Self-storage, ganha espaço e atrai milhões de investimento

Empresas como a Control Space, BigBox e a BAUU estão a reforçar o investimento para responder a uma crescente necessidade de mais espaço por parte das famílias para guardar as suas coisas.

“Já tivemos uma pessoa que alugou um armazém só para guardar um espelho durante mais de um ano”. Outros querem “o maior armazém de todos” para guardar tudo o que têm num T3 e há até quem tenha “salvado o casamento” ao guardar a sua coleção de livros num armazém. Os exemplos são dados por Alberto Costa Lobo, cofundador da Control Space, uma empresa de self-storage, e que espelha a crescente necessidade de espaço por parte das famílias portuguesas, seja por um período temporário, seja quase como uma extensão da sua casa. Com a subida dos preços do imobiliário a forçar as pessoas a viver em casas mais pequenas, são cada vez mais os que recorrem a soluções de auto armazenamento, ou self-storage. Um negócio que está em franco crescimento e a captar milhões de euros em novo investimento.

A ideia de criar a Control Space surgiu no período da Covid-19, quando, a viver em Londres, Albano Costa Lobo veio passar um período a Portugal e, juntamente com Vasco Fino, lançou a empresa em 2021, aproveitando uma oportunidade criada pela pandemia. “De repente as pessoas tinham a família toda em casa, portanto mais coisas acumularam” e precisaram de mais espaço. “De repente, precisavam de mais um quarto, porque tinham que pôr o computador”, explica, em entrevista ao ECO. Assim, enquanto outros negócios lutavam para se manter à tona, “este negócio foi extremamente resiliente e não só se manteve como cresceu”.

As casas são cada vez mais pequenas, não há arrecadações e são cada vez mais caras e, portanto, as pessoas também vão para casas mais pequenas, mas continuam a acumular a mesma coisa e acabam por ter este este tema de onde é que pomos as nossas coisas.

Albano Costa Lobo

Co-fundador da Control Space

A pandemia passou, mas a necessidade de mais espaço não. “As casas são cada vez mais pequenas, não há arrecadações e são cada vez mais caras e, portanto, as pessoas também vão para casas mais pequenas, mas continuam a acumular a mesma coisa e acabam por ter este este tema de onde é que pomos as nossas coisas”, realça Albano Costa Lobo, notando que há muitos clientes que usam soluções de self-storage como uma alternativa de longo prazo, seja para guardar bens pessoais com valor sentimental, para deixar as bicicletas, ou guardar o que já não cabe em casa. Mas há também quem só recorra a estes armazéns quando está em mudanças, ou tem obras em casa.

A nossa vantagem é o tema da flexibilidade e simplicidade“, sintetiza o responsável, explicando que na Control Space todo o processo é digital, permitindo aos clientes reservar e gerir os espaços que precisam a partir de uma aplicação no seu telemóvel, dispondo de espaços a partir de um metro quadrado. Com armazéns em Campo de Ourique, Alcântara, na zona industrial no Porto, em Alfragide, e, desde maio, na Rua da Alegria, também no Porto, a Control Space tem já previstas outras três novas aberturas: Montijo, durante o verão; Sintra, algures entre setembro, outubro ou novembro; e Taguspark (Oeiras), possivelmente já no início do próximo ano. Apenas o Taguspark são 10.000 metros quadrados: “é o maior bicho de todos”. Depois destas inaugurações seguir-se-á Gaia “e continuamos à procura para abrimos mais e comprar mais”, explica Albano Costa Lobo, que está com quatro obras ao mesmo tempo. “Onde há pessoas, nós temos que lá estar“, justifica, acrescentando que “as pessoas podem estar cá um mês ou podem estar cá há anos. Depende muito”.

Alberto Costa Lobo, cofundador da Control Space, tem um plano de expansão do negócio no valor de 50 milhões de euros

Contas feitas, a empresa tem um plano de expansão para atingir 40.000 metros quadrados, num investimento global de 50 milhões de euros. “Já investimos mais de 30 milhões de euros”, explica o responsável, detalhando que, por abertura, é feito um investimento que varia entre 5 e 10 milhões de euros. Um forte crescimento para o qual foi determinante a entrada da Incus Capital, no ano passado. “Tínhamos três armazéns na altura, estávamos com um quarto e foram eles que nos ajudaram a fazer este crescimento”, explica o cofundador da Control Space.

Mais recente é o projeto lançado por Francisco Brandão, Pedro Ramos e Bernardo Lopes, que em junho de 2024 lançaram o BAUU. “A ideia de negócio surgiu em setembro de 2022, impulsionada sobretudo pela admiração pelas práticas de self-storage móvel já existentes noutros mercados, como os EUA ou a Austrália”, explicou Pedro Ramos, ao ECO. Ao contrário da Control Space, onde são os clientes que acedem aos espaços, na BAUU é a empresa que vai buscar as coisas e as guarda.

O serviço da BAUU é procurado tanto por particulares como por empresas, com necessidades diversificadas – desde arrumos pessoais e armazenamento temporário durante mudanças ou remodelações, ou para guardar stocks ou materiais sazonais.

Pedro Ramos

Cofundador da BAUU

Em vez de ser o cliente a deslocar-se até ao centro de armazenamento para aceder ao seu espaço, somos nós que levamos o espaço ao cliente“, refere Pedro Ramos. “O armazenamento passou a estar acessível a todos, em qualquer morada – sem necessidade de carro, alugar carrinhas ou acompanhar os bens durante o transporte. O processo garante uma total privacidade, e os bens são movimentados apenas uma vez, o que reduz significativamente o risco de danos”, explica.

Segundo Pedro Ramos, “o serviço da BAUU é procurado tanto por particulares como por empresas, com necessidades diversificadas – desde arrumos pessoais e armazenamento temporário durante mudanças ou remodelações, ou para guardar stocks ou materiais sazonais“. O responsável nota ainda que, “ao contrário dos EUA, onde o self-storage está culturalmente enraizado, em Portugal a procura tende a ser mais pontual e associada a momentos específicos”. No caso da BAUU, cerca de 70% dos contratos têm duração igual ou superior a seis meses e cerca de 35% dos clientes preveem manter o serviço durante, pelo menos, um ano.

Há mais tempo no mercado está a BigBox. “A ideia de criar a BigBox surgiu da observação do crescimento deste fenómeno em grandes metrópoles, onde se tornava evidente a necessidade crescente de espaço adicional, tanto por parte de particulares como de empresas“, conta ao ECO Filipe Silva, diretor executivo da BigBox, acrescentando que o projeto foi lançado em 2011 “e desde então o negócio tem evoluído de forma muito positiva”.

Com a pressão imobiliária crescente em Portugal e a tendência para habitações mais pequenas temos vindo a registar um aumento na procura. Muitos dos nossos clientes olham para os nossos espaços como uma extensão da sua casa, onde podem guardar artigos que não são essenciais no dia-a-dia, mas que continuam a ter utilidade, como bicicletas, decorações sazonais ou equipamentos desportivos.

Filipe Silva

Diretor-executivo da BigBox

Num país onde o conceito self-storage não está disseminado, a empresa dedicou os primeiros anos a “educar o mercado”. “Atualmente, a maioria das pessoas já está familiarizada com o self-storage e recorre aos nossos serviços sempre que sente essa necessidade”, refere, adiantando que “com a pressão imobiliária crescente em Portugal e a tendência para habitações mais pequenas temos vindo a registar um aumento na procura”. “Muitos dos nossos clientes olham para os nossos espaços como uma extensão da sua casa, onde podem guardar artigos que não são essenciais no dia-a-dia, mas que continuam a ter utilidade, como bicicletas, decorações sazonais ou equipamentos desportivos“.

Sobre o surgimento de novas empresas neste negócio, Filipe Silva reconhece que “há um mercado em crescimento e que o self-storage está a afirmar-se como uma solução relevante no quotidiano de muitas pessoas“. Com cinco localizações em funcionamento — Matosinhos, Porto Antas, Porto Ramalde, Gaia, Devesas e Braga –, a BigBox está “a preparar a abertura de uma sexta unidade, na cidade da Maia, reforçando assim a nossa presença na zona norte do país”.

Segundo Filipe Silva, a maioria dos clientes são particulares e recorrem aos serviços da BigBox pelos mais diversos motivos, desde obras em casa, mudanças, emigração, ou simplesmente a falta de espaço. “Temos também muitos casos de armazenamento de ‘tralha útil’, objetos que não se usam todos os dias, mas que não se querem deitar fora“, conclui.

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