Défice energético da Zona Euro cai 27% e balança corrente dispara para excedente recorde de 2,7% do PIB
A área do euro reforçou a sua posição económica global com uma duplicação do excedente da balança corrente e com o investimento internacional da área do euro a crescer 13,4% até setembro.
A economia da área do euro apresentou uma melhoria significativa na sua posição externa, segundo os dados mais recentes divulgados pelo Banco Central Europeu (BCE).
O relatório trimestral sobre a balança de pagamentos e a posição de investimento internacional da zona euro divulgado esta segunda-feira revela um fortalecimento da balança corrente e um aumento dos ativos líquidos face ao resto do mundo.
Os números do BCE destacam o expressivo aumento de 111% do excedente da balança corrente. Nos quatros trimestres até setembro de 2024, a área do euro registou um excedente de 403 mil milhões de euros, o que representa 2,7% do PIB da região. Este valor contrasta significativamente com o excedente de 191 mil milhões de euros (1,3% do PIB) observado no período homólogo.
Um excedente da balança corrente indica que a região está a exportar mais do que importa, o que pode contribuir para o crescimento económico e para a criação de emprego nos setores exportadores.
“Esta evolução foi principalmente impulsionada por um maior excedente de bens (de 186 mil milhões de euros para 365 mil milhões de euros) e, em menor medida, pelo alargamento dos excedentes de serviços (de 138 mil milhões de euros para 153 mil milhões de euros) e de rendimentos primários (de 31 mil milhões de euros para 44 mil milhões de euros)”, explica o BCE em comunicado.
A melhoria no saldo de bens é particularmente marcada por uma redução de 27% do défice energético. O BCE destaca que “o aumento do excedente de bens deveu-se principalmente a um menor défice nos produtos energéticos (de 366 mil milhões para 267 mil milhões de euros)”. Esta evolução reflete uma combinação de fatores, incluindo uma potencial redução nos preços da energia e uma melhoria na eficiência energética da região.
No plano dos serviços, os números do BCE mostram que o aumento do excedente foi impulsionado principalmente pelos setores de telecomunicações, informática e informação, que alcançou uma subida homóloga de 18,5% para 192 mil milhões de euros, assim como pelo turismo, cujo saldo aumentou 15,7% para 59 mil milhões de euros.
Mudanças geográficas significativas
A análise das contrapartidas geográficas da balança corrente da área do euro revela que nos quatro trimestres até setembro de 2024, a área do euro registou os seus maiores excedentes bilaterais face ao Reino Unido (210 mil milhões de euros, 5% acima dos 200 mil milhões de euros um ano antes) e à Suíça (79 mil milhões de euros, 3,7% abaixo dos 82 mil milhões de euros).
Esta situação contrapõe com a mudança na relação com os EUA, com o saldo face à maioria economia do mundo a passar de um défice de 31 mil milhões de euros para um excedente sete mil milhões de euros. Esta alteração pode indicar uma melhoria na competitividade das exportações europeias para o mercado americano ou uma redução nas importações provenientes dos EUA.
Por outro lado, “o maior défice bilateral foi registado face à China”, fixando-se em 90 mil milhões de euros no terceiro trimestre de 2024. Apesar de ainda ser um défice significativo, a redução de 21,7% face aos números do ano anterior pode sugerir uma reequilibração gradual nas relações comerciais entre a área do euro e a China, que foi também visível por uma redução de 16% do défice de bens relativamente ao Império do Meio, que diminuiu 16%, de 144 mil milhões de euros para 121 mil milhões de euros.
Posição de investimento internacional fortalecida
A posição de investimento internacional da área do euro também apresentou uma melhoria significativa. O BCE reporta que “no final do terceiro trimestre de 2024, a posição de investimento internacional da área do euro registou ativos líquidos de 1,1 biliões de euros face ao resto do mundo (7,4% do PIB da área do euro), acima dos 0,97 biliões de euros no trimestre anterior”.
Este aumento nos ativos líquidos reflete uma melhoria na posição financeira externa da área do euro, indicando que a região é, no global, credora líquida relativamente ao resto do mundo. Esta posição fortalecida pode contribuir para uma maior estabilidade financeira e uma melhor capacidade de resistência a choques externos.
A análise detalhada da posição de investimento internacional revela mudanças na composição dos ativos e passivos externos da área do euro. O BCE destaca que “esta evolução refletiu principalmente maiores ativos líquidos em investimento direto (de 2,48 biliões de euros para 2,44 biliões de euros) e um menor passivo líquido em outros investimentos (de 0,78 biliões de euros para 0,60 biliões de euros).
Além disso, os números do investimento revelam um aumento de 3,9% dos ativos de reserva (de 1,27 biliões de euros para 1,32 biliões de euros), que pode indicar uma política de acumulação de reservas por parte do BCE, possivelmente como medida de precaução face à incerteza económica global.
O fortalecimento da balança corrente e da posição de investimento internacional tem implicações positivas para a economia da área do euro. Um excedente da balança corrente indica que a região está a exportar mais do que importa, o que pode contribuir para o crescimento económico e para a criação de emprego nos setores exportadores.
Além disso, a melhoria na posição de investimento internacional sugere que a área do euro está a acumular ativos externos líquidos, o que pode proporcionar uma fonte adicional de rendimentos futuros e aumentar a resiliência financeira da região face a potenciais crises económicas globais. No entanto, é importante notar que excedentes persistentes e elevados da balança corrente podem também suscitar questões sobre desequilíbrios globais e potenciais tensões comerciais com parceiros que apresentam défices correspondentes.
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