Drones e robôs ‘cuidam’ dos painéis da EDP e reduzem custos até 80%

A EDP está a testar o uso de drones e robôs para a operação e manutenção de parques solares. O objetivo é escalar e reduzir os custos de manutenção dos projetos solares até 80%.

A EDP apresentou esta terça-feira um projeto piloto para a automatização da operação e manutenção de painéis solares: drones inspecionam e detetam as falhas, comunicam-nas e, se for necessário atuar, são os robôs de limpeza que são chamados à ação. O objetivo é escalar para todos os parques acima de 100 megawatts-hora pico, procurando uma redução nos custos operacionais associados à manutenção dos parques em até 80%.

O ecossistema de automatização está a ser testado no parque solar de Cruz de Hierro, em Villacastin, Espanha. Em primeiro lugar, conta com drones equipados com inteligência artificial (IA) que identificam os painéis ou filas de painéis que tenham sujidade acumulada ou vegetação superior a 30 centímetros.

Os incidentes detetados pelos drones são enviados para uma plataforma da EDP, que analisa o local em causa e avalia se existem condições para enviar robôs ao terreno para realizar operações de corte ou limpeza. A decisão tem em conta dados como a posição dos painéis e as condições meteorológicas em tempo real — bem como em previsões meteorológicas para os sete dias seguintes.

Por exemplo, se se anteciparem ventos persistentes, que poderão acumular ainda mais poeiras, ou chuvas intensas, que podem limpar naturalmente os painéis, a operação é adiada até nova inspeção. Caso se confirmem condições adequadas, a plataforma atribui automaticamente missões específicas a cada robô.

Chega assim a vez de os robôs entrarem em ação. Há dois tipos: os robôs de limpeza e os de corte de vegetação. Depois de requisitados pela plataforma, os primeiros deslocam-se autonomamente do ponto de partida até ao local da limpeza e limpam a fila de painéis identificada. Os segundos fazem o mesmo caminho autónomo para cortarem a vegetação da área em causa.

Este modelo de intervenção autónoma muda um pouco o paradigma das intervenções atuais de operação e manutenção.

EDP

Fonte oficial

Além dos drones, plataforma e dos dois tipos de robôs, há um quinto elemento que compõe este ecossistema e que permite o seu correto funcionamento: a infraestrutura de comunicações. Esta permite monitorizar continuamente em relação aos robôs informações como localização, nível de bateria, combustível e alarmes.

Além disso, é necessário ter a capacidade de interromper remotamente a operação a qualquer momento. Por isso, foi implantada uma infraestrutura privada de comunicação, assegurando conectividade constante entre os robôs e os sistemas de supervisão.

Este modelo de intervenção autónoma muda um pouco o paradigma das intervenções atuais de operação e manutenção”, explica a EDP, em resposta ao ECO/Capital Verde. Isto porque, em vez de operações de limpeza e corte de vegetação em massa, onde os parques são varridos de ponta a ponta por grandes equipas operacionais numa lógica quase preventiva e de forma manual, nas operações automatizadas as intervenções são cirúrgicas e destinadas apenas a resolver os problemas concretos identificados.

A escala quer-se global. Custos reduzem até 80%

O projeto está ainda numa fase piloto, pelo que “ainda há diversos componentes que passarão pela curva de aprendizagem” antes de o processo poder ser replicado nos restantes ativos solares. No entanto, a ambição é escalar a solução para todos os parques com mais de 100 megawatts-pico (MWp), e já tem novos pilotos previstos. A solução deve estender-se a 25 centrais já no próximo ano. A plataforma foi concebida para uso global, adaptando-se às especificidades de cada geografia.

Estamos num setor em forte crescimento, onde a procura por megawatts cresce a um ritmo acelerado. A única forma de equilibrar este desafio é aumentar significativamente a produtividade, tirando partido da tecnologia.

EDP

Fonte oficial

“Estamos num setor em forte crescimento, onde a procura por megawatts cresce a um ritmo acelerado. A única forma de equilibrar este desafio é aumentar significativamente a produtividade, tirando partido da tecnologia”, salienta a EDP. As atividades de limpeza de painéis e controlo de vegetação representam, atualmente, mais de 20% dos custos operacionais totais dos projetos solares. Com a introdução de tecnologias automatizadas, a expectativa é que estes custos sejam reduzidos em até 80%, dependendo das características locais de cada parque.

Sobre a mão de obra, a elétrica garante que a “proposta não é reduzir a quantidade de funcionários”, já que “a tecnologia não visa substituir trabalhadores, mas sim libertá-los de tarefas pesadas e rotineiras frequentemente em condições meteorológicas extremas”, “abrindo espaço para atividades mais estratégicas e qualificadas” e aumentando “significativamente” a produtividade.

As funções de supervisão das máquinas e software deverão ser desempenhadas por pessoas. Por exemplo, haverá pelo menos 15% de intervenção manual na atividade de gestão da vegetação.

Além disso, estes ecossistemas digitais exigem coordenação humana e serão aplicados a parques tendencialmente maiores, mantendo-se os processos de operação e manutenção atuais em parques de pequena e média dimensão, uma vez que “colocam menos desafios ao nível da extensão e do peso operacional das tarefas”.

Por fim, haverá sempre locais que pela sensibilidade ou pouca manobrabilidade serão dificilmente acessíveis para os robôs, tendo de ser intervencionadas por pessoas, reconhece a elétrica.

Tendo em conta a fase preliminar em que se encontra, o investimento para já “não é significativo”, indica fonte oficial. O piloto é suportado integralmente com fundos da EDP. Contudo, a elétrica admite que poderá ser elegível para incentivos fiscais previstos na legislação espanhola, destinados a atividades de investigação e desenvolvimento tecnológico.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Comentários ({{ total }})

Drones e robôs ‘cuidam’ dos painéis da EDP e reduzem custos até 80%

Respostas a {{ screenParentAuthor }} ({{ totalReplies }})

{{ noCommentsLabel }}

Ainda ninguém comentou este artigo.

Promova a discussão dando a sua opinião