Banco de Inglaterra volta a cortar taxas de juro em 25 pontos base

O banco central de Inglaterra reduziu a taxa de juro da libra para 4,5%, numa altura em que a economia britânica apresenta sinais de estagnação e está sob um ambiente de pressões inflacionistas.

O Banco de Inglaterra anunciou esta quinta-feira uma nova redução da sua taxa de juro de referência em 25 pontos base, passando de 4,75% para 4,5%. Esta decisão, amplamente antecipada pelos mercados, marca apenas o terceiro corte desde o início da pandemia em 2020.

Esta decisão, tomada pelo Comité de Política Monetária na reunião de 5 de fevereiro, marca mais um passo na gradual retirada do estímulo monetário implementado durante o período de alta inflação. “É importante adotar uma abordagem gradual para a flexibilização”, referiu Andrew Bailey, governador do Banco de Inglaterra, no decorrer da conferência de imprensa após o anúncio da decisão do Comité de Política Monetária, notando ainda a expectativa que possa reduzir ainda mais a taxa de referência num futuro próximo.

Em comunicado, o Banco de Inglaterra revela que a decisão não foi unânime, com sete membros do Comité de Política Monetária a votarem a favor do corte de 25 pontos base, enquanto dois membros preferiam uma redução mais acentuada de 50 pontos base, para 4,25%. Esta divisão reflete as diferentes perspetivas sobre o ritmo adequado de normalização da política monetária.

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A entidade liderada por Andrew Bailey justifica esta decisão com o “progresso substancial na desinflação ao longo dos últimos dois anos, à medida que os choques externos anteriores recuaram e a postura restritiva da política monetária conteve os efeitos de segunda ordem e estabilizou as expectativas de inflação a longo prazo”.

O Banco de Inglaterra sublinha que este progresso permitiu “retirar gradualmente algum grau de restrição política, mantendo a taxa bancária em território restritivo de modo a continuar a eliminar pressões inflacionistas persistentes”.

Andrew Bailey revelou inclusive que “a tendência para a desinflação está instalada”, notando inclusive que “os dados sugerem que as empresas estão relutantes em repercutir os custos nos preços aos consumidores.”

A decisão do Banco de Inglaterra surge num contexto económico complexo para o Reino Unido, com o governador do Banco de Inglaterra a assumir que”o contexto é de enfraquecimento da atividade económica.”

Os dados mais recentes mostra que a economia britânica tem apresentado sinais de estagnação desde meados de 2024, que tem sido pressionada por vários fatores. Incluindo o aumento de impostos sobre as empresas anunciado pela ministra das Finanças, Rachel Reeves, e os receios de uma guerra comercial global liderada pelo presidente dos EUA, Donald Trump.

Por outro lado, as pressões inflacionistas persistem, limitando a margem de manobra do governador Andrew Bailey e dos seus colegas do Comité de Política Monetária.

A política monetária terá de continuar a permanecer restritiva durante tempo suficiente até que os riscos de a inflação regressar de forma sustentável à meta de 2% no médio prazo se tenham dissipado ainda mais.

Banco de Inglaterra

Comunicado do Comité de Política Monetária de 6 de fevereiro2025

A inflação no Reino Unido atingiu 2,5% no quarto trimestre de 2024, aproximando-se da meta de 2% definida pelo governo. No entanto, o banco central alerta que “custos globais de energia mais elevados e alterações reguladas de preços deverão empurrar a inflação do IPC para 3,7% no terceiro trimestre de 2025, mesmo que se espere que as pressões inflacionistas domésticas subjacentes continuem a diminuir”.

O crescimento da economia britânica tem sido mais fraco do que o esperado, com o Banco de Inglaterra a notar que “o crescimento do PIB foi mais fraco do que o esperado na altura do Relatório de Política Monetária de novembro, e os indicadores de confiança empresarial e do consumidor diminuíram“. Apesar disso, o banco central prevê uma recuperação a partir de meados deste ano.

O mercado de trabalho em Inglaterra continua a mostrar sinais de abrandamento, com os membros do Comité de Política Monetária a considerarem que está “amplamente equilibrado”. No entanto, o banco central observa que “o crescimento da produtividade tem sido mais fraco do que anteriormente estimado, e o Comité considera que o crescimento da capacidade de oferta da economia enfraqueceu”.

Em comunicado, o Banco de Inglaterra revela novamente uma abordagem cautelosa para as próximas reuniões do Comité de Política Monetária, afirmando que é apropriado manter “uma abordagem gradual e cuidadosa para a retirada adicional da restrição da política monetária”. O banco central sublinha que “a política monetária terá de continuar a permanecer restritiva durante tempo suficiente até que os riscos de a inflação regressar de forma sustentável à meta de 2% no médio prazo se tenham dissipado ainda mais”.

Esta decisão do BoE ocorre num contexto de incerteza global, com o banco a notar que “houve já um aumento da incerteza económica a nível global e um aumento da volatilidade dos mercados financeiros” em resposta a várias políticas anunciadas pela administração dos EUA.

O corte da taxa de juro pelo Banco de Inglaterra reflete um equilíbrio delicado entre o controlo da inflação e o apoio ao crescimento económico. O banco central mantém-se vigilante, pronto para ajustar a sua política conforme necessário para garantir a estabilidade dos preços e apoiar a economia britânica num ambiente global incerto.

(Notícia atualizada às 13h12 com declarações de Andrew Bailey)

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