomada de posse do novo procurador-geral da República, Amadeu Guerra, que decorreu na Sala dos Embaixadores do Palácio de Belém, em Lisboa.

Num breve discurso, o chefe de Estado recordou que, há seis anos, Lucília Gago sucedeu a Joana Marques Vidal “em condições particularmente difíceis, nomeadamente um juízo coletivo muito crítico quanto ao tempo da Justiça, ainda mais crítico na justiça penal complexa, internacionalizada, envolvendo poderes políticos, administrativos, económicos e sociais”.

“Mais o confronto constante entre uma opinião pública e/ou publicada, cada vez mais exigente, e considerando cada omissão ou atraso sinal de proteção dos abusos e abusadores. E uma outra opinião pública e ou publicada cada vez mais queixosa e ou denunciante dos abusos da Justiça, tidos como perseguição às pessoas e, nelas, aos titulares de poderes políticos, administrativos, económicos e sociais”, disse.

Lucília Gago, ex-PGR, na tomada de posse do novo PGR, Amadeu Guerra. HUGO AMARAL

Tudo isso, prosseguiu, “enquadrado por um debate público que antecipa a formulação de julgamentos como consequência certa ou errada da lentidão, tantas vezes injustificada, da máquina da Justiça”.

“Se somarmos a quanto fica dito, incompreensões e agravos passados, orgânicas, procedimentos e meios pensados para outros tempos e desafios, a inevitável saída de gerações dos princípios da democracia, novos problemas colocados por mega, ou quase mega, processos em ambas as magistraturas – e falo apenas no domínio penal para não abarcar outras áreas e outras solicitações – estes últimos anos não foram um contexto nada propício”, frisou.

O novo Procurador-Geral da República (PGR), Amadeu Guerra, considerou hoje que a antecessora Lucília Gago não teve um mandato fácil e definiu também “linhas vermelhas” em defesa da autonomia do Ministério Público (MP) para os próximos seis anos.

“Uma palavra final para a senhora conselheira procuradora-geral cessante, que não teve a sorte do seu lado, no decurso do seu mandato, em que ocorreu uma pandemia que – durante cerca de dois anos – alterou os hábitos e a motivação dos portugueses. Mesmo assim, considero que exerceu o cargo – como sempre fez na sua carreira – com honestidade intelectual e de forma dedicada”, declarou no discurso de tomada de posse.

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Amadeu Guerra garante que vai estar atento aos atrasos do DCIAP

Amadeu Guerra, de 69 anos, nomeado para um mandato de seis anos como PGR não deixou de falar em temas polémicos como o segredo de Justiça, falta de meios e detenção de arguidos por tempo excessivo.

“O Ministério Público precisa e quer desenvolver o seu trabalho sem o alarde mediático e discussão pública da sua atividade em processos concretos. O Ministério Público ouve sempre as críticas justas e fundamentadas, aceitando-as quando contribuam para melhorar o seu desempenho, para alterar procedimentos e torná-los mais adequados para assegurar a celeridade e a eficiência”, disse o recém empossado Amadeu Guerra. Avisando : “o Procurador-Geral da República, após um período inicial de contacto com a realidade nos tribunais, está sempre disponível para prestar contas no Parlamento”. Amadeu Guerra tomou posse este sábado, no Palácio de Belém, como o novo Procurador-Geral da República.

Tocando desde logo na questão sensível e pela qual o MP é recorrentemente alvo de críticas, Amadeu Guerra avisou que “nos crimes de corrupção e crimes conexos, bem como na criminalidade económico financeira, é minha intenção acompanhar de perto, através dos Diretores dos DIAP Regionais e do DCIAP, as razões dos atrasos”.

Tomada de posse do PGR, Amadeu Guerra, no Palácio de Belém. HUGO AMARAL

O novo líder da investigação criminal prometeu que “irá revisitar as questões relativas ao segredo de justiça, através da análise das medidas estabelecidas no Relatório elaborado em 2014, no estudo do regime de segredo de justiça em alguns países e nas boas práticas seguidas por alguns magistrados”. E avisa: “as soluções – se é que é possível alcançá-las – têm que passar pela abordagem das questões criminais, dos direitos, liberdades e garantias e, necessariamente, pelo equilíbrio entre estes aspetos e o direito à informação”.

Explicando que essas “soluções – se é que é possível alcançá-las – têm que passar pela abordagem das questões criminais, dos direitos, liberdades e garantias e, necessariamente, pelo equilíbrio entre estes aspetos e o direito à informação”. Tocando em mais um tema sensível, Amadeu Guerra avisou que “quanto à detenção de arguidos e apresentação ao Juiz de Instrução há regras e prazos fixados na lei. O Ministério Público cumpre-os e não vislumbro as razões das críticas que, às vezes, lhe são feitas. Porém, considero que a ideia de fixação perentória de um prazo desproporcionado compromete o esclarecimento e recolha de informação necessária à decisão judicial, com risco de violação dos princípios da necessidade e da proporcionalidade”.

Nos crimes de corrupção e crimes conexos, bem como na criminalidade económico financeira, é minha intenção acompanhar de perto, através dos Diretores dos DIAP Regionais e do DCIAP, as razões dos atrasos. Ao mesmo tempo, devemos envolver a Polícia Judiciária de forma efetiva, face ao aumento recente dos seus meios humanos: inspetores, peritos e meios tecnológicos”

Mas diz, sem pruridos: “há, igualmente, ‘linhas vermelhas’ que não aceito, nomeadamente, a alteração do Estatuto do Ministério Público em violação da Constituição e da sua autonomia e independência”, avisando que a autonomia do MP é para manter.

Um dos processos concretos referidos por Amadeu Guerra poderá ser a investigação Operação Influencer – que resultou na demissão de António Costa, a 7 de novembro do ano passado, e à marcação de eleições antecipadas – o maior desafio do novo PGR, depois de, até à data, uma acusação dos arguidos parece estar longe e nem António Costa chegou a ser constituído arguido. O ex-primeiro ministro socialista foi ouvido, mas apenas seis meses depois das buscas feitas a São Bento e não como arguido: a audição foi realizada segundo um artigo do Código de Processo Penal que permite ouvir o ex-governante como suspeito.

“É enganador comparar “a ratio de magistrados por número de habitantes”, sem ter em conta as competências exercidas pelo Ministério Público em cada país”, diz o novo PGR. “De qualquer modo, entendo que a situação atual da Justiça em Portugal está condicionada pela falta de meios humanos. Quem trabalha ou acompanha a realização da Justiça está consciente que a falta de oficiais de justiça é preocupante no Ministério Público. Assim, apelo ao Governo que dê prioridade à revisão do Estatuto dos Funcionários de Justiça e que estabeleça mecanismos que permitam tornar a carreira mais aliciante”, disse Amadeu Guerra. Mas garantindo que “temos que dar o nosso melhor com os recursos disponíveis. Não podemos continuar a lamentar-nos com a falta de meios e esmorecer. Devemos, pelo contrário, mobilizar-nos e estar motivados, trabalhar em equipa, ser muito pragmáticos na nossa função e diminuir a morosidade”.

“A falta de investimento dos sucessivos Governos em meios tecnológicos avançados, em aplicações informáticas de gestão processual ou sistemas de gestão e tratamento da prova recolhida limita, em muito, a eficiência do sistema de Justiça”, criticou Amadeu Guerra.

Ricardo Salgado, Henrique Granadeiro, Armando Vara, Zeinal Bava e José Sócrates foram alguns (só alguns) dos nomes sonantes que durante o mandato de Amadeu Guerra à frente do maior departamento que investiga a criminalidade económica e financeira, o DCIAP, foram investigados e acusados.

Ao longo do seu mandato à frente do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) – de 2013 a 2019 – surgiram alguns dos mais mediáticos processos judiciais. E não se coibiu – durante a investigação e acusação da Operação Fizz – de aceitar que um dos seus pares na estrutura do Ministério Público, Orlando Figueira, fosse alvo de uma acusação que, posteriormente, culminaria numa condenação. Menos sucesso teve no caso Vistos Gold, já que este processo resultou na absolvição do ex-ministro da Administração Interna, Miguel Macedo, e de quase todos os restantes arguidos. Foi, diria depois, um “caminho difícil e de muita responsabilidade de empenho”.

Amadeu Francisco Ribeiro Guerra, de 69 anos, nomeado para um mandato de seis anos como Procurador-Geral da República, foi assim diretor do DCIAP, numa altura marcada por processos como Operação Aquiles, Operação Fizz, processos de Tancos, Hells Angels, EDP, Monte Branco, BES, entre outros. Foi procurador-geral regional de Lisboa, entre 2019 e 2020, tendo abandonado o cargo por motivo de aposentação. Benfiquista, filho de um militar da GNR, é visto como um nome sólido na estrutura do Ministério Público. Foi o braço direito de Joana Marques Vidal – antecessora de Lucília Gago -, mas não deixou de dar um ‘murro na mesa’ quando não aceitou a sugestão da então PGR de tirar das mãos de Rosário Teixeira (magistrado titular) a investigação contra José Sócrates.

Apesar de benfiquista ferrenho, não se coibiu de investigar o Benfica e o então presidente Luís Filipe Vieira na equipa especial que constituiu no DCIAP para investigar suspeitas relacionadas com o futebol.

O procurador de carreira foi a primeira e única opção de Luís Montenegro – que o conhece dos tempos em ambos estiveram na Comissão de Acesso aos Documentos Administrativos. Marcelo Rebelo de Sousa concordou de imediato. O anúncio foi feito menos de uma hora depois de Luís Montenegro ter saído do Palácio de Belém, onde esteve reunido com o Chefe de Estado num encontro “muito breve”, que durou apenas 20 minutos.

Natural de Tábua, distrito de Coimbra, Amadeu Guerra entrou para a magistratura do Ministério Público (MP) há 45 anos e desempenhou funções em diversos tribunais, como o Tribunal de Trabalho de Lisboa e o 3.º Juízo Criminal de Lisboa.

Acabaria por demitir-se em março de 2006 da CNPD depois de descobrir e denunciar o controlo das chamadas telefónicas no seu próprio local de trabalho, durante 15 dias, entre 27 de janeiro e 5 de fevereiro de 2005.

Amadeu Guerra é um homem discreto e, nestas funções, vai exigir-se que se rodeie de pessoas que, de forma continuada, mantenha uma comunicação externa da atuação do Ministério Público. E espera-se ainda que o seu mandato não se afaste muito do estilo a que nos habitou Joana Marques Vidal. A ministra da Justiça, Rita Alarcão Júdice defendeu que o novo PGR é a pessoa indicada “para pôr a casa em ordem e pôr ordem na casa”, considerando ainda que tem um “currículo inatacável” e que “é uma pessoa que conhece bem a casa”.

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TdC: Filipa Calvão conhece as exigências do PRR e do Portugal 2030, diz Marcelo

Há duas semanas, Marcelo Rebelo de Sousa, nomeou Filipa Urbano Calvão como presidente do Tribunal de Contas (TdC), sucedendo a José Tavares. Será a primeira mulher a presidir a instituição.

Filipa Urbano Calvão é a nova presidente do Tribunal de Contas (TdC), tornando-se assim a primeira mulher a liderar a instituição. Marcelo Rebelo de Sousa assumiu que Filipa Urbano Calvão é a pessoa certa “por conhecer as particularidades da instituição. E conhece cabalmente a natureza constitucional do Tribunal de Contas. Conhece o acréscimo de exigências do PRR e do Portugal 2030 que são desafios para todos nós”, disse o Chefe de Estado na tomada de posse que decorreu este sábado, no Palácio de Belém. E sublinha que a “ampliação das competências do TdC”, decorre a “necessidade sempre de mais recursos e disponibilidades”.

Filipa Urbano Calvão, assegurou que vai exercer o mandato de quatro anos com “espírito de independência e de serviço”, apelando também ao trabalho conjunto com outros órgãos do Estado. “Espero corresponder à confiança, afiançando que exercerei as minhas funções com espírito de independência, de serviço e de genuína cooperação com todos os que compõem o TdC”, disse Filipa Urbano Calvão. No breve discurso proferido na cerimónia, a jurista lembrou o seu percurso e enalteceu o legado que encontra agora no TdC, assumindo uma “imensa honra” e a consciência da “relevância da missão” desta entidade.

“Estive com muito orgulho ao serviço do Estado português durante 11 anos na CNPD e entro hoje numa casa de tradição secular, de grande prestigio nacional e internacional, cuja missão constitucional é também a defesa independente dos interesses dos cidadãos e do Estado, agora na perspetiva do controlo financeiro e promoção de uma cultura de responsabilidade financeira”, frisou. Após deixar elogios ao antecessor José Tavares, ao destacar a sua “inexcedível dedicação” ao TdC e que a instituição “será sempre a sua casa”, bem como ao antigo presidente Alfredo José de Sousa, cujo mandato considerou “um exemplo”, a presidente do TdC considerou que a “boa execução da missão do TdC depende também do diálogo aberto com os demais órgãos do Estado” e com a sociedade, nomeadamente a academia.

“Comprometo-me a dar continuidade ao bom desempenho das funções do TdC e a procurar melhorar onde houver espaço para evolução, de modo a responder aos desafios que hoje se colocam à jurisdição financeira e à auditoria pública, em prol do país e dos nossos cidadãos”, concluiu.

Há duas semanas, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, nomeou Filipa Urbano Calvão como presidente do Tribunal de Contas (TdC), sucedendo a José Tavares. “Sob proposta do Governo, o Presidente da República nomeou, nos termos constitucionais, a professora Doutora Filipa Urbano Calvão presidente do Tribunal de Contas”, pode ler-se na nota divulgada pela Presidência da República. José Tavares presidia ao Tribunal de Contas desde 7 de outubro de 2020 depois de Marcelo Rebelo de Sousa e o ex-primeiro-ministro António Costa terem decidido não reconduzir Vítor Caldeira.

Filipa Urbano Calvão, a nova presidente do Tribunal de Contas, foi empossada por Marcelo Rebelo de Sousa, em Belém. HUGO AMARAL

 

Filipa Urbano Calvão foi presidente da Comissão Nacional de Proteção de Dados, entre 2012 e 2023, e é Of Counsel na sociedade de advogados Sérvulo desde 2023, no departamento de Direito Público. De acordo com a nota biográfica na página da sociedade, é doutorada e mestre em Direito, com especialização em Ciências Jurídico-Políticas, respetivamente em 2009 e 1997, ambos pela Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra.

Licenciada em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade Católica Portuguesa, Escola do Porto, em 1993, é também professora na mesma instituição e investigadora do Research Centre for the Future of Law. É autora de livros como “Direito da Proteção de Dados Pessoais”, “Os Actos Precários e os Actos Provisórios no Direito Administrativo”, “Introdução ao Direito Público” ou Leis Fundamentais do Direito Administrativo” e tem como principais áreas de investigação o Direito Administrativo e Direito Público.

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Medina avisa que “probabilidade de termos um défice em 2025 é significativa”

Em entrevista à Renascença, o ex-ministro das Finanças deixa várias críticas ao Orçamento do Estado apresentado, na quinta-feira, pelo Governo da AD.

Apesar das críticas ao Orçamento do Estado de 2025, o socialista e ex-ministro das Finanças Fernando Medina apoia a viabilização do documento por via da abstenção do PS. O último ministro das Finanças de António Costa é o entrevistado desta semana no programa Dúvidas Públicas da Rádio Renascença.

A probabilidade de Portugal ter um défice em 2025 “é significativa”: este é o prognóstico de Fernando Medina.

Em entrevista à Renascença, o ex-ministro das Finanças deixa várias críticas ao Orçamento do Estado apresentado, na quinta-feira, pelo Governo da AD. O economista coloca em causa o cenário macroeconómico e até admite que, em vez de um excedente, podemos terminar o próximo ano com as contas negativas. O OE é despesista, defende, um alerta que também já tinha sido deixado esta semana pelo governador do Banco de Portugal.

“Partilho o alerta do Mário Centeno. Este modo de funcionamento de, no fundo, achar que se governa simplesmente pela atribuição de dinheiro a tudo e a todos, mesmo até perante áreas da nossa vida pública que não reivindicaram da sua necessidade, e tivemos alguns casos nessa situação, parece-me uma estratégia que tem de ser corrigida rapidamente”, diz.
E depois acrescenta: “Se não teremos obviamente sérias dificuldades na execução do OE 2025, arrisco aqui um prognóstico: a probabilidade de termos um défice orçamental já em 2025 é significativa.”

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Boeing anuncia que vai despedir 10% dos trabalhadores

  • Lusa
  • 12 Outubro 2024

O novo diretor executivo da aeronáutica norte-americana, Kelly Ortberg, comunicou aos funcionários, na sexta-feira, que a redução de postos de trabalho vai incluir executivos, gestores e funcionários.

A Boeing planeia despedir cerca de 10% dos trabalhadores nos próximos meses, ou seja, cerca de 17 mil pessoas, à medida que continua a perder dinheiro e tenta lidar com problemas laborais e de produção.

O novo diretor executivo da construtora aeronáutica norte-americana, Kelly Ortberg, comunicou aos funcionários, na sexta-feira, que a redução de postos de trabalho vai incluir executivos, gestores e funcionários. A companhia tem cerca de 170 mil trabalhadores em todo o mundo.

“A nossa empresa encontra-se numa situação difícil (…) que exige decisões difíceis e teremos de efetuar mudanças estruturais para garantir a competitividade e a satisfação dos nossos clientes a longo prazo”, disse Ortberg aos funcionários.

A empresa vai ainda adiar para 2026 o lançamento de um novo avião, o 777X, inicialmente anunciado para o próximo ano. Também vai deixar de construir a versão de carga do aparelho 767 em 2027, depois de terminar as encomendas atuais.

Por outro lado, a produção da empresa está a ser afetada por uma greve de trabalhadores, iniciada em 13 de setembro, depois de terem rejeitado uma proposta de contrato que incluía aumentos salariais de 25% em quatro anos.

A paralisação abrange cerca de 33 mil trabalhadores da montagem de aviões, a maioria dos quais na zona de Seattle, na costa oeste dos Estados Unidos, levando à suspensão da produção dos aviões mais vendidos da empresa.

A greve não deve causar cancelamentos de voos, nem afetar diretamente os passageiros das companhias aéreas, mas será mais um golpe para a reputação e as finanças da Boeing, num ano marcado por problemas nas operações aéreas, de defesa e espaciais.

A Administração Federal da Aviação dos Estados Unidos aumentou o escrutínio da empresa depois de um painel ter explodido num Boeing Max durante um voo da Alaska Airlines, em janeiro.

Em agosto, a NASA decidiu que uma nave espacial da Boeing não era suficientemente segura para transportar dois astronautas da Estação Espacial Internacional para a Terra.

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Presidente da República promulga criação do Passe Ferroviário Verde

O passe dá acesso aos serviços ferroviários Regional, Inter-regional; Urbano de Coimbra, Lisboa e Porto, bem como nos troços não abrangidos pelo passe intermodal metropolitano e Intercidades.

O Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa promulgou o diploma do Governo que cria o Passe Ferroviário Verde, em substituição do Passe Ferroviário Nacional.

A nota da promulgação foi divulgada na página na Internet da Presidência.

Em 4 de outubro, o Conselho de Ministros extraordinário dedicado à ação climática e transição energética aprovou um decreto-lei que cria o Passe Ferroviário Verde, válido para 30 dias consecutivos, com um valor de 20 euros.

O passe dá acesso aos serviços ferroviários Regional, Inter-regional; Urbano de Coimbra, Lisboa e Porto, bem como nos troços não abrangidos pelo passe intermodal metropolitano e Intercidades (2.ª classe). O objetivo é combater a pobreza de mobilidade e acelerar a desejada transferência modal do transporte individual para o transporte público.

O Governo tinha também anunciado a entrada em funcionamento desse passe mensal para o próximo dia 21 de outubro.

Marcelo Rebelo de Sousa promulgou também hoje o diploma que procede à segunda alteração ao Decreto-Lei n.º 204/2005, de 25 de novembro, transpondo para a ordem jurídica interna a Diretiva (UE) 2023/946, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 10 de maio de 2023, relativa à inclusão de prescrições de estabilidade melhoradas para os navios ro-ro passageiros.

O Presidente da República promulgou ainda o diploma do Governo que assegura a execução do Regulamento (UE) 2018/1672, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 23 de outubro de 2018, relativo ao controlo dos montantes de dinheiro líquido que entram ou saem da União Europeia através do território nacional, de acordo com a mesma nota no ‘site’ da Presidência.

O Governo tinha aprovado em 11 de setembro “um decreto-lei que executa um regulamento europeu relativo ao controlo dos montantes de dinheiro líquido, acompanhados ou não acompanhados, que entram ou saem da União Europeia através do território nacional”.

Este diploma está inserido no quadro comunitário de prevenção do branqueamento de capitais e do financiamento do terrorismo.

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Marcelo dá posse ao novo PGR e a nova presidente do TdC este sábado

  • Lusa
  • 12 Outubro 2024

Marcelo Rebelo de Sousa começa às 11:30 por empossar Filipa Urbano Calvão à frente do TdC, seguindo-se às 12:30 a passagem de testemunho na liderança da PGR, Amadeu Guerra.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, dá este sábado posse a Filipa Urbano Calvão como nova presidente do Tribunal de Contas (TdC) e a Amadeu Guerra como novo procurador-geral da República (PGR).

As duas cerimónias de posse vão decorrer no Palácio de Belém, em Lisboa. Marcelo Rebelo de Sousa começa às 11:30 por empossar Filipa Urbano Calvão como sucessora de José Tavares à frente do TdC, seguindo-se às 12:30 a passagem de testemunho na liderança da Procuradoria-Geral da República, com Amadeu Guerra a suceder a Lucília Gago.

Amadeu Guerra, de 69 anos, nascido em Tábua (Coimbra) e licenciado pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, desempenhou diversas funções como magistrado do Ministério Público (MP), mas tornou-se mais conhecido quando, entre 2013 e 2019, se tornou diretor do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), o departamento que investiga a grande corrupção e a criminalidade económico-financeira mais grave e complexa.

O magistrado foi escolhido para a direção do DCIAP no mandato da então PGR Joana Marques Vidal.

Sob a sua liderança, o DCIAP investigou processos mediáticos como a Operação Marquês (que tem como principal arguido o ex-primeiro-ministro José Sócrates), o caso BES/GES ou a Operação Fizz, que levou à acusação e condenação por corrupção do procurador Orlando Figueira, que, por ironia, pertenceu ao DCIAP e está a cumprir pena na cadeia de Évora.

A designação de Amadeu Guerra, em cujo currículo consta ainda o cargo de procurador-geral regional de Lisboa, foi bem acolhida pela generalidade dos sindicatos do setor.

A ministra da Justiça, Rita Alarcão Júdice, considerou Amadeu Guerra “a pessoa certa, no lugar certo, no momento certo” e disse depositar “grandes esperanças” num “virar de página” na Procuradoria-Geral da República durante o mandato de seis anos.

Por seu lado, a atual PGR, Lucília Gago, manifestou satisfação pela nomeação de Amadeu Guerra para lhe suceder no cargo, destacando a “vasta experiência” do antigo diretor do DCIAP.

Entretanto, o Governo já rejeitou que o limite de 70 anos de idade previsto para o exercício de funções de magistrados se aplique ao novo PGR Amadeu Guerra, considerando tratar-se de “uma falsa questão”.

A questão foi levantada pelo antigo PGR Cunha Rodrigues e pelo vice-presidente do Conselho Superior da Magistratura (CSM), Luís Azevedo Mendes, que apontaram uma eventual necessidade de alterar as regras e permitir o exercício de mandatos nas magistraturas além dos 70 anos de idade.

Já Filipa Urbano Calvão assume agora um mandato de quatro anos no TdC, depois de ter sido presidente da Comissão Nacional de Proteção de Dados, entre 2012 e 2023, e é a primeira mulher a presidir ao Tribunal de Contas.

Licenciada em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade Católica Portuguesa, Escola do Porto, e Professora Associada na Faculdade de Direito da Universidade Católica Portuguesa, Filipa Urbano Calvão colabora também desde 2023 com a sociedade de advogados Sérvulo & Associados, no departamento de Direito Público.

Com mestrado e doutoramento em Direito pela Universidade de Coimbra, a nova presidente do TdC é também investigadora do Research Centre for the Future of Law, na Católica, acumulando ainda outros cargos ligados à vida académica e uma longa carreira ligada às principais faculdades de Direito nacionais.

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Decisão do Tribunal de Justiça da UE leva FIFA a mudar regras de transferências no futebol

  • Lusa
  • 12 Outubro 2024

A FIFA terá de mudar dois artigos do regulamento sobre o estatuto e a transferência de jogadores”, disse à agência Lusa a espanhola Rosalía Ortega Pradillo, advogada.

A decisão do Tribunal de Justiça da União Europeia (TJUE) em avaliar como contrárias ao direito comunitário algumas regras sobre transferências levará a FIFA a reformular parte da regulamentação do mercado de trabalho no futebol.

“O TJUE está a dizer que essas regras são contra duas normativas europeias: a livre circulação de trabalhadores e a livre concorrência. A FIFA terá de mudar dois artigos do regulamento sobre o estatuto e a transferência de jogadores”, projetou à agência Lusa a espanhola Rosalía Ortega Pradillo, advogada e especialista em direito desportivo.

O TJUE pronunciou-se em 04 de outubro, na sequência de um pedido da justiça belga sobre o processo movido contra a FIFA pelo antigo médio internacional francês Lassana Diarra, que, há 10 anos, encarou uma saída litigiosa dos russos do Lokomotiv Moscovo.

“A decisão tem uma relevância estratosférica, porque estamos a falar de um assunto com mais importância do que o caso Bosman [que aboliu em 1995 as restrições sobre a transação de jogadores comunitários], tendo em conta o dinheiro envolvido, as grandes transferências e a maneira como a FIFA obriga a cumprir decisões neste tipo de assuntos”, explicou a presidente do Instituto Ibero-Americano do Direito Desportivo (IIDD).

Depois de um desentendimento com o então treinador moscovita Leonid Kuchuk, Diarra rejeitou um corte salarial significativo e até se recusou a comparecer aos treinos, levando o Lokomotiv a alegar justa causa na quebra unilateral do contrato extensível até 2017.

O clube avançou com uma queixa junto do organismo regulador mundial da modalidade, que suspenderia o antigo médio de Chelsea, Real Madrid e Arsenal por 15 meses e condenou-o a pagar 20 milhões de euros (ME), verba mais tarde reduzida para 10,5 ME.

Durante o período em que esteve impedido de jogar, Diarra foi cobiçado pelo Charleroi, mas o emblema belga mudou de ideias ao perceber que, à luz das regras atuais, ficaria solidariamente responsável por liquidar a indemnização ao Lokomotiv Moscovo, além de poder enfrentar restrições na inscrição de novos futebolistas e ter dificuldades na obtenção do respetivo certificado internacional de transferência.

“A FIFA vai ter de procurar outros mecanismos para executar decisões favoráveis a clubes ou jogadores, sem vulnerabilizar o direito da concorrência. Isto está normalizado há tantos anos, mas, quando alguém teve a ideia de levá-lo para os tribunais, acontecem decisões como aquelas que o TJUE tomou no caso da Superliga europeia”, enquadrou Rosalía Ortega Pradillo.

Diarra regressaria ao ativo através dos franceses do Marselha em 2015/16, altura em que contestou na justiça alguns artigos do regulamento da FIFA, advertindo para os “números desproporcionais que são executados” aos atletas nas desvinculações sem justa causa.

“Quando o clube rescinde sem justa causa, a norma geral é que o jogador receba o valor residual [dos salários]. Se, depois, ele procurar outro clube, a FIFA faz uma mitigação de danos, que não acontece em sentido inverso. Acho que está aqui o grande problema do futebol: a desigualdade na forma como se penaliza um jogador ou um clube que rompe contratos. Há uma descompensação em prejuízo da parte mais débil, que é o jogador, sendo perfeitamente consentida pela FIFA”, reconheceu.

Apesar da “abertura de novas possibilidades” aos compradores, que “muitas vezes tinham medo” de fazer uma oferta sobre um jogador que rescindira unilateralmente com o anterior empregador, Rosalía Ortega Pradillo acredita que a decisão do TJUE não derrubará o sistema de transferências, mas pode criar incerteza na definição das cláusulas rescisórias.

“Imaginemos que um atleta rescinde e possui uma cláusula estratosférica, que nada tem a ver com o seu salário. Perante essa descompensação favorável aos clubes, pode produzir uma situação como a de Diarra, que não tem 10 ME para pagar [uma indemnização]”, reforçou.

O caso do antigo médio vai voltar aos tribunais belgas e estará na agenda de debates da Conferência Internacional de Direito Desportivo, que decorre em 18 e 19 de outubro, no Estádio da Luz, em Lisboa, sob coorganização da IIDD, da Associação Portuguesa do Direito Desportivo (APDD) e da Associação Internacional de Advogados do Desporto (ISLA).

“Isto é feito com o único propósito de profissionalizar um bocadinho mais o futebol. Como uma grande e importante parte das pessoas que ali trabalham são advogados, é sempre bom estarmos atualizados sobre as últimas normas e novidades”, finalizou Rosalía Ortega Pradillo, oradora num dos principais eventos mundiais sobre direito desportivo.

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Álvaro Beleza defende viabilização do OE2025 pelo PS e fala em Seguro para as presidenciais

  • Lusa
  • 12 Outubro 2024

O presidente da SEDES e dirigente socialista Álvaro Beleza defendeu a viabilização do Orçamento do Estado pelo PS, anulando o “terrorismo político” do Chega.

O presidente da SEDES e dirigente socialista Álvaro Beleza defende a viabilização do Orçamento do Estado pelo PS, anulando o “terrorismo político” do Chega, numa entrevista em que considera António José Seguro um grande candidato presidencial.

“O Pedro Nuno Santos hoje, mais do que líder do PS, é líder da esquerda portuguesa. Portanto, não é por o Partido Socialista se abster, a bem da Pátria, no orçamento, que vai deixar de liderar à esquerda. Acho que o caminho é este e é normal que seja assim. E espero que seja assim. Até para que o outro partido instável, que faz terrorismo político, não conte para isto”, defendeu Álvaro Beleza em entrevista ao Diário de Notícias e à TSF.

Presidente da SEDES – Associação para o Desenvolvimento Económico e Social, médico de profissão, Álvaro Beleza faz parte da Comissão Política do PS e foi mandatário nacional das listas socialistas nas últimas eleições legislativas, tendo apoiado a candidatura de Pedro Nuno Santos à liderança, apesar de ser da ala direita do partido.

“O PS tem sido adulto. Confio nos meus camaradas e no líder do partido. Confio que nessa discussão haverá esse sentido, até porque o PS e estes meus camaradas que estão na direção do partido – Pedro Nuno e os outros estiveram no Governo do PS – e foi o Governo do PS que pôs Portugal pela primeira vez desde há muitos anos com superávite nas contas públicas”, sustentou.

Declarando-se “razoavelmente otimista”, considera que a dramatização “faz parte da política” e concorda com Pedro Nuno Santos “em absoluto”, relativamente à tese segundo a qual “a dicotomia em Portugal tem de ser entre o PS e o PSD”.

“Portanto, tem de haver diferenças e é bom que haja diferenças”, disse.

No capítulo das futuras eleições presidenciais, em 2026, Álvaro Beleza considera que no seio dos socialistas existem figuras como António Vitorino, militante do partido, e ex-líderes, como António José Seguro, “que poderão ser grandes candidatos do Partido Socialista”.

Questionado sobre o perfil do eurodeputado Francisco Assis para o cargo, responde: “O Francisco Assis, sim, daria um grande Presidente da República”.

Sobre o ex-líder António José Seguro, volta a dizer: “Isto também é a vida e as circunstâncias são o que são. Acho que o país precisa de um Presidente da República que tenha qualidades de experiência política, que as pessoas conheçam o seu percurso e o seu pensamento, de cultura política, de integridade. Deve ser alguém institucional que também tenha alguma reserva e independência e que saiba fazer pontes”.

Álvaro Beleza diz não gostar da ideia de independentes para o mais alto cargo da nação. É quando é confrontado com o facto de essa ideia praticamente excluir o atual governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, que introduz os nomes de António Vitorino e António José Seguro.

“Isso era uma conversa à Salazar. Não gosto dessa conversa. A política é para pessoas que assumem as suas convicções e quando são Presidentes da República são presidentes de todos os portugueses, para além do seu partido ou de onde vieram. E já tivemos vários. (…) Dentro do Partido Socialista temos figuras – estou a pensar no António Vitorino, militante do partido, e ex-líderes, estou a pensar no António José Seguro, que poderão ser grandes candidatos do Partido Socialista”, declarou.

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Lucília Gago despede-se do cargo de PGR e reconhece falta de coesão no Ministério Público

Lucília Gago, jubilou-se esta sexta-feira como magistrada do Ministério Público (MP), no último dia do mandato de seis anos e na véspera da posse do seu sucessor, Amadeu Guerra.

“No último dia do meu mandato, deixo a todos e a cada um dos magistrados do Ministério Público o voto de que, com afinco e esmero, prossigam o respetivo desempenho funcional“, escreve Lucília Gago, naquele que foi o seu último dia do mandato de seis anos à frente da Procuradoria-Geral da República (PGR). A mensagem de despedida – de apenas oito linhas – foi divulgada no site da PGR, horas antes da tomada de posse de Amadeu Guerra, este sábado, no Palácio de Belém.

“Norteada sempre e exclusivamente pelo propósito de serviço público, em prol da Procuradoria-Geral da República e do Ministério Público, apraz-me reconhecer o esforço e a abnegação de muitos. Apenas esse propósito permitirá conferir maior unidade e coesão a esta magistratura, potenciando melhores resultados”, reconhecendo, assim, a falta de unidade e coesão no Ministério Público.

Lucília Gago, jubilou-se esta sexta-feira como magistrada do Ministério Público (MP), no último dia do mandato e na véspera da posse do seu sucessor, Amadeu Guerra.

A jubilação de Lucília Gago foi confirmada com a publicação do despacho esta sexta-feira em Diário da República, no qual se lê que a magistrada “cessa funções por efeito de aposentação/jubilação”, cuja intenção já havia manifestado em março deste ano, depois de assumir que tinha “tempo e condições” para se jubilar.

A publicação do despacho de jubilação surge um dia após a oficialização de Amadeu Guerra como novo PGR também em Diário da República, com o decreto do Presidente da República a nomear o antigo diretor do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) para a liderança da Procuradoria-Geral da República a ter “efeitos a partir de 12 de outubro de 2024”.

Lucília Gago, de 68 anos, tomou posse como PGR em 12 de outubro de 2018 e elegeu então como “uma das grandes prioridades” para o seu mandato “o combate à criminalidade económico-financeira, com particular enfoque para a corrupção”, considerando que se tornou “um dos maiores flagelos suscetíveis de abalar os alicerces do Estado e corroer a confiança dos cidadãos no regime democrático”.

Depois de ser indicada para o cargo pelo ex-primeiro-ministro António Costa e nomeada por Marcelo Rebelo de Sousa, Lucília Gago deixou na cerimónia de posse um elogio ao então diretor do DCIAP, a propósito do processo Operação Marquês, referindo que depositava plena confiança em Amadeu Guerra. .

Os elogios ao seu sucessor como PGR foram repetidos após ser conhecida a nomeação no final do mês passado, com Lucília Gago a enaltecer a “vasta experiência” do antigo diretor do DCIAP e ex-procurador-geral regional de Lisboa.

Este sábado, pelas 12h30, no Palácio de Belém, Amadeu Guerra tomará posse como o novo PGR, sucedendo a Lucília Gago, uma das titulares da investigação criminal da história da democracia portuguesa que mais críticas recebeu da sociedade civil, de políticos e até do seio da magistratura do MP, depois da investigação ao ex-líder do Executivo, que acabou na sua demissão, a 7 de novembro do ano passado, e à marcação de eleições antecipadas. E é precisamente essa investigação, chamada de Operação Influencer, o maior desafio do novo PGR, depois de, até à data, uma acusação dos arguidos parece estar longe e nem António Costa chegou a ser constituído arguido.

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