Ministro afasta novas negociações com sindicatos em “greve política” na CP
Ministro reafirma que Governo em gestão não pode assinar o acordo pretendido pelos sindicatos e acusa-os de "parar o país por interesse político" a pensar nas eleições.
O ministro das Infraestruturas afastou esta quarta-feira novas negociações com os sindicatos para pôr fim à paralisação na CP. Miguel Pinto Luz diz que a greve resulta de “uma agenda política de circunstância eleitoral”.
“O Governo é imune a pressões. O Governo negociou quando teve de negociar, com abertura total, indo ao limite do que a lei permitia para um Governo em gestão, e não quiseram“, afirmou o ministro das Infraestruturas em declarações à margem da entrega de Certificados Energéticos da Medway, num hotel em Lisboa.
Tal como afirmou numa conferência de imprensa realizada na véspera, Miguel Pinto Luz argumentou que existe um acordo entre os sindicatos e a administração da CP, mas que não pode ser executado por o Governo se encontrar em gestão. “O acordo estava estabelecido, o Governo não o pode executar por uma questão puramente legal, pela circunstância de ser um governo de gestão”, afirmou.
Conseguiram parar o país por interesse político. E tem a ver com o timing que estamos a viver, de eleições.
O governante atribui a paralisação à proximidade das eleições legislativas, considerando tratar-se de uma “greve política”. “Conseguiram parar o país por interesse político. E tem a ver com o timing que estamos a viver, de eleições”, disse.
“É uma greve que não serve os interesses da CP, não serve os interesses dos trabalhadores da CP, mas mais importante, e é a mensagem que quero deixar, não serve os portugueses. São centenas de milhares de portugueses hoje prejudicados. Os sindicatos não olharam para os portugueses”, afirmou ainda o ministro das Infraestruturas.
Esta manhã, José Manuel oliveira, coordenador nacional da Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações (Fectrans) , afirmou que “há uma forte adesão dos trabalhadores à greve, que reivindicam que seja cumprido o acordo relativamente à reestruturação das carreiras profissionais e que o Governo, agora com o argumento de estar em gestão, diz que não pode aplicar”.
“Da nossa parte há toda a disponibilidade para com o Governo e administração, se quiserem, podermos reunir e encontrar as soluções que evitem a continuação deste conflito”, disse ainda o responsável sindical.
A circulação de comboios da CP está parada esta quarta-feira em todo o país devido à paralisação convocada por 15 sindicatos. A greve irá fazer-se sentir com mais intensidade nos dias 7, 8 e 9 de maio, mas irá prolongar-se até dia 14. A partir de dia 10, só estará em vigor a paralisação convocada pelo Sindicato Ferroviário da Revisão Comercial Itinerante (SFRCI).
O Tribunal Arbitral decidiu, por unanimidade, não decretar serviços mínimos, mesmo para os primeiros três dias. O coletivo de árbitros presidido por Jorge Bacelar Gouveia considerou que a concretização dos serviços mínimos “se revelou desaconselhável por não se garantir, quanto à percentagem que se julgou como correspondendo à satisfação das necessidades sociais impreteríveis sem, ao mesmo tempo, se aniquilar o núcleo fundamental do direito à greve, os mínimos padrões de segurança dos utentes no acesso às plataformas das estações ferroviárias e no uso das composições, segundo a informação obtida junto da empresa”.
Segundo um comunicado conjunto dos sindicatos, a paralisação foi convocada contra a “incapacidade da empresa reter os atuais trabalhadores e recrutar novos para preencherem as lacunas existentes”, “a imposição de aumentos salariais que não repõem o poder de compra” e pela “implementação do acordo de reestruturação das tabelas salariais, nos termos em que foi negociado e acordado”.
(notícia atualizada às 13h23 com declarações da Fectrans)
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