Nuno Melo admite novo repatriamento de cidadãos portugueses no Médio Oriente

  • Lusa
  • 2 Outubro 2024

Teerão nega contactos com EUA antes do ataque a Israel, que a presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, já condenou "veementemente". Houthis reivindicam lançamento de três mísseis.

O ministro da Defesa Nacional, Nuno Melo, disse esta quarta-feira que o agravamento da situação militar no Médio Oriente poderá obrigar a um novo repatriamento de cidadãos portugueses, mostrando-se preocupado com o aumento da tensão naquela região.

Em Bucareste, na Roménia, depois de se reunir com o homólogo romeno, Angel Tilvar, o governante português falou da “difícil” conjuntura geopolítica atual, somando à situação no Médio Oriente, outras como a que se vive na Ucrânia ou em África.

“Os tempos são difíceis. A conjuntura geopolítica agrava-se. O conflito na Ucrânia não é uma novidade, mas também o agravamento da situação militar no Médio Oriente. O que ontem [terça-feira] aconteceu preocupa-nos muito. De resto poderá obrigar de novo ao repatriamento de vários cidadãos portugueses. O que sucede na Ucrânia, no Médio Oriente, em África, afeta-nos a todos”, disse Nuno Melo.

O ministro da Defesa Nacional insistiu que “nesta conjuntura a aliança certa é no âmbito da NATO”. “[Porque] nos protege e na qual somos um parceiro fundamental. E é esse o nosso esforço”, referiu.

O Irão lançou na noite de terça-feira um ataque de mísseis balísticos contra Israel. O Governo do Irão confirmou o lançamento de 200 mísseis contra Israel num ataque em retaliação pelos assassínios do líder do movimento islamita palestiniano Hamas, Ismail Haniyeh, do chefe do Hezbollah, Hasan Nasrallah, e de um general iraniano.

As Forças de Defesa de Israel (IDF na sigla em inglês) disseram que a maioria dos mísseis foi intercetada com o apoio dos Estados Unidos, que já garantiu que vai coordenar com Telavive a resposta a Teerão. Este foi o segundo ataque do Irão contra Israel desde abril.

O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, disse na terça-feira à noite que o Irão “cometeu um erro grave” ao atacar o seu país e que “pagará o preço”, estando Israel determinado em responsabilizar os seus inimigos.

Na sequência do ataque iraniano, Israel pediu na terça-feira à noite uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU, algo que o Irão também tinha solicitado no sábado, após uma vaga de ataques israelitas contra o sul do Líbano.

O ministro da Defesa Nacional está na Roménia para contactar com a força destacada nas missões da NATO no país.

Teerão nega contactos com EUA antes do ataque a Israel

O Irão negou contactos com os Estados Unidos antes do ataque de terça-feira contra Israel, efetuados em resposta aos assassinatos dos líderes do Hamas e do Hezbollah, disse hoje o ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano.

Abbas Araghchi disse, contudo, que Teerão comunicou com Washington após o disparo dos mísseis contra território israelita. “Antes do ataque, não houve qualquer troca de mensagens” com os Estados Unidos”, disse à televisão estatal.

Entretanto, a Organização da Aviação Civil do Irão prolongou o encerramento do espaço aéreo do país e a suspensão de voos até quinta-feira de manhã.

“Todos os voos em todo o país serão cancelados até às 05:00 (02:30 em Lisboa) de quinta-feira, para garantir a segurança face à situação na região”, anunciou o porta-voz da Organização de Aviação Civil iraniana, Jafar Yazerlu, citado pela agência IRNA.

Von der Leyen condena ataque do Irão a Israel

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, já condenou veementemente o ataque de mísseis balísticos do Irão contra Israel na noite passada, falando numa “ameaça à estabilidade regional”, que “agrava uma situação já volátil”.

“Condeno veementemente o ataque de mísseis balísticos lançado ontem pelo Irão contra Israel. Estas ações ameaçam a estabilidade regional e agravam as tensões numa situação já de si extremamente volátil”, disse Ursula von der Leyen, numa declaração divulgada pelo executivo comunitário à imprensa em Bruxelas.

“Apelo a todas as partes para que protejam a vida de civis inocentes. A União Europeia continua a apelar a um cessar-fogo na fronteira com o Líbano e em Gaza, bem como à libertação de todos os reféns detidos há quase um ano”, adiantou a responsável alemã.

Houthis reivindicam lançamento de três mísseis contra Israel

Os rebeldes iemenitas Houthis reivindicaram esta manhã o lançamento de três mísseis de cruzeiro contra Israel, que “atingiram com sucesso os seus objetivos”, afirmando ainda que estão dispostos a realizar uma “operação conjunta contra o inimigo israelita”.

“Em apoio do povo palestiniano e libanês (…), a unidade de mísseis das Forças Armadas do Iémen realizou uma operação militar contra instalações militares nas profundezas da entidade sionista na Palestina ocupada”, declarou o porta-voz militar das operações militares do grupo, Yahya Sari, num comunicado publicado na rede social X.

Assim, o porta-voz especificou que o grupo rebelde lançou “três mísseis de cruzeiro Quds 5”, sublinhando que “os mísseis conseguiram atingir com sucesso os seus alvos”.

Além disso, os Houthis reiteraram o seu apoio ao ataque com mísseis lançado na terça-feira pelo Irão contra Israel e disponibilizaram-se para se juntarem a “qualquer operação militar contra o inimigo israelita em apoio ao povo palestiniano e libanês e em resposta a qualquer agressão israelita nas frentes de apoio”.

Sari enfatizou que “o apoio contínuo dos Estados Unidos e do Reino Unido ao inimigo israelita coloca os interesses norte-americanos e britânicos numa zona de alcance de fogo”.

“Não hesitaremos em expandir as operações militares contra o inimigo israelita e aqueles que estão por trás dele até que a agressão termine, o cerco a Gaza seja removido e até que a agressão contra o Líbano se encerre”, concluiu, depois de Israel ter iniciado uma invasão ao território libanês.

Os rebeldes iemenitas – que controlam a capital do Iémen, Sana, e outras zonas do norte e oeste do país desde 2015 – lançaram vários ataques contra o território israelita e contra navios com algum tipo de ligação a Israel após o início da ofensiva militar na Faixa de Gaza, em 07 de outubro de 2023.

Além disso, os Houthis atacaram navios norte-americanos e britânicos e outros ativos estratégicos em resposta aos bombardeamentos destes dois países contra o Iémen, em operações que Washington e Londres realizam para garantir a segurança da navegação no Mar Vermelho, no Golfo do Áden e no Oceano Índico.

O exército israelita realizou no domingo um novo bombardeamento contra a cidade portuária iemenita de Hodeida (oeste) em resposta a um ataque com mísseis contra o país, após o qual os Huthis confirmaram a morte de pelo menos cinco pessoas e cerca de 60 feridos. O recrudescimento das hostilidades concretizou-se na madrugada desta terça-feira com o início de uma operação militar terrestre israelita no Líbano.

Os Houthis, aliados do Irão, afirmam que atacam Israel em solidariedade aos grupos islamitas Hamas (palestiniano) e Hezbollah (libanês), que estão em confronto com as forças israelitas.

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“Nova era” no mercado elétrico ibérico com reforço nos contratos de longo prazo

A aposta em contratos de energia longo prazo, que é promovida pela mais recente legislação europeia, vai resultar num reforço desta negociação a nível ibérico.

A ministra da Energia e do Ambiente, Maria da Graça Carvalho, indicou que está a ser preparada uma “nova era” para o Mercado Ibérico da Eletricidade (Mibel), no dia em que se assinalam 20 anos deste mercado. Esta nova fase vai absorver a legislação que tem sido emitida a nível europeu, e uma das iniciativas em cima da mesa é criar uma plataforma comum que permita um reforço na negociação de contratos de longo prazo.

“Estamos a começar uma nova era para o mercado ibérico”, afirmou Maria da Graça Carvalho, nas jornadas do PSD, nas quais participou esta terça-feira, por videochamada.

De acordo com a ministra, na sexta-feira passada, num encontro com a homóloga espanhola Teresa Ribera a propósito dos 25 nos da Convenção de Albufeira, as responsáveis pela pasta da Energia acordaram adaptar o mercado às novas regras do mercado elétrico europeu, nas quais a própria Maria da Graça Carvalho trabalhou enquanto eurodeputada. Foi negociadora pelo Partido Popular Europeu, tendo contribuído para a redação da versão final.

Na prática, uma evolução que está prevista agora para o mercado ibérico é o desenvolvimento, “em conjunto com Espanha”, de uma “plataforma comum” destinada, por exemplo, à negociação de Contratos de Aquisição de Energia de longo prazo, os chamados PPA na sigla inglesa (Power Purchase Agreement).

Um PPA é um contrato firmado entre um produtor de eletricidade e um comprador, no qual se estabelecem condições para um fornecimento de longo-prazo, explica Filipe de Vasconcelos Fernandes, Professor na Faculdade de Direito de Lisboa e Especialista em Economia e Fiscalidade da Energia. Atualmente, o Omip, o operador do polo português do mercado ibérico de eletricidade, já negoceia alguns produtos de longo prazo, mas de natureza diferente.

Há regras [no diploma europeu] que são muito importantes porque nos dão maior segurança relativamente ao investimento“, através da promoção de contratos de médio e longo prazo, como é o caso dos PPA mas também dos Contratos por Diferença (CfD), enquadrou Maria da Graça Carvalho, na respetiva intervenção.

Contactado para mais esclarecimentos, o ministério do Ambiente remeteu para o Conselho de Ministros desta semana, no qual serão divulgadas medidas na área do Clima e Energia.

A reforma do mercado elétrico a nível europeu foi aprovada no passado mês de abril. “Como ministra do Ambiente e da Energia, estou entusiasmada com os benefícios que este regulamento irá trazer a todos os consumidores de energia – pessoas e empresas – que, a partir de agora, terão mais escolhas e poder de decisão e ficarão mais bem protegidos de crises e flutuações nos preços da energia”, comentou, na altura, Maria Graça Carvalho, já no papel de ministra do Ambiente e Energia.

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📹 Empresa pode ligar depois do horário de trabalho? Veja o “Manual de sobrevivência para o trabalho”

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O seu empregador liga-lhe fora de horas? Saiba que em Portugal o direito a desligar está na lei. No “Manual de sobrevivência para o trabalho” desta semana, o ECO explica o que está em causa e que exceções existem à regra.

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Distribuidores de produtos alimentares pedem medidas para “acomodar aumentos” previstos no acordo de concertação

Associação que integra as grossistas e retalhistas do comércio alimentar alerta que aumentos trazem "encargos suportados pelas empresas e trabalhadores sobre os salários, em sede de IRC, TSU e IRS".

A Associação dos Distribuidores de Produtos Alimentares (ADIPA) afirma que o acordo de rendimentos representa “um sinal positivo e importante para a sociedade”, mas pede ao Governo medidas que permitam às empresas “acomodar os aumentos previstos”.

A ADIPA agrega empresas grossistas e retalhistas do comércio alimentar independente, conta com 282 empresas associadas, que representam mais de 1.100 supermercados de proximidade e empregando mais de 21 mil trabalhadores. Realça que ao “longo dos anos as empresas destes setores têm feito um esforço para atualizar as condições remuneratórias, nomeadamente os valores mínimos das tabelas salariais procurando na medida do possível melhorar esses referenciais mínimos”.

No entanto, argumenta que estes aumentos trazem também “encargos suportados pelas empresas e trabalhadores sobre os salários, nomeadamente em sede de IRC, TSU e IRS”.

“O tecido empresarial destes setores, nomeadamente as micro, pequenas e médias empresas independentes, pela sua importância, constituem um elemento importante para um saudável crescimento económico que garanta a tão almejada valorização salarial”, afirma a Associação dos Distribuidores de Produtos Alimentares, em comunicado.

O acordo de rendimentos consagra o aumento do salário mínimo para 870 euros em 2025 ou o reforço do benefício em sede de IRC para as empresas que façam reforços remuneratórios.

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Ex-procurador Orlando Figueira detido pela Polícia Judiciária

A Polícia Judiciária, através da Unidade Nacional de Combate à Corrupção, localizou e deteve o ex-procurador, Orlando Figueira, condenado, em dezembro de 2018.

A Polícia Judiciária (PJ) localizou e deteve o ex-procurador Orlando Figueira no âmbito da Operação Fizz, avançam em comunicado. Orlando Figueira tinha sido condenado em 2018 por corrupção, branqueamento de capitais e outros crimes no processo. O mandado de condução ao Estabelecimento Prisional de Évora tinha sido emitido na passada segunda-feira.

“A Polícia Judiciária, através da Unidade Nacional de Combate à Corrupção, localizou e deteve o ex-procurador, Orlando Figueira, condenado, em dezembro de 2018, pelo Juízo Central Criminal do Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa, a uma pena de prisão efetiva de seis anos e oito meses pelos crimes de corrupção, branqueamento de capitais, violação de segredo de justiça e falsificação de documento”, lê-se no comunicado.

Segundo refere a PJ, as diversas instâncias judiciais deram como provado que Orlando Figueira recebeu mais de 760 mil euros do ex-vice presidente de Angola, Manuel Vicente, em troca de benefícios nos processos que visavam este último no Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP).

A defesa do ex-procurador, Carla Marinho, considera a detenção “ilegal”, uma vez que “não foi concedido o prazo de 24 horas para se apresentar voluntariamente”, avança a Sic Notícias. A advogada admitiu que vai apresentar um Habeas Corpus no Supremo Tribunal de Justiça.

A informação de que o antigo magistrado do Departamento Central e Investigação e Ação Penal (DCIAP) estava na iminência de ir para a cadeia foi avançada na segunda-feira à noite pelo Observador, que descreveu os vários recursos e outros incidentes processuais suscitados pela defesa de Orlando Figueira que fizeram evitar durante anos que a condenação a seis anos e oito meses de prisão efetiva transitasse em julgado.

Porém, Orlando Figueira, conforme recorda o Observador, chegou a ir para o Estabelecimento Prisional de Évora (que acolhe reclusos que exerceram funções em forças de segurança ou pessoas que necessitam de especial proteção) em fevereiro passado, tendo sido libertado três dias depois por estar ainda pendente um recurso no Tribunal Constitucional.

Orlando Figueira foi condenado, em dezembro de 2018, pelo Tribunal Criminal de Lisboa, a uma pena de prisão efetiva de seis anos e oito meses por corrupção, branqueamento de capitais, violação de segredo de justiça e falsificação de documento, tendo sido dado como provado que recebeu mais de 760 mil euros do ex-vice-presidente de Angola, Manuel Vicente, em troca de favores nos processos que visavam o então governante angolano no DCIAP.

A acusação do Ministério Público português contra Manuel Vicente por corrupção ativa, branqueamento de capitais e falsificação de documento foi separada dos autos da Operação Fizz e enviada para as autoridades judiciárias de Angola, onde, volvidos anos, o caso está ainda numa fase embrionária.

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Tensão no Médio Oriente leva petróleo a escalar mais de 3%

As cotações da matéria-prima continuam a reagir aos receios de uma escalada do conflito no Médio Oriente, que poderá causar uma disrupção na oferta de petróleo.

Os preços do petróleo têm vindo a intensificar os ganhos ao longo da manhã e seguem a valorizar mais de 3% nos mercados internacionais, a prolongarem as subidas da última sessão, com os investidores a recearem que a escalada das tensões no Médio Oriente cause uma disrupção na oferta da matéria-prima.

O Brent, negociado em Londres, segue a subir 2,84% para 75,66 dólares por barril, enquanto o West Texas Intermediate (WTI) sobe 3,14% para 72,02 dólares por barril. Na última sessão, a matéria-prima chegou a escalar mais de 5%, a reagir à resposta do Irão, com o lançamento de vários mísseis sobre Israel, aos ataques de Telavive ao Hezbollah.

Já depois dos ataques de ontem, esta quarta-feira, Teerão disse que a ofensiva tinha terminado, afastando uma escalada do conflito. No entanto, Israel e os Estados Unidos prometeram uma retaliação contra as ações do Teerão, aumentando os receios de uma guerra aberta na região.

O Conselho de Segurança das Nações Unidas agendou para esta quarta-feira uma reunião para discutir a situação no Médio Oriente e a União Europeia apelou a um cessar-fogo imediato.

O envolvimento direto do Irão, um dos membros mais importantes da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) e um dos principais produtores, no conflito poderá levar a uma disrupção na oferta de petróleo, avisam os analistas.

“O Irão é responsável por cerca de 4% da produção global de petróleo, mas uma consideração importante será se a Arábia Saudita aumentará a produção no caso de o abastecimento iraniano ser interrompido”, alerta uma nota do Capital Economics.

A guerra no Médio Oriente entrou numa nova fase na terça-feira, após o Irão ter anunciado o lançamento de mísseis contra Israel, que prometeu que o ataque terá consequências. A escalada do conflito tem sido apontada como um risco pelas instituições económicas nacionais e internacionais, que alertam para o impacto na atividade económica e nas cadeias de abastecimento.

A repercussão no preço do barril do ouro negro é precisamente um dos principais riscos identificados por instituições como o Conselho das Finanças Públicas (CFP), mas não só. O impacto nas cadeias de abastecimento também é destacado.

No relatório de atualizações macroeconómicas, divulgado em setembro, a instituição liderada por Nazaré da Costa Cabral assinalava que “a confluência de múltiplos conflitos armados desestabilizadores” atribuía incerteza acrescida às previsões de um crescimento da economia portuguesa, num cenário de políticas invariantes, de 2,3% este ano e de 1,8% no próximo.

Em declarações ao Jornal Económico, a secretária de Estado da Energia, Maria João Pereira, garantiu que Portugal tem “reservas para três semanas em gás natural e mais de três meses em combustíveis”. “Neste aspeto, os portugueses podem ficar tranquilos”, completou a governante, citando dados da Entidade Nacional para o Sector Energético (ENSE).

(Notícia atualizada com cotações da matéria-prima às 12h58)

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CUF lança nova operação de subscrição e troca de obrigações para investidores qualificados

Grupo de saúde vai avançar com uma dupla subscrição de obrigações e troca de dívida, dando oportunidade a investidores qualificados de subscrever os títulos emitidos em maio, com uma taxa de 4,75%.

A CUF vai avançar com uma nova operação de subscrição das obrigações emitidas em maio, com uma taxa de 4,75%, aumentando esta linha de títulos, e ainda com uma oferta de troca de dívida, oferecendo as mesmas obrigações com maturidade em 2029. A operação, que não tem um montante máximo definido, é dirigida exclusivamente a investidores qualificados e decorre até ao dia 15 de outubro.

“A CUF – Sociedade Gestora de Participações Sociais, S.A. (“CUF SGPS”) informa que, na prossecução da sua estratégia financeira com foco na redução de risco de refinanciamento, e tirando partido das condições atuais de mercado para alargar a maturidade média a da sua dívida, procedeu hoje ao lançamento de duas ofertas particulares“, anunciou o grupo em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

A empresa está, assim, a realizar uma oferta de subscrição de obrigações, com taxa de juro fixa bruta de 4,75% ao ano. Esta linha de obrigações — Novas Obrigações CUF SGPS 2024/2029 — foi lançada em maio, numa operação onde o grupo de saúde levantou 60 milhões de euros junto de investidores particulares.

A segunda oferta é uma operação de troca das “obrigações emitidas pela CUF, S.A. (então designada José de Mello Saúde, S.A.) em 30 de maio de 2019, com taxa de juro anual variável equivalente à Euribor 6 meses (floor zero) acrescida de 3,75% e com o ISIN PTJLLKOM0009, representativas do empréstimo obrigacionista denominado “José de Mello Saúde 2019/2025” e/ou de obrigações emitidas pela CUF, S.A. (então designada José de Mello Saúde, S.A.) em 22 de novembro de 2019 e 28 de outubro de 2021, com taxa de juro anual variável equivalente à Euribor 6 meses (floor zero) acrescida de 3,875% e com o ISIN PTJLLDOM0016, representativas do empréstimo obrigacionista denominado “José de Mello Saúde 2019/2027” (todas estas obrigações, em conjunto, as “Obrigações José de Mello Saúde”), por Novas Obrigações CUF SGPS 2024/2029″, explica o comunicado.

Ao contrário da operação de financiamento realizada em maio, que foi dirigida a investidores particulares e empresas estabelecidas em Portugal, estas ofertas são dirigidas exclusivamente a investidores qualificados e decorrerão entre 2 e 15 de outubro de 2024.

As Obrigações José de Mello Saúde que venham a ser adquiridas pela CUF SGPS ao abrigo da referida oferta de troca serão transmitidas à CUF, S.A. para amortização e cancelamento.

A CUF adianta ainda que “será solicitada a admissão à negociação das Novas Obrigações CUF SGPS 2024/2029 no Euronext Lisbon. Com a sua emissão e admissão à negociação, as Novas Obrigações CUF SGPS 2024/2029 serão fungíveis com as obrigações com taxa de juro fixa bruta de 4,75% ao ano e com o ISIN PTVAIAOM0003 emitidas pela CUF SGPS em 11 de junho de 2024, sendo todas estas obrigações, em conjunto, representativas do empréstimo obrigacionista denominado “Obrigações Ligadas a Sustentabilidade CUF SGPS 2024-2029””, explica o mesmo documento.

Os lucros da CUF subiram 3% para 26,2 milhões de euros no primeiro semestre deste ano, com o volume de negócios da holding de saúde do Grupo José de Mello a aumentar 18,2%, para 439,1 milhões de euros, até junho. Um crescimento que traduz o incremento da atividade, com o número de consultas a subir 15,1%, as urgências 14,6%, as cirurgias 8,1% e os dias de internamento 6,5%.

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Licenciamento de postos de carregamento de elétricos “é uma tortura”, critica líder da Endesa em Portugal

  • Lusa
  • 2 Outubro 2024

"Temos projetos parados por causa do processo de licenciamento, ou porque se está à espera do ponto de ligação, ou que a Câmara dê um papel", diz Guillermo Soler, diretor-geral da Endesa em Portugal.

O diretor-geral da Endesa em Portugal disse que a empresa tem investimentos em postos de carregamento de veículos elétricos parados devido ao processo de licenciamento que é “uma tortura” e mais longo do que a obra.

“O processo de licenciamento é uma tortura – e é uma tortura em Espanha e em Portugal – nós temos projetos parados por causa do processo de licenciamento, ou porque se está à espera do ponto de ligação, ou que a Câmara [Municipal] dê um papel”, lamentou Guillermo Soler, em entrevista à agência Lusa.

O responsável apontou que o processo administrativo para a instalação de pontos de carregamento de veículos elétricos é mais longo do que a própria instalação dos equipamentos.

No entanto, ressalvou, a partir do momento em que os postos estão instalados, o sistema de mobilidade elétrica está mais desenvolvido do que em Espanha, salientando também a vantagem da rede Mobi.E, que agrega a maioria dos postos de carregamento disponíveis para utilização pública em todo país.

Na semana passada, o presidente da Associação de Utilizadores de Veículos Elétricos (UVE), Pedro Faria, defendeu o reforço da rede de carregamentos de veículos elétricos, durante uma conferência promovida pela Entidade Nacional para o Setor Energético (ENSE), em Lisboa.

Pedro Faria relatou casos em que um ponto de carregamento está pronto a operar, mas leva quase dois anos a conseguir que lá chegue a potência necessária. “Atualmente, temos uma situação inaceitável nas autoestradas, ninguém vai mudar para mobilidade elétrica se vê cinco carros na fila para carregarem na estação de serviço, estamos com uma dificuldade muito grande”, alertou.

Neste tema, a associação entende que a lei deve ser revista, para agilizar a instalação e entrada em funcionamento dos postos, e deu o exemplo de França, onde a concessão das estações de serviço foi separada da dos postos de carregamento elétrico.

Interesse para leilão de distribuição de baixa tensão

A Endesa vai olhar com interesse para o leilão de distribuição de eletricidade em baixa tensão, que foi parado pelo atual Governo para rever o modelo. “É algo que nós vamos olhar com interesse, com cautela também, para perceber qual é o modelo e quais vão ser as regras de funcionamento deste leilão, para ver se nos interessa entrar ou não”, afirmou Guillermo Soler.

O anterior Governo do PS tinha previsto publicar o leilão de distribuição de eletricidade em baixa tensão até ao final deste ano, mas o atual Governo decidiu ‘pôr o pé no travão’, para reformular o modelo.

A Endesa, que em Portugal não atua na distribuição de energia, acredita que “as redes têm um desafio espetacular pela frente”, não só no que diz respeito à baixa tensão, mas também às de média e alta tensão. “A grande dificuldade na expansão dos projetos renováveis em Portugal, mas também em Espanha, é normal, é algo conhecido por todos os atores e pelo Governo, é a limitação das redes”, apontou Guillermo Soler.

O responsável defendeu que é preciso fazer um esforço de investimento para preparar as redes com capacidade para absorver todos os objetivos de renováveis que estão previstos até 2030 e também preparar as redes de baixa tensão para o “consumo do futuro”, que é “absolutamente digital” e “totalmente diferente do atual”.

Relativamente ao leilão de baixa tensão, a Endesa diz que tem de perceber se vai fazer sentido do ponto de vista económico e de rentabilidade e explicou que o grupo de trabalho, que tem de apresentar à ministra a sua proposta até 15 de dezembro, tem como objeto, basicamente, procurar o equilíbrio entre o melhor modelo para ter as melhores redes preparadas no curto prazo e respeitar o interesse económico dos municípios, por um lado, e das empresas que têm de participar.

“Em projetos da dimensão, como os que a Endesa está a desenvolver, e não estamos a falar de projetos pequenos, a preparação das redes e este investimento que tem de se fazer é fundamental, senão vamos provocar um funil, que por muita vontade de investimento que tenham as empresas, no fim não conseguem concretizar os projetos”, afirmou o responsável.

Guillermo Soler salientou que as empresas têm determinado valor disponível para investir e, “se não há condições de investimento no mercado português, que é altamente interessante, porque, ainda por cima, tem uma regulação muito estável, vão ter de pôr o dinheiro em outro lugar”. O responsável destacou ainda a demora nos processos de licenciamento para projetos renováveis, que podem levar mais de um ano, mas disse acreditar que este tema é uma prioridade para o atual Governo, que parece estar a procurar soluções.

Adicionalmente, para a Endesa, Portugal deve também trabalhar na criação de um mercado de capacidade, para armazenar energia renovável em baterias. “Vamos ter que desenvolver este mercado de capacidade que, fundamentalmente, tem de passar por incentivos económicos para os ‘players’ desenvolverem as baterias” e que devem ser equivalentes em Portugal e em Espanha, para não “romper a visão de mercado ibérico”, defendeu.

Estabilidade nos preços é “fator diferencial” para clientes

O diretor-geral da Endesa considerou, na mesma entrevista à Lusa, que a estabilidade nos preços da energia é um fator diferencial para os clientes, que estão cada vez mais informados dos seus direitos e do funcionamento do mercado. “Sobretudo nos últimos anos, é um fator diferencial e é um dos elementos que os clientes mais valorizam neste momento, a garantia de preço”, apontou Guillermo Soler.

A Endesa, que está em Portugal na área comercial de forma ininterrupta há mais de duas décadas, é atualmente o segundo operador em número de clientes no mercado elétrico e tem como objetivo manter-se nesta posição. “Somos dos poucos operadores que, quando oferecemos um contrato a um cliente, garantem os preços durante um ano, […] e não é uma prática comum, porque já sabemos que os mercados grossistas apresentam oscilações relevantes”, realçou o responsável da elétrica.

Guillermo Soler destacou ainda que o cliente português “está muito mais informado dos seus direitos e de como funciona o mercado” do que o espanhol e que isso também se deve ao trabalho da Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE).

“Creio que temos um bom regulador em Portugal, que define muito bem as regras, de uma forma muito transparente e todos sabemos como temos de trabalhar”, afirmou, comparando, a título de exemplo, com o setor das telecomunicações, onde são permitidas fidelizações de clientes. “O cliente doméstico português sabe que pode entrar e sair e procurar melhores propostas a qualquer momento”, sublinhou.

Guillermo Soler, diretor-geral da Endesa em PortugalLusa

Questionado sobre a melhor forma de conseguir preços de eletricidade mais estáveis e previsíveis para as famílias, o diretor-geral considerou que a contribuição das energias renováveis é fundamental, porque afetará diretamente a composição do preço grossista.

O responsável apontou que a nova proposta de desenho do mercado elétrico europeu introduz alguns elementos que visam precisamente evitar as oscilações de preços, sobretudo em momentos de crises, como, por exemplo, a promoção da utilização dos contratos de longa duração de venda de energia (PPA).

Guillermo Soler vincou que um mercado de capacidade que permita armazenar energia renovável em grandes quantidades também ajuda a evitar situações como a que aconteceu este ano, com uma revisão excecional de tarifas em junho, que levou ao aumento dos preços.

“Nós tomámos uma decisão muito relevante no mês de maio, ao tomarmos conhecimento da revisão excecional das taxas, que consiste em não aplicar a taxa social no setor doméstico durante o ano de 2024 e estamos a falar de um impacto nas nossas demonstrações de resultados de algo semelhante a dois milhões e meio de euros que não passamos para os clientes”, disse o responsável.

Os custos da tarifa social de eletricidade passaram a ser partilhados entre produtores, comercializadores e restantes agentes no mercado de consumo de energia elétrica, após a Comissão Europeia ter dado razão à queixa da EDP. Esta medida permite que os comercializadores repercutam este custo na fatura aos clientes, se assim entenderem.

“Neste momento, o regulador está a definir as tarifas para entrada em vigor em 01 de janeiro, em princípio, a primeira proposta deverá ser conhecida em meados do mês de outubro, e quando tivermos essa proposta, vamos avaliar qual vai ser a nossa estratégia [para a tarifa social em 2025]”, explicou Guillermo Soler.

Abandona gás para produção de eletricidade em 2040

A Endesa decidiu abandonar a produção de eletricidade com gás natural em 2040 e apostar na eletrificação. “Nós, em 2040, vamos abandonar o gás, como uma medida de descarbonização clara e estratégica e apostamos na eletrificação”, anunciou o diretor-geral da Endesa em Portugal, que assumiu a liderança da empresa em fevereiro de 2023, sucedendo a Nuno Ribeiro da Silva.

Em Portugal existem quatro centrais de ciclo combinado a gás natural – Ribatejo, Lares, Pego e Tapada do Outeiro – que dão capacidade ao sistema elétrico nacional para reagir quando faltam as fontes de energia renovável.

A Endesa apontou que nenhuma elétrica anunciou ainda a mesma decisão, porque é uma decisão audaz e sem retorno, tal como aconteceu com o carvão. “Em geração, em Portugal, a principal premissa é a descarbonização, encerrámos a Central do Pego, que era a carvão, e a de Las Puentes, em Espanha, que eram as duas últimas duas centrais a carvão da Península Ibérica, e temos um objetivo de deixar o gás no ano de 2040, ou seja, do ponto de vista estratégico na geração, a descarbonização é o principal”, realçou o responsável.

A Central Termoelétrica do Pego, no concelho de Abrantes (Santarém), da qual a Endesa era acionista, deixou de produzir energia a partir do carvão em novembro de 2021, após uma decisão do Governo, no âmbito da estratégia de descarbonização nacional que, segundo representantes sindicais, afetou 150 trabalhadores e 350 familiares, numa localidade de 2.500 habitantes.

A Endesa ganhou o concurso de transição justa para a reconversão da Central Termoelétrica do Pego, com um projeto de investimento de cerca de 700 milhões de euros, que combina a hibridização de fontes renováveis (solar fotovoltaica e eólica) e o seu armazenamento, com iniciativas de desenvolvimento social e económico.

Dada a complexidade do projeto, a empresa decidiu dividi-lo em quatro blocos, que estão em diferentes fases de tramitação ambiental, com vista à entrada em funcionamento em 2027, sendo que o primeiro bloco de Aranhas, para energia eólica equivalente ao consumo de 350.000 habitações durante um ano, aguarda os resultados da consulta pública.

“Creio que o trabalho de preparação desta permissão ambiental foi feito com uma consideração e uma sensibilidade muito alta, estamos confiantes que não vamos ter grandes problemas, mas há que esperar pelo resultado da consulta pública”, disse Guillermo Soler.

O projeto para o Pego prevê que, num único ponto de ligação à rede, seja introduzida eletricidade proveniente de diferentes tecnologias e daí a entrada em funcionamento em termos comerciais esteja prevista para 2027, para que sejam realizados os testes necessários a garantir que esta hibridização funciona corretamente.

“Num dia em que faça sol, será possível injetar energia [solar] no ponto de ligação, mas se, adicionalmente, nesse dia também tivermos vento, a limitação do ponto de ligação vai obrigar a guardar energia em baterias”, explicou o diretor-geral, realçando que este processo “tem uma complexidade que não é unicamente a de desenvolver o parque eólico, ou fotovoltaico, ou a bateria, ou o eletrolisador”.

Além do “projeto estrela” no Pego, a Endesa tem em Portugal outros dois projetos de menores dimensões que deverão estar prontos a operar sensivelmente ao mesmo tempo que o do Pego, depois de ter ganhado o leilão solar flutuante na albufeira do Alto da Rabagão, em Montalegre, e também o parque fotovoltaico Pereiro, no Algarve, obtido a partir do leilão de 2020.

“No total, nestes três projetos, estamos a falar de um investimento de 925 milhões de euros para Portugal e estamos a falar de 1 gigawatt (GW) de potência instalada no país, que já é uma potência muito relevante”, salientou Guillermo Soler.

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Walz e Vance empatam em debate entre candidatos a vice-presidente dos EUA com mais substância política

  • Lusa
  • 2 Outubro 2024

Grupo de eleitores indecisos inquiridos pela NBC News deu a vitória ao democrata, mas a maioria dos analistas mostrou inclinação para um empate, num debate com menos momentos crispados.

Nenhum dos candidatos a vice-presidente dos EUA saiu vencedor claro do debate, com o democrata Tim Walz e o republicano J.D. Vance a contraporem mais políticas que polémicas num frente a frente cordial.

“Achei um debate muito equilibrado”, disse à Lusa a cientista política Daniela Melo, professora na Universidade de Boston. A politóloga indicou que, ao contrário do que aconteceu com os candidatos presidenciais, foi um debate com políticas. “Walz começou nervoso mas depois recuperou”, notou a especialista, que classificou o debate como “um empate”.

Embora ambos tenham sido cautelosos com as palavras, Daniela Melo considerou que o republicano Vance se mostrou mais seguro do princípio ao fim e que foi depois do intervalo que Walz conseguiu ter muitos momentos fortes. “Ambos fizeram o que tinham de fazer: não prejudicaram o candidato [presidencial], mostraram as diferenças em políticas, e não cometeram gafes graves”, sintetizou.

Melo considerou que Vance conseguiu fazer o “sanewashing” das políticas mais problemáticas do candidato presidencial republicano Donald Trump, usando uma expressão que foi amplamente repetida por analistas no rescaldo do debate. É uma referência à estratégia de Vance de fazer ideias extremistas parecer aceitáveis.

No entanto, a estratégia derrapou no final, naquele que a professora considerou ter sido o momento de maior destaque do debate: quando Walz perguntou a Vance sobre o 6 de janeiro de 2021 e a tentativa de subverter os resultados da eleição e o republicano mudou de conversa, recusando-se a admitir que Trump perdeu para Joe Biden em 2020. Foi um momento que a comentadora da CNN Abby Phillip considerou embaraçoso, depois de Vance ter passado todo o debate a tentar reabilitar a sua imagem negativa.

A forma polida, educada e articulada com que Vance falou foi um dos pontos mais referidos nas reações. A senadora Amy Klobuchar, uma das democratas que tinha sido escolhida para fazer a defesa do partido pós-debate, apontou que Vance se mostrou compreensivo e com alguma compaixão ao mesmo tempo que defende políticas cruéis.

“O que vimos esta noite foi a mesa da cozinha versus a Ivy League”, disse o comentador da CNN Van Jones, que frequentou a mesma escola de direito que Vance. “É assim que nos ensinam a fazer, de forma polida. O problema é que J.D. Vance muda de personalidade como as pessoas mudam de camisa”, disse Jones.

O comentador disse que a missão de Vance era mudar a sua imagem e fazer parecer aceitáveis os comentários polémicos que fez sobre mulheres e sobre migrantes haitianos. “Ele mentiu a noite toda”, frisou Jones, caracterizando-o como “muito enganoso”.

Da perspetiva republicana, disse o estratega David Urban, Vance obteve nota máxima. “Conseguiu murros certeiros mas fê-lo com luvas de veludo”, afirmou. “Muito suave, simpático, pareceu presidencial, comandou os factos, não ficou incomodado. É o tipo com quem se quer beber uma cerveja”, acrescentou. Na televisão MSNBC, Rachel Maddow considerou que Vance foi polido mas Walz ganhou o debate.

Um grupo de eleitores indecisos inquiridos pela televisão NBC News também deu a Walz a vitória, mas a maioria dos analistas mostrou inclinação para um empate, num debate que teve menos momentos crispados que o encontro entre Trump e a candidata presidencial democrata Kamala Harris.

Moderado pela CBS News, este foi o último debate que está previsto no ciclo eleitoral. As eleições estão marcadas para 5 de novembro e vários estados já começaram a permitir o voto antecipado e por correspondência. O agregado das sondagens da plataforma FiveThirtyEight dá Harris como líder, com 2,7% de vantagem sobre Trump a nível nacional.

Walz acusa Trump de ser instável e defende direito de Israel à defesa

O candidato democrata a vice-presidente dos EUA Tim Walz acusou o republicano Donald Trump de ser instável e demasiado inconstante para lidar com conflitos internacionais, durante o debate vice-presidencial contra J.D. Vance. “Precisamos de liderança estável”, afirmou Walz, defendendo que a candidata presidencial democrata Kamala Harris garante essa estabilidade numa altura em que o conflito no Médio Oriente está a agudizar-se.

Walz disse que Israel tem o direito a defender-se e que a escalada com o Irão tem origem não só no ataque do movimento islamita palestiniano Hamas a 07 de outubro de 2023, mas também nas decisões da administração de Trump, que provocou a rutura do acordo de não-proliferação nuclear com o Irão.

“O mundo viu um Trump de quase 80 anos a falar do tamanho das multidões”, apontou Walz, referindo-se ao debate presidencial de setembro. “Os seus dois secretários da Defesa disseram que Trump não devia sequer chegar perto da Casa Branca”, continuou o democrata.

Em matéria de política externa e resolução de conflitos, Walz considerou que é necessário entender a importância dos aliados dos Estados Unidos. “O que vimos com Kamala Harris é liderança estável”, afirmou, por oposição a um Trump que os aliados veem a aproximar-se dos líderes russo Vladimir Putin e norte-coreano Kim Jong-un.

“Os nossos aliados entendem que Donald Trump é instável”, reiterou, acusando o ex-presidente de ser permeável à lisonja de líderes autoritários. “Vamos proteger as nossas forças e os nossos aliados e haverá consequências”, contrapôs.

Num debate cordial, com poucos momentos crispados, Walz também foi chamado a responder a uma discrepância no seu próprio currículo. O governador do Minnesota admitiu que errou quando disse que tinha estado em Hong Kong e na China continental durante os protestos pró-democracia de maio e junho de 1989, que culminaram no massacre de Tiananmen. Ele chegou em agosto.

“Às vezes sou cabeça dura”, admitiu. “Cheguei lá nesse verão e falei errado sobre isto. Estava em Hong Kong e China durante os protestos democráticos, e aí aprendi muito sobre o que significa governar”, disse.

Walz chocado por recusa de Vance dizer que Trump perdeu em 2020

O candidato democrata a vice-presidente dos EUA Tim Walz mostrou-se chocado durante o debate com J.D. Vance quando o rival se recusou a admitir que Donald Trump perdeu as eleições em 2020. “Estou bastante chocado com isto. Ele perdeu a eleição. Isso não está em debate”, afirmou Walz, depois de perguntar diretamente a Vance se reconhecia o resultado, sem resposta positiva.

“Agentes da polícia foram espancados no Capitólio e alguns vieram a morrer”, apontou Walz, lembrando que os invasores pediram a forca para o então vice-presidente Mike Pence por ter certificado a vitória do Presidente dos Estados Unidos Joe Biden.

“A decisão que Mike Pence tomou é a razão pela qual não é ele quem está a debater neste palco”, disse Walz. “Foi a primeira vez que um presidente tentou subverter uma eleição justa e transição do poder”, continuou, criticando a “história revisionista” que Vance estava a tentar fazer ao desvalorizar o assalto ao Capitólio.

O democrata considerou que foi “um ataque à democracia” como nunca antes visto no país e, olhando diretamente para a câmara, fez um apelo aos eleitores: “América, vocês têm aqui uma escolha muito clara. Quem vai honrar a democracia e quem vai honrar Donald Trump?”.

Num debate cordial, em que os dois oponentes chegaram a mostrar empatia um para com o outro, Walz passou em revista as grandes propostas da candidata democrata à presidência, Kamala Harris, e evitou atacar diretamente Vance, optando por mandar farpas a Trump.

Os temas do aborto, cuidados de saúde e imigração foram os que mais animaram o governador do Minnesota, que criticou o histórico dos republicanos nestas matérias e as propostas de Trump-Vance se vencerem.

“Somos pró-mulher, a favor de que tomem as vossas decisões”, disse Walz, prometendo reinstituir o direito federal ao aborto que foi revogado pelo Supremo Tribunal e entregue aos estados. “Como é que uma nação pode dizer que a sua vida e o direito a tomar decisões sobre o seu corpo é determinado pela geografia”, questionou Walz. “Somos a favor da liberdade para as mulheres”, acrescentou.

O democrata criticou as tentativas de Trump de eliminar o Affordable Care Act (ACA, também conhecido como Obamacare), que permitiu a mais de 20 milhões de pessoas obterem acesso a seguros de saúde.

Quando Vance defendeu que Trump tinha melhorado o sistema, Walz rejeitou a alegação e disse que foi o senador republicano John McCain quem salvou o ACA. “Quando Trump disse que tinha um conceito de plano para a saúde deu-me vontade de rir”, disse Walz, apontando que foi Harris quem conseguiu pela primeira vez a negociação dos preços de 10 medicamentos para baixar os custos dos doentes.

Na economia, o foco do democrata foi o plano de construir três milhões de casas para combater os preços elevados das rendas e de dar um apoio de 25 mil dólares (22.600 euros) a quem quiser comprar a primeira casa. “Esta é uma diferença filosófica. Trump deu cortes de impostos aos mais ricos. Agora está a propor um imposto de 20% sobre tudo o que importarmos”, disse Walz, referindo-se às tarifas propostas pelos republicanos.

O contraste, indicou, é que os democratas “acreditam na classe média” e querem que os mais ricos “paguem a fatia justa”. Vance tentou ligar a falta de habitação acessível ao aumento da imigração ilegal, algo que Walz refutou.

A imigração foi um tema quente da noite, embora a controvérsia relativa aos migrantes em Springfield, Ohio – que Vance tinha acusado de comerem animais de estimação — tenha sido mencionada apenas de passagem.

“Resolvemos este problema com legislação”, disse Walz, apontando que Trump impediu a aprovação de um pacote bipartidário que iria levar muitos mais recursos à proteção da fronteira sul e à resolução dos pedidos de asilo.

JD Vance pede mudança e mais segurança nas escolas para travar tiroteios

O candidato republicano à vice-presidência dos EUA defendeu mais segurança nas escolas para conter a violência armada, num debate em que advogou que o país precisa de uma mudança que passe por Donald Trump.

Na terça-feira, naquele que foi o primeiro (e possivelmente único) debate vice-presidencial de 2024, JD Vance abordou alguns dos temas que mais pesam contra os republicanos na corrida eleitoral, nomeadamente a violência armada que assola o país e a questão do aborto.

O parceiro de Trump na corrida presidencial pediu mais segurança nas escolas para conter a violência armada, apesar de os republicanos se oporem a retirar armas de assalto das ruas.

“Eu, infelizmente, acho que temos que aumentar a segurança nas nossas escolas. Temos que fazer as portas trancarem melhor. Temos que tornar as portas mais fortes. Temos que tornar as janelas mais fortes e, claro, temos que aumentar os recursos dos agentes nas escolas, porque a ideia de que podemos magicamente acenar uma varinha e [tirar] as armas das mãos dos bandidos” não é realista, defendeu o senador do Ohio.

A questão da violência armada levou a um breve momento de conciliação entre Vance e Tim Walz, depois que o candidato democrata à vice-presidência mencionou que um dos seus filhos testemunhou um tiroteio num centro comunitário. O relato de Walz surpreendeu e entristeceu visivelmente Vance, que lamentou a experiência do filho do governador.

No confronto de candidatos a vice-presidente, Vance também afirmou que “nunca apoiou uma proibição nacional do aborto”, embora, em 2022, quando concorria ao Senado, ter dito que “certamente gostaria que o aborto fosse ilegal nacionalmente”.

No debate, marcado por um registo cordial entre ambos, Vance foi encurralado pelo seu oponente quando surgiu o assunto do ataque ao Capitólio de 06 de janeiro de 2021, tendo-se esquivado de responder à questão sobre se Trump perdeu a eleição presidencial de 2020.

“Isso foi uma ameaça à nossa democracia de uma forma que não tínhamos visto e manifestou-se por causa da incapacidade de Donald Trump de dizer — e ele ainda diz — que não perdeu a eleição”, defendeu Walz, governador do Minesota.

O candidato democrata à vice-presidência perguntou então diretamente a Vance: “Ele [Trump] perdeu a eleição de 2020?”, mas o senador do Ohio recusou-se a responder. “Tim, estou focado no futuro”, disse Vance, que alegou que Trump “entregou pacificamente o poder” ao deixar o cargo de Presidente, numa eleição que perdeu para Joe Biden. “Isso é uma maldita de uma não-resposta”, contestou Walz.

Trump continua a recusar reconhecer a sua derrota nas eleições de 2020 e nega qualquer envolvimento no ataque de 06 de janeiro de 2021, quando os seus apoiantes invadiram violentamente o Capitólio norte-americano para tentar evitar a confirmação da vitória eleitoral de Biden.

No debate, que teve lugar nos estúdios da estação televisiva CBS News em Nova Iorque, Vance disse acreditar que todos os norte-americanos, independentemente da sua condição, merecem ter as suas necessidades básicas atendidas, apelando aos eleitores por uma mudança que passe pelo ex-presidente Donald Trump.

“Acredito que, seja rico ou pobre, você deve poder comprar uma casa, deve poder viver em bairros seguros, não deve ter as suas comunidades inundadas com fentanil, e isso também ficou mais difícil por causa das políticas de Kamala Harris”, atacou o senador.

Kamala Harris é “vice-presidente há três anos e meio” e as “suas políticas fizeram piorar esses problemas”, advogou. “Precisamos de mudança, precisamos de uma nova direção, precisamos de um Presidente que já fez isso antes – e fez bem. Por favor, vote em Donald Trump”, instou.

JD Vance recusa responder se Trump separaria crianças migrantes dos pais

O candidato republicano à vice-presidência dos EUA recusou responder se um segundo Governo de Donald Trump separaria crianças migrantes dos pais, uma política que o ex-presidente colocou em prática sob enormes críticas.

Na terça-feira, naquele que é o primeiro (e possivelmente único) debate vice-presidencial de 2024, JD Vance e o candidato democrata a vice-presidente dos Estado Unidos, Tim Walz, enfrentaram questões das moderadoras da televisão CBS News sobre imigração, com o republicano a ser confrontado com as promessas de deportações em massa feitas por Donald Trump em caso de reeleição.

Vance, senador do Ohio, recusou-se por duas vezes a responder a uma pergunta direta sobre se a deportação em massa prometida por Trump separaria os adultos imigrantes indocumentados dos seus filhos, que poderão ser cidadãos nascidos em solo norte-americano.

O senador de 40 anos optou por criticar a política de fronteiras da atual administração de Joe Biden e Kamala Harris e defender que o país precisa de conter a imigração.

“Temos que estancar a hemorragia”, disse Vance, alegando que os Estados Unidos têm uma crise de imigração porque a vice-presidente e candidata presidencial democrata, Kamala Harris, quis desfazer as políticas de Trump para as fronteiras.

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Depois do Porto de Lisboa, programa de inovação TagusInnov desembarca no Porto de Setúbal

Três startups foram escolhidas na primeira edição do TagusInnov, programa de inovação do Porto de Lisboa. O próximo passo é estender o programa envolvendo o Porto de Setúbal.

As portuguesas DeepNeuronic, a NILG.AI e a sueca Nudgd são as três startups vencedoras do TagusInnov, programa de inovação criado pela Administração do Porto de Lisboa (APL), em parceria com o Forum Oceano, para “atingir o seu objetivo estratégico de se tornar um ‘porto mais verde'”. “O próximo passo será lançar um novo programa no Porto de Setúbal.”

“O TagusInnov terá várias edições e novos parceiros, incluindo stakeholders portuários, investidores privados e portos internacionais. O próximo passo será lançar um novo programa no Porto de Setúbal, em articulação com o Porto de Lisboa, criando um programa de inovação para o ecossistema do Porto de Setúbal”, revela Isabel Moura Ramos, vogal do Conselho de Administração da APL, com pelouro de estratégia e Inovação, ao ECO.

“A expectativa é que ambos ganhem notoriedade internacional e se tornem atrativos na busca de soluções ‘sustentáveis e inovadoras’ para todo o ecossistema dos portos da região de Lisboa. A próxima edição será dedicada ao tema ‘Portos Inteligentes e Verdes'”, acrescenta a responsável.

O programa de inovação, criado pela APL (Administração do Porto de Lisboa) em parceria com o Forum Oceano, tem como principal objetivo “acelerar e fomentar uma cultura de inovação, tanto interna como externa, no Porto de Lisboa”, explica Isabel Moura Ramos. “A sua missão é explorar e potenciar um laboratório vivo para a experimentação de novos processos, tecnologias, produtos ou serviços, que contribuirão para impulsionar a inovação em todo o ecossistema do Porto de Lisboa e nas suas diversas áreas de negócio. O Porto de Lisboa será um porto de teste para demonstradores e protótipos, tanto nacionais como internacionais”, continua.

O TagusInnov terá várias edições e novos parceiros, incluindo stakeholders portuários, investidores privados e portos internacionais. O próximo passo será lançar um novo programa no Porto de Setúbal, em articulação com o Porto de Lisboa, criando um programa de inovação para o ecossistema do Porto de Setúbal.

“O programa abrange outras três dimensões importantes: a atração de capital humano (talento e novos quadros) para o nosso ecossistema, a captação de investimento privado e a internacionalização”, refere ainda. Nesse último âmbito, “o Porto de Lisboa assinou recentemente dois memorandos de entendimento com o Porto de Barcelona e o Porto de Santos, no Brasil, com o objetivo de partilhar iniciativas e programas de inovação.

“Para a APL, este programa permitirá também atingir o seu objetivo estratégico de se tornar um ‘porto mais verde, inteligente e resiliente’ e atuar como um acelerador de uma economia descarbonizada, digital e circular, posicionando-se como pioneiro na inovação e no crescimento da economia azul a nível internacional”, destaca a vogal da APL.

Vencedores da primeira edição

A primeira edição do TagusInnov foi integrada no programa Portugal Blue Digital Hub (PBDH), apoiado pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), cujo consórcio inclui, entre outros parceiros, o Fórum Oceano e a Beta-i, e teve como foco a área de lazer e turismo – a terceira vertente também prevista é dedicada à mobilidade. De um total de 94 candidaturas, três startups, a DeepNeuronic, a NILG.AI e a Nudgd, emergiram vencedoras.

“A adequação e maturidade das startups foram alguns dos critérios de avaliação rigorosa da APL e da Beta-i, resultando na seleção de oito propostas de projetos-piloto. Posteriormente, ocorreu uma semana de bootcamp, durante a qual a equipa da APL, as startups e membros da comunidade marítima e turística puderam alinhar-se, culminando na escolha de três projetos-piloto”, descreve Isabel Moura Ramos.

Isabel Moura Ramos, Vogal do Conselho de Administração da APL, com pelouro de estratégia e Inovação

As vencedoras surgem com soluções para diversas áreas. Na gestão de segurança, a portuguesa DeepNeuronic tem uma solução que se foca na deteção e reconhecimento automático de eventos perigosos e comportamentos humanos anormais para a segurança e proteção pública.

Na categoria de simplificação de burocracia, o júri escolheu a solução da portuguesa NILG.AI que “cria soluções costumizadas com base em IA para identificar as melhores oportunidades no negócio”. Já os suecos Nudgd desenvolveram uma plataforma para facilitar hábitos amigos do ambiente entre os utilizadores e fornecer insights no reporte do ESG” na área de comunicação de atividades náuticas.

“Nesta fase, tanto a APL como as startups contam com o apoio do PBDH e do Fórum Oceano, oferecendo acompanhamento durante a fase de testes, recursos humanos e apoio administrativo e estrutural. O objetivo é ajudar no desenvolvimento do projeto, cocriar o modelo de negócio e explorar a sua replicação e escalabilidade“, afirma Isabel Moura Ramos quando questionada sobre os próximos passos.

Para este projeto, a APL contribui com cerca de 360 mil euros, “somando-se a outras fontes de financiamento privado e europeu”. “O objetivo é atrair um investimento global de um milhão de euros no próximo triénio”, aponta.

5,5 milhões para digital twin para gestão portuária

O TagusInnov é um dos projetos de empreendedorismo em que o Porto de Lisboa está envolvido. O Smart Port LX é outro. “É um projeto ambicioso e transformador da realidade portuária e da relação do porto-cidade, com o objetivo de criar um digital twin para a monitorização e gestão inteligente de toda a área de jurisdição e operações portuárias. O investimento previsto é de cerca de 5,5 milhões de euros”, adianta a responsável.

“Estamos a implementar pilotos em várias áreas: um para a eficiência na gestão de recursos da Doca de Santo Amaro; outro para a energia renovável (eólica) no VTS em Algés e nos nossos edifícios administrativos. Estamos também a iniciar o primeiro piloto para o uso de inteligência artificial em operações de um terminal portuário”, descreve.

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Hoje nas notícias: Digi, imposto Mortágua e ensino superior

  • ECO
  • 2 Outubro 2024

Dos jornais aos sites, passando pelas rádios e televisões, leia as notícias que vão marcar o dia.

Pedro Siza Vieira considera que demorou-se demasiado tempo a fazer a reprivatização da Efacec, defendendo-se das críticas do Tribunal de Contas à operação, que poderá custar mais de 560 milhões aos contribuintes. Já os proprietários dizem que o imposto Mortágua deve ser abolido e tem impactos negativos no setor da habitação. A Digi fez um acordo com a Vantage Towers, que lhe vai permitir reforçar a rede móvel em Portugal. Veja estas e outras notícias em destaque na imprensa nacional esta quarta-feira.

Digi reforça cobertura móvel com acordo com Vantage Towers

A Vantage Towers e a Digi assinaram um acordo um acordo comercial para a utilização de torres de telecomunicações em Portugal. De acordo com o diretor-geral da Vantage Towers em Portugal, Paolo Favaro, esta parceria vai permitir reforçar a rede móvel da operadora romena em Portugal. Os planos de crescimento da empresa de infraestruturas passam por aumentar o número de inquilinos por torre e não por reforçar o portefólio com novas compras, adiantou o mesmo responsável.

Leia a notícia completa no Jornal de Negócios (acesso pago)

Proprietários pedem “abolição urgente” do imposto Mortágua

O presidente da Associação Lisbonense de Proprietários já pediu ao Executivo a abolição do Adicional ao IMI, o chamado imposto Mortágua. Luís Menezes Leitão considera este imposto uma “escandalosa tributação fiscal” com impactos negativos no setor da habitação e diz que é uma travão ao investimento em prédios habitacionais. O chamado imposto Mortágua aplica-se a imóveis que tenham um valor patrimonial superior a 600 mil euros e vem do anterior Executivo.

Leia a notícia completa no Jornal Económico (acesso pago)

Alunos pobres colocados no ensino superior caem mais de 40%

Do total de alunos colocados na 1ª fase do concurso de acesso ao Ensino Superior, apenas 3,3% eram beneficiários do escalão A de ação social escolar. Trata-se de 1.655 estudantes, um número que representa uma quebra de 41% face ao ano passado, quando se lançou um contingente especial para estes alunos e que apenas vigorava na primeira fase de acesso. Das vagas reservadas, grande parte não foi utilizada. O Governo diz que vai estudar esta quebra e vai rever o modelo de Ação Social.

Leia a notícia completa no Jornal de Notícias (acesso pago)

Siza Vieira: “Demorou-se demasiado tempo a reprivatizar a Efacec”

O ex-ministro da Economia, Pedro Siza Vieira, argumenta que as críticas feitas pelo Tribunal de Contas ao caso Efacec dizem respeito a quem conduziu o processo depois dele, numa alusão a Fernando Medina. O antigo governante diz ainda que “demorou-se demasiado tempo a fazer a reprivatização da Efacec”, num momento em que a Iniciativa Liberal pediu uma Comissão Parlamentar de Inquérito à operação, que poderá custar mais de 560 milhões de euros aos contribuintes. A auditoria do Tribunal de Contas considera que a nacionalização da Efacec, aprovada pelo Governo de António Costa em 2020, não foi devidamente fundamentada nem cumpriu os objetivos propostos.

Leia a notícia completa no Diário de Notícias (link indisponível)

“Não é ser xerife”. Loures também quer polícia municipal a fazer detenções

Ricardo Leão, presidente da Câmara Municipal de Loures desde 2021, concorda com o presidente da Câmara de Lisboa na polémica que abriu em torno das detenções feitas pela polícia municipal. Em entrevista à Rádio Renascença, o autarca coloca-se ao lado de Carlos Moedas e diz que é realista fazer esta mudança [que permite à polícia municipal fazer detenções] por causa da falta de meios. Ricardo Leão refere que “temos um problema de falta de meios na PSP, mas já existia, tanto no Governo anterior, como neste”. “Digo com toda a frontalidade, a mim o que me importa é que a segurança na rua seja efetiva, e seja atuante”, reforça.

Leia a notícia completa na Rádio Renascença

 

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Greenvolt assegura financiamento de 350 milhões de euros com “apoio da KKR”

  • ECO
  • 2 Outubro 2024

Executado com o apoio da KKR, a empresa de energias renováveis contratou um financiamento sindicado no montante de 350 milhões de euros e com reembolso bullet em três anos.

A Greenvolt, liderada por João Manso Neto, garantiu um financiamento de 350 milhões de euros, executado com o apoio da KKR.

Em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), a empresa “informa sobre a contratação pelo grupo de um financiamento sindicado no montante de 350 milhões de euros e com reembolso bullet em três anos“.

O financiamento, “executado com o apoio da KKR, encontra-se sujeito a termos e condições, incluindo garantias, habituais em operações semelhantes” refere ainda a empresa de energias renováveis.

O sindicato de credores é composto por um credor institucional e cinco bancos, com quatro novas instituições financeiras a juntarem-se à Greenvolt como credores corporativos, “reforçando assim a estratégia da sociedade de construir relações de longo prazo com instituições financeiras chave à medida que expande as suas operações no setor das energias renováveis”, adianta o grupo.

Na mesma nota, refere que este financiamento “fortalecerá o balanço da Greenvolt e será utilizado para fins gerais e para fomentar o desenvolvimento do pipeline de 9,3 GWs de utility-scale do grupo, impulsionando a próxima fase de crescimento da sociedade”.

“Este financiamento traduz a confiança do mercado na estratégia e visão da Greenvolt. Constitui igualmente um importante passo para a transição energética e para a concretização dos ambiciosos objetivos de crescimento do grupo”, afirma o CEO João Manso Neto, citado numa enviada às redações.

No primeiro semestre deste ano, a Greenvolt agravou os prejuízos em 143%, para 19 milhões de euros. o resultado foi influenciado pelos baixos preços da pool de eletricidade no Reino Unido, onde a energética portuguesa tem vários ativos de biomassa, e pelo investimento em curso no segmento de projetos de larga escala, no qual não ocorreram novas transações de rotação de ativos durante o semestre.

A Greenvolt opera no setor das energias renováveis, desenvolvendo a sua atividade na geração de energia limpa através de biomassa residual, na promoção de projetos utility scale, mas também na conceção e desenvolvimento de projetos de geração distribuída.

Na biomassa residual está presente em Portugal e no Reino Unido, onde detém a Tilbury Green Power e a central de Kent. No utility scale, o grupo detém um pipeline de 9,3 GW em projetos eólicos, solares fotovoltaicos e soluções de baterias em 16 países. Já na geração gistribuída prossegue o crescimento da sua plataforma pan-europeia de autoconsumo, estando já em 12 geografias.

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