O dia em direto nos mercados e na economia – 2 de junho

  • ECO
  • 2 Junho 2025

Ao longo desta segunda-feira, 2 de junho, o ECO traz-lhe as principais notícias com impacto nos mercados e nas economias. Acompanhe aqui em direto.

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Gilead e ISCIII renovam o seu compromisso para com a I&D biomédica através das “Bolsas de Investigação Biomédica Gilead”

  • Servimedia
  • 2 Junho 2025

Como todos os anos, o ISCIII coordenará a avaliação independente dos projetos apresentados ao programa de bolsas.

A Vice-presidente e CEO da Gilead Sciences Espanha e Portugal, María Río, e a Diretora do Instituto de Saúde Carlos III (ISCIII), Marina Pollán, organismo do Ministério da Ciência, Inovação e Universidades, formalizaram esta segunda-feira a assinatura do acordo de colaboração para a 12ª Convocatória de Bolsas Gilead de Investigação Biomédica em VIH, Hematologia-Oncologia e Oncologia Médica.

Este programa de bolsas, criado com o objetivo de promover a investigação biomédica e apoiar o talento científico em áreas com necessidades médicas não satisfeitas, consolidou-se ao longo do tempo como o mais importante programa de I&D biomédico promovido por uma empresa farmacêutica em Espanha.

Nesta nova edição, pela primeira vez, foi incluída uma linha de investigação que avaliará projetos de investigação sobre a melhoria do acesso e implementação da PrEP, uma linha de trabalho estratégica e prioritária para avançar no controlo da epidemia e responder a uma necessidade crescente identificada tanto pela comunidade científica como pelas pessoas mais vulneráveis.

“É um grande prazer anunciar a décima segunda edição das Bolsas Gilead de Investigação Biomédica e continuar a promover a investigação de qualidade em Espanha. Nesta edição, para além de nos centrarmos no VIH, na Hemato-Oncologia e na Oncologia Médica, como tem acontecido nos últimos anos, alargamos o seu âmbito a novas linhas de trabalho como a prevenção do VIH, com o objetivo de promover projetos que beneficiem os doentes e a sociedade em geral. A colaboração do Instituto de Salud Carlos III confere, sem dúvida, prestígio a este concurso e contribui decisivamente para que seja considerado o concurso de I&D biomédico mais importante organizado por uma empresa farmacêutica no nosso país”, afirmou María Río, Vice-Presidente e Diretora Geral da Gilead Espanha e Portugal.

Marina Pollán, Diretora do ISCIII, indicou que, “como principal organização de investigação em saúde pública, consideramos essencial continuar a apoiar iniciativas de colaboração público-privada, como esta em que o ISCIII tem vindo a acompanhar a Gilead desde há anos. A participação do Instituto na avaliação dos projetos para estas bolsas permite-nos continuar a consolidar o nosso compromisso com a geração de conhecimento científico e continuar a aproximar-nos do nosso objetivo comum: ajudar a ciência a avançar para melhorar a saúde das pessoas.

Com mais de uma década de experiência, as Bolsas Gilead de Investigação Biomédica consolidaram-se como um concurso de investigação. Todos os anos, cerca de um milhão de euros são atribuídos para promover projetos de elevado valor científico, tendo já apoiado 203 projetos de investigação em 13 comunidades autónomas.

Esta iniciativa é possível graças à estreita colaboração entre a Gilead Sciences e o Instituto de Salud Carlos III, entidade que garante um processo de avaliação rigoroso, transparente e independente, assegurando que os projetos selecionados cumprem os mais elevados padrões de qualidade científica e relevância clínica. A avaliação dos projetos será realizada pela rede de avaliadores externos do Instituto de Salud Carlos III, o que garante a independência da decisão.

Além disso, nesta décima segunda edição, pelo quinto ano consecutivo, será dado um reconhecimento especial aos trabalhos apresentados por jovens investigadores. Com esta iniciativa, a Gilead e o ISCIII pretendem destacar o trabalho de investigação e promover a experiência e o talento dos mais jovens cientistas espanhóis em diferentes áreas com necessidades médicas ainda por cobrir.

As candidaturas às Bolsas de Investigação Biomédica da Gilead devem ser apresentadas em inglês até segunda-feira, 30 de junho, no sítio Web da Gilead “https://becasgileadinvestigacion.es/”. Cada investigador principal só pode apresentar um projeto de investigação e um máximo de dois projetos por área terapêutica e centro de saúde a que o investigador principal (IP) está atribuído. Posteriormente, o Instituto de Salud Carlos III será responsável pela análise dos projetos e pela elaboração da lista de prioridades.

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A moda dos vaporizadores põe em risco a saúde reprodutiva das mulheres, dos homens e dos jovens

  • Servimedia
  • 2 Junho 2025

Embora muitas vezes vistos como uma alternativa menos nociva ao tabaco tradicional, os cigarros eletrónicos também representam um risco significativo para a fertilidade e a saúde hormonal.

No âmbito do Dia Mundial sem Tabaco, que se celebra a 31 de maio, os especialistas em saúde reprodutiva alertam para os efeitos nocivos do vaping, especialmente entre os jovens.

De acordo com o inquérito Edades 2024 do Ministério da Saúde espanhol, 19% da população espanhola com idades compreendidas entre os 15 e os 64 anos já experimentou cigarros eletrónicos, sendo o grupo etário dos 15 aos 24 anos o que apresenta a maior prevalência de consumo. Esta tendência é particularmente preocupante devido à exposição precoce à nicotina, uma substância que, embora não seja inalada através da combustão, mantém efeitos tóxicos no sistema reprodutor.

O Dr. Federico Merino, Diretor do IVI de Málaga, alerta para as consequências: “Foi demonstrado que os Vapers e os seus derivados têm efeitos adversos na fertilidade, em grande parte atribuíveis à nicotina e a outros compostos tóxicos”. Na mulher, a nicotina pode afetar a ovulação, reduzir a qualidade do óvulo, dificultar a implantação do embrião e acelerar o declínio da reserva ovárica, aumentando o risco de infertilidade.

Além disso, observou-se que a exposição à nicotina pode induzir a menopausa precoce, um fenómeno associado ao envelhecimento celular que afeta tanto os fumadores ativos como os passivos. Durante a gravidez, o consumo de cigarros eletrónicos também tem sido associado a complicações obstétricas, como o nascimento prematuro e a restrição do crescimento fetal.

PODE AFECTAR O ADN

Nos homens, a nicotina afeta a produção e a qualidade do esperma, prejudicando a motilidade dos espermatozóides e aumentando o risco de alterações genéticas na descendência. “Alguns estudos demonstraram que o consumo de nicotina pode mesmo afetar o ADN dos espermatozóides”, afirma o Dr. Merino.

As consequências também atingem as mulheres jovens, cuja saúde dos ovários pode ser comprometida por uma diminuição da hormona anti-Mülleriana (AMH), um marcador essencial da reserva ovárica. A exposição precoce à nicotina pode acelerar a deterioração desta hormona, reduzindo a capacidade reprodutiva futura.

“Sem dúvida, a primavera é uma estação ideal para despertar bons hábitos de saúde e tomar decisões que cuidem de nós próprios”, conclui o Dr. Merino. “Por ocasião do Dia Mundial Sem Tabaco, é importante falar sobre os possíveis efeitos do seu lado eletrónico, que ainda estão a ser investigados, mas foi demonstrado que os seus componentes têm um impacto na saúde geral e na fertilidade em particular”.

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Convervador Karol Nawrocki vence presidenciais na Polónia

  • Lusa
  • 2 Junho 2025

Resultado constitui uma dor de cabeça para o primeiro-ministro Donald Tusk e indica que a Polónia deverá seguir um caminho mais nacionalista com um presidente que foi apoiado por Donald Trump.

O conservador Karol Nawrocki venceu a segunda volta das presidenciais de domingo na Polónia, com 50,89% dos votos, contra 49,11% do rival, o liberal Rafal Trzaskowski, após o escrutínio da totalidade dos votos, anunciou Comissão Eleitoral Nacional.

A corrida presidencial, fortemente disputada, manteve os polacos em suspenso desde a primeira volta há duas semanas, ansiedade que se prolongou longo da madrugada, revelando divisões profundas no país, flanco oriental da NATO e da União Europeia.

Uma primeira sondagem à boca da urna divulgada no domingo à noite sugeria que Trzaskowski estava a caminho da vitória, mas horas mais tarde as sondagens atualizadas começaram a inverter o cenário.

O resultado indica que a Polónia deverá seguir um caminho mais nacionalista sob o comando do seu novo líder, que foi apoiado pelo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

Karol Nawrocki, 42 anos, é historiador de formação e obteve o apoio do principal partido da oposição Lei e Justiça (PiS, conservador). Sucederá a Andrzej Duda, um conservador cujo segundo e último mandato termina em 6 de agosto.

Esta eleição constitui uma dor de cabeça para o primeiro-ministro, Donald Tusk, que lidera desde 2023 uma coligação de governo de amplo espetro ideológico – tão amplo que não foi capaz de cumprir algumas das promessas eleitorais do chefe do Governo, como a reforma da lei restritiva do aborto.

É expectável que Nawrocki venha reforçar a política de obstáculos que o seu antecessor já vinha a protagonizar em relação a Tusk, impedindo-o, por exemplo, de cumprir as promessas de reverter leis que politizaram o sistema judicial de uma forma que a União Europeia declarou ser antidemocrática.

Parece agora impossível que Tusk venha a ter condições de cumprir essas promessas, que fez tanto aos eleitores polacos como à União Europeia.

Extrema-direita pede defesa dos interesses da Polónia

O líder da extrema-direita polaca já veio saudar a vitória presidencial do candidato nacionalista apelando para que Karol Nawrocki dê prioridade aos interesses nacionais em detrimento do apoio à Ucrânia.

Slawomir Mentzen felicitou o Presidente eleito Karol Nawrocki através das redes sociais encorajando-o a lembrar-se dos apoiantes do partido Confederação, de extrema-direita, que votaram no candidato nacionalista na segunda volta das eleições.

Segundo Mentzen, os eleitores do partido estão a contar com o facto de Nawrocki não colocar os interesses da Ucrânia ao mesmo nível dos assuntos da Polónia. Menzten, eurocético que se opõe fortemente à interrupção voluntária da gravidez e à imigração, ficou em terceiro lugar na primeira volta das eleições, com 15% dos votos.

De acordo com as sondagens, a maioria dos eleitores do partido Confederação votou em Nawrocki na segunda volta que se realizou no domingo.

Na esperança de conquistar os eleitores de extrema-direita, Nawrocki assinou uma lista de compromissos preparada por Slawomir Mentzen antes da segunda volta.

Nesta declaração, o vencedor das eleições presidenciais comprometeu-se a recusar o envio de soldados polacos para a Ucrânia e a não assinar “qualquer lei que ratifique a adesão da Ucrânia à Aliança Atlântica”.

O Presidente eleito prometeu também recusar qualquer aumento de impostos, opôs-se à introdução da divisa da União Europeia (Euro) e recusou-se a aceitar qualquer transferência de poderes das autoridades polacas para organismos da União Europeia. Disse ainda que não vai apoiar novos tratados europeus que enfraqueçam o papel da Polónia.

 

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5 coisas que vão marcar o dia

  • ECO
  • 2 Junho 2025

Como evoluiu a dívida pública portuguesa? E como está o mercado de trabalho? Banco de Portugal e INE vão dar as respostas.

O Banco de Portugal revela a evolução da dívida pública em abril, depois de ter atingido os 278,3 mil milhões de euros no final do primeiro trimestre. Já o Instituto Nacional de Estatísticas (INE) mostra como está o mercado de trabalho. Há dados do turismo na União Europeia e ainda um relatório sobre os riscos que enfrentam as cadeias de abastecimento globais.

Como evoluiu a dívida pública em abril?

A dívida pública subiu no arranque do ano. Atingiu os 278,3 mil milhões de euros no final do primeiro trimestre, o valor mais elevado desde setembro de 2023. Como evoluiu em abril?

INE mostra saúde do mercado de trabalho

O mercado de trabalho continua a apresentar sinais de robustez. Nos primeiros três meses do ano, a taxa de desemprego recuou ligeiramente tanto face ao trimestre anterior, como ao homólogo. Já o emprego atingiu máximos de 2011. O INE divulga dados relativos a abril.

Eurostat divulga dados do turismo

Lá por fora, o gabinete de estatísticas da União Europeia divulga dados sobre o número de dormidas de turistas em alojamentos turísticos na região no mês de março.

Prossegue julgamento do processo BES/GES

O antigo presidente do BES, Ricardo Salgado, é o principal arguido do caso BES/GES e responde em tribunal por 62 crimes, alegadamente praticados entre 2009 e 2014.

OCDE publica relatório sobre as cadeias de abastecimento

Num mundo mais fragmentado, a OCDE publica o relatório Supply Chain Resilience Review, que aborda os riscos e desafios que as cadeias de abastecimento globais enfrentam e recomenda as melhores políticas para assegurar condições mais seguras para o comércio internacional.

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Últimos dias para se inscrever no Workshop de Showrunners no The Core

  • Servimedia
  • 2 Junho 2025

O prazo para participar num dos mais prestigiados cursos de formação em criação e produção de séries em Espanha termina a 5 de junho.

Até 5 de junho, está aberto o concurso para participar no Workshop de Showrunners, um curso de formação para criadores e produtores do setor audiovisual em Espanha. Esta quinta edição, coordenada pelo The Core e promovida pela Iberseries & Platino Industria, oferecerá formação específica sobre o trabalho do showrunner, com o objetivo de estabelecer competências na criação, escrita, produção e gestão de projetos audiovisuais.

O Workshop de Showrunners será coordenado por Enrique Darriba, produtor executivo e atual diretor do Mestrado em Produção Executiva de conteúdos audiovisuais da The Core, escola audiovisual pertencente à rede de ensino superior Planeta Formación y Universidades.

O workshop selecionará um máximo de 12 projetos, cujos diretores terão a oportunidade de receber orientação de profissionais líderes da indústria, assistir a conferências exclusivas e apresentar os seus projetos em reuniões “one-to-one” com executivos de empresas de produção, plataformas e estúdios. O workshop terá lugar presencialmente nos dias 30 de setembro, 1 e 2 de outubro no Matadero Madrid, e será complementado por sessões online durante os meses de julho e setembro.

“O showrunner é uma figura essencial na produção audiovisual atual. Este workshop tem como objetivo formar profissionais capazes de liderar todo o processo de uma série com uma visão criativa e estratégica. O objetivo é ajudá-los a transformar as suas ideias em projetos viáveis e competitivos no mercado”, afirmou Enrique Darriba, coordenador do workshop e diretor académico do The Core.

A equipa docente é composta por figuras de renome como Jorge Redondo, Tatiana Rodríguez, Miquel Peidro e Mariano Baselga, com uma vasta experiência na criação, escrita de guiões e produção de séries de sucesso. Esta é uma oportunidade para pessoas com formação ou experiência em criação, escrita, realização ou produção audiovisual, que tenham um projeto específico de série que queiram desenvolver e cujas línguas principais sejam o espanhol ou o inglês.

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Fazer ciência e ensinar no novo mundo da IA. Oiça o podcast à Prova de Futuro

Como é que a inteligência artificial está a mudar a forma de fazer ciência e o ensino? Arlindo Oliveira, presidente do INESC, e Ana Rita Bessa, CEO do Grupo Leya, dão a resposta.

A inteligência artificial já está a ter implicações profundas na forma como se faz ciência, seja na estruturação da investigação, na análise de grandes quantidades de dados e na revisão posterior dos artigos científicos, afirma Arlindo Oliveira, presidente do INESC, no À Prova de Futuro, um podcast do ECO que tem o apoio do MEO Empresas.

A tecnologia está também a mudar o ensino. Ana Rita Bessa, CEO da Leya, afirma que a plataforma digital do grupo já conta com cerca de 500 mil alunos e 100 mil professores. “Hoje em dia, na realidade das escolas portuguesas, existe uma componente digital muito forte já disponível e a inteligência artificial está imiscuída nessa oferta digital”, afirma. A possibilidade de oferecer uma aprendizagem personalizada e multimédia são algumas das vantagens.

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Arlindo Oliveira, que é também professor do Instituto Superior Técnico, alerta que os currículos formativos têm de se adaptar ao novo contexto tecnológico. “Não é bem que eu tenha de ensinar IA, é como é que eu tenho de ensinar uma dada disciplina que se vai alterar com a entrada de ferramentas de inteligência artificial. Isto é verdade para Direito, mas também é verdade para Economia, para História, para Literatura, para Engenharia, para qualquer área. E acho que isto é que não está a acontecer”, afirma.

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Sovos Saphety lança plataforma para simplificar receção de faturas nas PME

  • Rita Atalaia
  • 2 Junho 2025

Com a entrada em vigor da obrigatoriedade da faturação eletrónica no setor público, a plataforma vem ajudar a desmaterializar e simplificar o tratamento e validação de faturas recebidas pelas PME.

A Sovos Saphety, empresa global especializada em soluções de faturação eletrónica e conformidade fiscal, lançou uma plataforma para simplificar a receção de faturas para as pequenas e médias empresas (PME).

O SIN AP (Saphety Invoice Network for Accounts Payable), “já com integração nativa em mais de 150 sistemas de gestão (ERP) para a emissão de faturas eletrónicas, vem agora automatizar todo o processo de receção de faturas, desde a integração dos documentos financeiros até ao seu pagamento“, adianta a empresa num comunicado.

“Esta solução representa um passo estratégico na nossa missão de digitalizar o ciclo financeiro completo das empresas portuguesas. Com o SIN AP fechamos o ciclo da faturação eletrónica e tornamos mais simples um processo que era complexo e manual para muitas PME”, refere Rui Fontoura, Managing Director Europe da Sovos.

“Com a entrada em vigor da obrigatoriedade da faturação eletrónica no setor público (B2G), obrigatória para PME a partir de 1 de janeiro de 2026, e a progressiva digitalização fiscal promovida pela Autoridade Tributária, o SIN AP responde à necessidade de desmaterializar e simplificar o tratamento e validação de faturas recebidas, considerado um dos processos mais críticos e historicamente manuais das organizações”, explica a empresa.

O portal da plataforma permite aos contabilistas e fornecedores de ERP acompanhar em tempo real o estado de cada documento, receber alertas automáticos antes do vencimento e consultar todo o histórico de ações, ajudando as empresas a fazer um melhor planeamento do fluxo de caixa e a reduzir custos associados a erros ou atrasos no pagamento.

“A chegada deste produto reforça a aposta da Sovos no mercado português, onde, após integrar as tecnologias Saphety e PetaPilot, a empresa já suporta milhares de clientes no cumprimento das obrigações fiscais digitais, do SAF-T à faturação eletrónica B2G e B2B”, remata.

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Engenheiros de Matosinhos armam “escândalo” nas pontes com inteligência artificial

Ao fim de 15 anos, a BERD vai partilhar a “galinha dos ovos de ouro” na engenharia de pontes. Plataforma de inteligência artificial promete baixar conceção e orçamentação de 180 dias para 180 minutos.

Fundada em 2006 como um spin-off da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) pelas mãos de Pedro Pacheco e Diogo Graça Moura, com o apoio da Portugal Ventures e o ‘empurrão’ industrial da Mota-Engil e da Martifer, a BERD — Bridge Engineering Research & Design vai partilhar com o mundo a “galinha dos ovos de ouro” que ajudou a empresa de Matosinhos a ascender ao pódio global na área das soluções e métodos para a construção de pontes e viadutos.

Através da Bridge Intelligence, uma estrutura autónoma participada pela Explorer Investments na sequência da realização de duas rondas de financiamento que ascenderam a oito milhões de euros, a empresa controlada pela holding de Pedro Pacheco – integra também a Armilar Venture Partners e ainda a capital de risco pública – prepara-se para lançar uma plataforma de inteligência artificial (IA) aplicada à engenharia de pontes. Até agora mantido em segredo, é anunciado como um produto “pioneiro” nesta indústria.

O presidente executivo da BERD avança ao ECO que esta tecnologia está a ser testada e ultimada para chegar ao mercado em junho de 2026 e “alterar o paradigma na construção”. A disponibilizar num modelo de Software as a Service (SaaS), promete reduzir o prazo de conceção e orçamentação inicial de uma ponte de 180 dias para 180 minutos, além de otimizar a utilização de materiais e baixar as emissões de carbono. “É um escândalo o que aquilo faz, o que permite poupar em tempo e recursos”, resume Pedro Pacheco.

Pedro Pacheco, CEO da BERD

Foi em 2012 que a BERD começou a desenvolver algoritmos para as vertentes de projeto e de gestão de obra, tendo aproveitado nos últimos anos esse software interno para ganhar contratos e potenciar aquelas que são até agora as duas principais áreas de negócios: a original de equipamentos para pontes; e a que criou em 2016 para fornecimento de pontes modulares, que pesa atualmente mais de 50% nas vendas. Com projetos em dezenas de países dos cinco continentes, só este ano, a empresa nortenha vai estar envolvida em mais de 250 pontes no mundo.

“A partir de 2018 começámos a questionar-nos sobre usar essa galinha dos ovos de ouro, esses algoritmos, para desenvolver uma plataforma e partilhá-la com a comunidade mundial. Fizemos as contas e percebemos que o valor desse negócio seria ‘N’ vezes superior ao da BERD. O impacto do software para as nossas áreas de negócio é muito bom, mas melhor do que aumentar a faturação em 20% ou 30% é aumentá-la em 1000%. Começámos a investir fortemente nesse software, de tal maneira que se tornou no investimento prioritário para nós”, explica Pedro Pacheco.

A faturação média anual da BERD estimada para o triénio em curso (2024 – 2026) será de 16 milhões de euros, acima dos 13 milhões no triénio anterior. Mais de 96% do negócio é feito com clientes no estrangeiro, com destaque para Alemanha, França, Reino Unido, EUA, Peru, Chile, Turquia, Índia e Eslováquia. No período entre 2027 e 2029, as contas da empresa apontam para uma subida deste indicador para 60 milhões de euros e para um novo disparo para 140 milhões ao ano no triénio seguinte, com o “contributo esperado” da Bridge Intelligence para este indicador consolidado a rondar os 85%.

Começámos a questionar-nos sobre usar essa galinha dos ovos de ouro, esses algoritmos, para desenvolver uma plataforma e partilhá-la com a comunidade mundial. Fizemos as contas e percebemos que o valor desse negócio seria ‘N’ vezes superior ao da empresa.

Pedro Pacheco

CEO da BERD - Bridge Engineering Research & Design

Se nos equipamentos para pontes os clientes são construtores e nas pontes modulares a essa lista acrescenta as entidades públicas donas de infraestruturas, no caso desta plataforma de IA, os potenciais interessados são todos os players de engenharia de pontes, incluindo também os projetistas e fornecedores. “Temos feito apresentações, já há manifestações de interesse e alguns pediram licenças antecipadas. As vantagens são por demais evidentes. Mas queremos um reasonable viable product, um produto já com uma certa maturidade, por isso, por decisão estratégica, só vamos entrar no mercado em junho de 2026”, explicita.

“Temos um conceito próprio de inteligência artificial. Os algoritmos têm potencialidades extraordinárias, mas algumas fragilidades quando aplicadas a áreas com grande responsabilidade. Há um fenómeno com o nome técnico de alucinação e que se vê nos chats: responde bem a muitas coisas, mas de repente diz um disparate. O nosso tipo de IA é específico, com âncoras que são ligações do algoritmo à realidade. É mais caro, mas mais fiável. Não pode dizer disparates”, sublinha Pedro Pacheco, 57 anos, que leciona a disciplina de pontes na FEUP.

As pontes modulares valem atualmente mais de 50% da faturação da BERD.

Depois de uma primeira ronda de investimento de cinco milhões de euros em 2021 e de uma segunda em abril deste ano, no valor de três milhões e que a Explorer voltou a acompanhar, a Bridge Intelligence “provavelmente” terá outras para captar financiamentos de dois milhões antes de entrar no mercado e de 5 milhões adicionais logo a seguir a essa data. Para que precisa deste dinheiro? “Em vez de esperamos pela libertação de EBITDA do negócio, os números são tão atrativos que queremos acelerar o plano de negócio”, responde.

Parte desse investimento vai ser canalizado para o reforço da equipa da BERD, que neste momento ronda as 50 pessoas distribuídas pelas três áreas de negócio, quase todas instaladas em Matosinhos. Focados na Bridge Intelligence estão já 15 funcionários internos e 25 colaboradores em outsourcing a partir da Índia e do Paquistão. Especialistas em IA, tecnologias de informação, business analysts ou data engineers são alguns dos perfis “altamente qualificados e ambiciosos” que está a tentar recrutar para fazer crescer esta unidade em Portugal até às 50 pessoas no final do próximo ano.

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Virgílio Lima sem oposição na corrida à liderança do Montepio

Ao contrário do que sucedeu nas anteriores eleições, haverá apenas uma lista na corrida à liderança da maior mutualista do país. Virgílio Lima com via aberta para renovar mandato.

A maior associação mutualista do país vai a votos no final do ano para eleger os novos órgãos associativos. E o atual presidente, Virgílio Lima, já sabe que tem a vida facilitada para conseguir uma renovação do seu mandato à frente da Associação Mutualista Montepio Geral (AMMG). Ao contrário das últimas eleições, desta vez haverá apenas uma lista candidata – a lista incumbente– ao conselho de administração e conselho fiscal.

Com mais de 600 mil associados, o Montepio saiu dos holofotes nos últimos anos, mas continua a apresentar muitos desafios. Apesar dos lucros, mantém-se sob pressão sobretudo ao nível do seu balanço inflacionado pelos ativos por impostos diferidos e pelo banco (como o auditor tem repetido na certificação das contas), e também da necessidade de convergir para as regras do setor dos seguros exigidas pela Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF) até 2030 – as quais obrigam a reduzir a sua exposição ao banco.

O próximo mandato, que irá até 2029, será assim decisivo para o futuro da mutualista, mas a oposição interna a Virgílio Lima – que transitou da administração de Tomás Correia – vai ficar de fora da corrida, ao contrário do que sucedeu em anteriores eleições.

ASF acelera prazos das eleições

Embora as eleições só venham a ter lugar previsivelmente na primeira quinzena de dezembro, o processo eleitoral já arrancou há vários meses por forma a dar tempo para se prepararem as listas e candidaturas.

O novo código mutualista, aprovado em 2018, trouxe uma exigência acrescida neste capítulo: para poder apresentar candidatura, os associados passaram a estar sujeitos a registo prévio da ASF que, não sendo ainda a autoridade de supervisão da AMMG, tem de autorizar o exercício de funções. Assim, para cumprir este requisito, os interessados tinham de solicitar os documentos à mutualista – incluindo a certidão de associado e um relatório de avaliação individual — até ao passado dia 30 de abril para darem início ao processo de avaliação junto do regulador.

O ECO sabe – e fonte oficial da AMMG confirmou – que apenas os associados que vão integrar a lista de Virgílio Lima para o conselho de administração e conselho fiscal fizeram este pedido.

Virgílio Lima, candidato à presidência da Associação Mutualista Montepio Geral, em entrevista ao ECO - 17NOV21

Mudanças à vista na próxima administração?

Virgílio Lima, que assumiu a liderança do grupo em 2019, após o afastamento de Tomás Correia, tendo sido reeleito no final de 2021, tem assim caminho aberto para mais um mandato.

Internamente, especula-se que poderá haver alterações na sua equipa, informação que a AMMG não confirma, nem desmente. “Este é um período sigiloso, por natureza e por razões óbvias, pelo que não seria ético prestar qualquer informação sobre nomes”, indica fonte oficial da instituição, prometendo revelar os nomes “oportunamente”.

Oposição só no conselho de representantes

Do lado dos que há quatro anos se candidataram contra Virgílio Lima, Eugénio Rosa lamenta a falta de unidade para se juntarem várias tendências numa lista única concorrente, enquanto Pedro Corte-Real afirmou, com desalento, que o “esforço e dedicação pessoal e financeiro são muito grandes para uma luta que os associados não estão disponíveis para participar”.

“Vale a pena concorrer quando se consegue uma grande unidade. Agora também não foi possível construir uma unidade com as outras tendências”, refere Eugénio Rosa ao ECO. “Nas últimas houve uma divisão. As listas concorrentes tiveram mais votos que a lista de Virgílio Lima, que só ganhou porque houve um fracionamento nas outras listas”, lembra.

Corte-Real diz que ainda acompanha a vida do Montepio, mas apenas na qualidade de associado-espectador. E continua a apontar-lhe os mesmos problemas que apontava quando se encabeçou a lista B em 2021: “Infelizmente é uma associação que decidiu ficar no século XX”.

O ECO tentou falar com Pedro Gouveia Alves, o outro cabeça-de-lista, mas não conseguiu contactá-lo.

Sem listas concorrentes ao conselho de administração e conselho fiscal, à oposição restará lutar por assentos no conselho de 30 representantes, lugares aos quais ainda poderão concorrer sem ter de obter autorização do regulador.

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Novas regras da mobilidade elétrica dividem setor quanto ao efeito nos preços e concorrência

Avaliação das empresas face à proposta para um novo regime da mobilidade elétrica diverge acentuadamente. Parte acusa efeito negativo nos preços e concorrência, outros apontam sobretudo benefícios.

O Novo Regime Jurídico de Mobilidade Elétrica está em suspenso desde a conclusão da consulta pública, que terminou há mais de dois meses. E os intervenientes do setor, ouvidos pelo ECO/Capital Verde, dividem-se na avaliação que fazem do documento preliminar: embora a permissão de autoconsumo nos pontos de carregamento seja um ponto positivo consensual, assim como a disponibilização de terminais de pagamento automático, as previsões dos efeitos nos preços, na concorrência e no crescimento da rede são antagónicas.

O objetivo do novo regime é, de acordo com a introdução da consulta pública, “dar à mobilidade elétrica um novo impulso para responder aos novos desafios do mercado e dos seus consumidores, que em muito se alteraram nos últimos 15 anos em Portugal e em todo o mundo”.

Para Ricardo Pacheco, responsável em Portugal da Iberdrola Bp pulse, “a mudança é claramente positiva“. O mesmo entende José Maria Sacadura, cofundador e diretor geral da Powerdot. Ambas as empresas têm o papel de operadores de pontos de carregamento, sendo responsáveis por instalar, operar e manter postos de carregamento. No entanto, com o novo regime, a Powerdot explica que terá de adaptar alguns dos seus sistemas e processos, nomeadamente para responder à gestão direta da venda de energia. Algo que já faz noutros mercados.

Já Daniela Simões, CEO e cofundadora da Miio, reconhece o esforço “para simplificar e liberalizar”, mas identifica “preocupações relevantes“, defendendo “mecanismos sólidos de regulação e coordenação” a acompanhar as mudanças. “Sem estas salvaguardas, corremos o risco de comprometer o progresso alcançado até agora na construção de uma mobilidade elétrica acessível, funcional e verdadeiramente centrada no utilizador”, alerta.

A Miio atua como facilitador entre os utilizadores de veículos elétricos e os operadores de pontos de carregamento, disponibilizado uma plataforma que integra informações em tempo real sobre localização, disponibilidade e preços dos postos, além de permitir o pagamento e a gestão centralizada de carregamentos.

Esta última posição é acompanhada por Ricardo Soares, diretor-geral da Go.Charge, que considera que a proposta, na forma atual, “apresenta mais riscos do que benefícios” e que “deve ser alvo de uma revisão profunda” para não levar a recuos na evolução da mobilidade elétrica. Esta empresa opera uma plataforma digital com o objetivo de facilitar os carregamentos, e oferece soluções que vão desde a instalação e operação de postos até à gestão de energia e frotas.

Na resposta à consulta pública, a UVE – Associação de Utilizadores de Veículos Elétricos afirma que “a atual proposta é uma boa iniciativa, com pontos positivos e importantes para a maturação da mobilidade elétrica em Portugal”, mas “necessita de várias melhorias antes de ser publicada”. Toma o novo regime como “um modelo diferente que restringe escolhas e retira opções ao utilizador“, acusando que “a direção deste documento parece querer voltar ao ponto de partida”.

Há alguns pontos consensualmente positivos. Um deles é o facto de passar a ser possível vender nos postos energia produzida localmente, através de soluções de autoconsumo, “o que incentiva o uso de fontes renováveis“, realça Ricardo Pacheco. Ao mesmo tempo, vai permitir que seja adicionada a possibilidade de carregamento bidirecional, isto é: quando o sistema precisar, o veículo elétrico pode “emprestar” a sua energia à rede.

Outro dos pontos mais apreciados é a disponibilização nos pontos de carregamento elétrico de meios de pagamento eletrónico alternativos, como o QR Code ou o cartão bancário. Desta forma, qualquer condutor pode usar os postos sem ter um contrato com uma empresa.

Um dos pontos que mais causa discórdia é a eliminação da figura do comercializador de eletricidade para a mobilidade elétrica (CEME) e da gestão centralizada da rede de mobilidade elétrica em Portugal, até agora operada pela Entidade Gestora da Rede Mobilidade Elétrica (Mobi.E). Cria-se, em paralelo, a figura de Prestadores de Serviços de Mobilidade, que prestam serviços ao utilizador em troca de remuneração, incluindo a venda de serviços de carregamento elétrico. Os prestadores de serviços poderão estabelecer as suas próprias redes de pontos de carregamento, sem necessidade de ligação obrigatória a uma rede comum, lê-se no documento em consulta.

Na ótica da Iberdrola Bp Pulse, a integração de funções que até agora estavam separadas, de operador de postos de carregamento (OPC) e CEME, “torna o sistema mais eficiente e transparente”. A Powerdot acredita que esta iniciativa “simplifica toda a cadeia de valor, promovendo uma relação mais direta entre operador e utilizador“.

Atualmente, os operadores de postos de carregamento registam-se na Mobi.E, assim como os comercializadores, sendo que os segundos podem vender eletricidade em qualquer infraestrutura, independentemente do OPC que a gere. Na reformulação do regime, ao deixar de existir a figura de CEME, é o OPC que vende a energia, passando o CEME a ser unicamente um prestador de serviços de mobilidade (eMSP — Electric Mobility Service Provider), pelo que os utilizadores poderão realizar contratos com estes últimos (ou pagar através de TPA), mas os ex-CEME têm de chegar a acordo com os OPC para operarem na sua infraestrutura.

A primeira crítica, apontada pela Miio, prende-se com a possibilidade de se acabar por limitar os utilizadores que prefiram estar vinculados a um prestador de serviço único e queiram usar o respetivo cartão/aplicação, em vez de pagarem através dos terminais de multibanco nos postos. Isto, já que os OPC podem optar por não abrir a sua rede a todos os prestadores.

A integração OPC/CEME e eventual fragmentação do mercado “poderá resultar em cálculos de rotas menos eficientes, maior risco de zonas sem cobertura e a necessidade de recorrer a várias aplicações para comparar opções de carregamento e preços”, assinala Daniela Simões. Deste modo, pode vir a ser necessário ter-se várias aplicações e cartões de cada rede caso o utilizador não queria pagar através de QR Codes ou TPA quando estes estiverem disponíveis. “Podemos estar a dar um passo para trás, assemelhando a nossa realidade com a de outros países“, indica.

As empresas, face ao novo modelo, podem ter de fornecer cartões de crédito ou débito a cada colaborador com veículo elétrico, para que estes não tenham o acesso à rede limitado, indica o diretor-geral da Go.Charge.

Em segundo lugar, “acresce o fim da faturação centralizada, que pode complicar a gestão de custos, sobretudo para empresas“, continua o diretor-geral da Go.Charge. No sistema atual, o CEME escolhido pela empresa consegue reunir todas as faturas relativas ao cliente e entregá-las num mesmo documento. O uso de TPA implica a recolha e processamento de múltiplas faturas. A eventual adesão a diferentes prestadores de serviço também acarreta maiores custos burocráticos.

Por fim, a Go.Charge e a Miio unem-se na preocupação relativa à concorrência. Atualmente, existem mais de 100 OPC e mais de 30 CEME. A Miio concede que a liberalização pode “abrir espaço para novas dinâmicas comerciais e maior flexibilidade na definição de preços”, mas assinala ” o risco de práticas desleais e de concentração do mercado em poucos operadores dominantes”, o que “poderia prejudicar a diversidade de ofertas, reduzir a inovação e, no longo prazo, comprometer a experiência do utilizador final”, entende. “Sem um modelo que assegure a coexistência de múltiplas ofertas comerciais num único ponto de carregamento, como acontece atualmente, não haverá verdadeira concorrência“, reforça Ricardo Soares, tendo em conta que não é tecnicamente viável instalar postos de diferentes operadores no mesmo local.

Pelo contrário, a Powerdot considera que a integração “terá um efeito positivo no que toca à concorrência, ao permitir que os operadores se diferenciem na qualidade do serviço, nos preços e nas soluções tecnológicas que oferecem”.

A mesma empresa concede ainda que, se não houver uma boa integração técnica entre os operadores de pontos de carregamento (OPC) e as aplicações de mobilidade elétrica (CEMEs), a experiência dos utilizadores poderá, em alguns casos, piorar, com dificuldades na autenticação ou no acesso às melhores tarifas. Para a Iberdrola Bp Pulse, o ponto mais negativo é a incerteza gerada pela necessidade de regulamentação complementar, já que algumas portarias ainda estão por definir.

Efeito no preço é uma incógnita

A Powerdot acredita que o novo modelo “não deverá trazer grandes alterações imediatas nos preços de carregamento”, e estes deverão manter-se “muito semelhantes aos atuais”. A grande diferença, assinala José Maria Sacadura, será na forma como esses preços são apresentados: “serão mais fáceis de entender, mais transparentes e acessíveis para os utilizadores“.

Isto porque os OPC vão ser obrigados a afixar de forma “clara, completa, adequada e visível”, nos respetivos pontos de carregamento, informação relativa ao preço aplicável e todas as suas componentes, nomeadamente o preço por quilowatt-hora (kWh), de modo a dar a conhecer aos utilizadores estes elementos antes de iniciarem uma sessão de carregamento, lê-se na proposta legislativa.

Contudo, as empresas que assinalam perigo para a concorrência são, naturalmente, as mesmas que apontam o risco de aumento de preços. A Miio concede que a liberalização do setor poderá incentivar a celebração de acordos bilaterais entre os ex-CEME e OPC, “promovendo ações comerciais mais agressivas e vantajosas para o utilizador final“. No entanto, assinala que a integração das figuras de CEME e OPC pode beneficiar operadores com maior capacidade de mercado, o que, a médio prazo, pode levar à concentração do setor e a práticas menos favoráveis para o utilizador. ” A simples introdução de terminais de pagamento por cartão não assegura concorrência nos preços; garante apenas mais uma forma de pagamento”, sublinha Ricardo Soares, da Go.Charge.

Crescimento da rede pode ser afetado

A Iberdrola Bp Pulse está otimista quanto ao efeito do novo regime na proliferação da rede de carregamento. ” Estas simplificações vão facilitar a instalação de novos pontos de carregamento, inclusive em zonas de menor densidade populacional, promovendo uma maior utilização de veículos elétricos e uma rede mais densa e coesa em todo o país”, vaticina Ricardo Pacheco.

Se a confiança na rede for abalada — por problemas de acesso ou interoperabilidade —, arriscamos assistir a uma desaceleração no crescimento do setor“, afirma Ricardo Soares. A Miio sublinha igualmente a importância do acesso universal aos postos (roaming) para que a rede expanda, assim como a existência de um ecossistema previsível, estável e atrativo para o investimento.

O contexto de eleições tem afetado a capacidade de avançar a discussão do regulamento, que prevê desde já a criação de um regime transitório de dois anos “para salvaguardar uma transição sem disrupções” entre o regime centralizado e aquele que se segue. Contactado sobre os próximos passos, o ministério das Infraestruturas não se pronunciou até ao fecho deste artigo.

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MBA português com intercâmbio nos EUA escapa (para já) a ‘aperto’ de Trump

Cerca de 100 estudantes do The Lisbon MBA passam, todos os anos, até um mês no MIT Sloan, nos Estados Unidos. Imersão vai manter-se, apesar de 'aperto' anunciado nos vistos para estudantes.

Primeiro foram os estudantes estrangeiros em Harvard. A administração de Donald Trump decidiu retirar a essa universidade a capacidade de matricular alunos vindos de fora dos Estados Unidos e forçar os que já lá estavam a irem para outras escolas. Agora, o aperto promete alargar-se, tendo o Governo norte-americano ordenado às embaixadas que interrompam (temporariamente) o agendamento de novas entrevistas para a atribuição de vistos a alunos.

Ainda assim, a imersão dos estudantes do The Lisbon MBA na escola norte-americana MIT Sloan vai manter-se, garante a diretora executiva desse programa, em declarações ao ECO. Maria José Amich diz estar, no entanto, atenta “às possíveis alterações nos procedimentos e requisitos que possam vir a afetar os alunos no futuro”.

Considerado um dos 25 melhores na Europa, o The Lisbon MBA junta a Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa (Nova SBE) à escola de negócios da Universidade Católica, em colaboração com a MIT Sloan School of Managment, nos Estados Unidos.

É composto por dois programas: o International MBA, de 12 meses, a tempo inteiro; e o Executive MBA, de 20 meses, a tempo parcial. Ambos incluem uma imersão no MIT Sloan, em Boston (de um mês e uma semana, respetivamente), “focada em empreendedorismo e inovação”.

Ao ECO, a diretora executiva explica que, no âmbito destes dois programas, 90 a 100 alunos viajam todos os anos até Boston para participarem na imersão, que decorre “habitualmente durante o mês de junho“.

No âmbito dos nossos dois programas, o The Lisbon MBA Internacional e o The Lisbon MBA Executivo, entre 90 a 100 alunos viajam anualmente até Boston para participarem na experiência única que é o MIT Sloan Immersion.

Maria José Amich

Diretora executiva do The Lisbon MBA Católica|Nova

Com junho agora a começar, a imersão deste ano acontece assim num momento de incerteza nos Estados Unidos, também no que aos estudantes estrangeiros diz respeito.

Ainda na semana passada, o Politico avançou que a Administração Trump está a ponderar exigir que todos os estudantes estrangeiros tenham a sua presença nas redes sociais avaliada. E, em preparação, o Governo norte-americano ordenou às embaixadas e postos consulares que interrompam o agendamento de novas entrevistas para a atribuição de vistos a estudantes.

Essa ordem chegou, contudo, já depois de os vistos terem sido atribuídos aos estudantes do The Lisbon MBA, pelo que — pelo menos, nesta edição — o programa “escapou” ao aperto do Presidente.

“Este ano, dado que a participação dos nossos alunos no MIT Sloan Immersion tem início já na primeira semana de junho, não registámos, até ao momento, qualquer impacto no processo de atribuição de vistos. No entanto, estamos atentos às possíveis alterações nos procedimentos e requisitos que possam vir a afetar os nossos alunos no futuro”, assinala Maria José Amich.

“Importa também referir que, até à data, não recebemos quaisquer preocupações adicionais por parte dos candidatos que estão atualmente a preparar as suas candidaturas para o The Lisbon MBA Executivo (com início em outubro de 2025) ou para o The Lisbon MBA Internacional (com início em janeiro de 2026)”, acrescenta a mesma.

Este ano, dado que a participação dos nossos alunos no MIT Sloan Immersion tem início já na primeira semana de junho, não registámos, até ao momento, qualquer impacto no processo de atribuição de vistos.

Maria José Amich

Diretora executiva do The Lisbon MBA Católica|Nova

Já questionada sobre se o “travão” decidido pelos EUA pode pôr em risco a parceria com o MIT Sloan, a diretora executiva frisa que essa é uma “colaboração estratégica e de longa data, com mais de 15 anos”.

“Esta parceria é essencial para o posicionamento e a proposta de valor do The Lisbon MBA Católica|Nova, não só pelo prestígio da instituição, mas também pela complementaridade dos conteúdos oferecidos, que enriquecem o currículo dos nossos programas de MBA”, afirma a responsável.

“Esta colaboração proporciona ainda um benefício adicional muito valorizado: os nossos graduados adquirem o estatuto de MIT Sloan Affiliate Alumni, o que lhes permite integrar a rede global de alumni desta prestigiada escola. Este estatuto vem complementar a sua pertença à comunidade de alumni do The Lisbon MBA, da CATÓLICA-LISBON e da Nova SBE, ampliando significativamente as suas oportunidades de networking e desenvolvimento profissional a nível internacional”, nota Maria José Amich.

Temos uma colaboração [com a Universidade de Harvard], no contexto do nosso Centro de Medicina Humanitária e de Catástrofe. Não foi afetada que tenhamos conhecimento.

João Eurico Cabral da Fonseca

Diretor da FMUL

O The Lisbon MBA não é o único programa português com parceiros norte-americanos. Por exemplo, a Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa colabora com a Universidade de Harvard no contexto do Centro de Medicina Humanitária e de Catástrofe, confirmou ao ECO João Eurico da Fonseca, diretor desta faculdade.

Também neste caso o bloqueio aos estudantes estrangeiros promovido por Trump “não foi afetado”, garante o responsável.

O ECO questionou também o Ministério dos Negócios Estrangeiros e o Ministério da Educação sobre estas parcerias, mas não obteve respostas até ao momento.

O ECO também pediu esclarecimentos à embaixada dos Estados Unidos em Lisboa acerca do agendamento das entrevistas para atribuição de vistos e da avaliação das redes sociais dos estudantes, mas foi remetido para o Departamento de Segurança Interna norte-americano.

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