Com Novobanco nas mãos do BPI, espanhóis controlariam mais de metade do mercado de crédito em Portugal
E se o BPI ficar com o Novobanco? Caixabank está em negociações com a Lone Star para comprar o banco português. Espanhóis ameaçam tomar conta de mais de metade do mercado de crédito em Portugal.

Com o Novobanco nas mãos do BPI, os espanhóis passariam a controlar mais de metade do mercado de crédito em Portugal, levantando receios de excessiva dependência bancária junto de nuestros hermanos.
Na passada sexta-feira, a agência Bloomberg avançou que o Caixabank está em negociações com o fundo Lone Star com vista a uma aquisição do Novobanco.
Caso essa operação tenha lugar, isso fará com que cerca de 51,5% do mercado de crédito em Portugal passe a ser controlado por bancos de capital espanhol, face aos atuais 40%, de acordo com os cálculos do ECO com base nos dados da Associação Portuguesa de Bancos (APB) relativos a junho de 2024.
No que diz respeito aos ativos e depósitos, os bancos espanhóis deteriam aproximadamente 44% dos respetivos mercados num cenário em que o BPI tomava conta do Novobanco — e se as autoridades não impusessem qualquer remédio para aprovarem a operação.
powered by Advanced iFrame free. Get the Pro version on CodeCanyon.
Nota: Se está a aceder através das apps, carregue aqui para abrir o gráfico.
Com base nos mesmos dados da APB, bancos controlados por capitais portugueses — de onde se destaca a Caixa — deteriam entre 30% a 35% dos mesmos mercados em Portugal, que está cada vez mais nas mãos de capital estrangeiro.
O tema da ‘espanholização’ da banca portuguesa não é novo. Mas ainda na semana passada, num encontro promovido pelo ECO, a vice-governadora do Banco de Portugal, Clara Raposo, revelou que o supervisor deseja manter concorrência no mercado e que não via com bons olhos que os bancos dependessem todos “das mesmas fontes de risco e acionista”, isto depois de ter sido questionada sobre o tema do Novobanco.
“Sabemos como temos o sistema a funcionar neste momento. Para nós é importante que haja concorrência e que idealmente não tenhamos os bancos exatamente iguais uns aos outros e dependentes das mesmas fontes de risco e acionistas”, disse Clara Raposo durante a conferência Banking on Change, organizada em Lisboa pelo ECO com a KPMG e a PLMJ.
“Um sistema bancário que funciona com concorrência a todos os níveis tem vantagens claras para a estabilidade financeira”, explicou a seguir – promover a estabilidade financeira é uma das missões do Banco de Portugal.
As declarações da vice-governadora vão no mesmo sentido das que já foram proferidas pelo governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, que prefere uma solução para o Novobanco que passe pela bolsa em vez de uma operação de consolidação.
O próprio ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, disse no final do ano passado que o Governo “não se imiscuirá na decisão” da venda do Novobanco se o comprador for… português.
Sabemos como temos o sistema a funcionar neste momento. Para nós é importante que haja concorrência e que idealmente não tenhamos os bancos exatamente iguais uns aos outros e dependentes das mesmas fontes de risco e acionistas.
BPI+Novobanco = segundo maior banco
Neste momento, o Novobanco continua a trabalhar no sentido de avançar com a oferta pública inicial (IPO) em junho ou em setembro, mas a Lone Star não descarta uma venda da instituição a um concorrente direto.
A Caixa já admitiu que está interessada em analisar a operação. O ECO avançou o mês passado que os franceses do Groupe BPCE (Natixis) estão a olhar para o negócio. Mas os donos do BPI parecem ser os mais interessados quando o processo está a encaminhar-se para a fase decisiva.
Caso o BPI adquirisse o Novobanco, daqui nasceria o segundo maior banco nacional em termos de ativos e de depósitos, com quotas de 22% nos respetivos mercados, ficando apenas atrás do banco público liderado por Paulo Macedo. Já no mercado de crédito, o BPI assumiria a liderança destacada do mercado, com uma quota de 25%, à frente de Caixa (20,9%) e BCP (17,2%).
Por outro lado, uma operação de consolidação como esta resultaria numa maior concentração do sistema nos cinco maiores bancos, que passariam a dominar mais de 80% do mercado (acima dos 72% de 2023).
Assine o ECO Premium
No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.
De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.
Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.
Comentários ({{ total }})
Com Novobanco nas mãos do BPI, espanhóis controlariam mais de metade do mercado de crédito em Portugal
{{ noCommentsLabel }}