Envelhecimento, custos e tecnologia pressionam o mercado dos seguros

  • Carolina Neves Carvalho
  • 23 Outubro 2025

Em mais uma edição da conferência ECOseguros, os especialistas analisaram o setor segurador, onde a inovação está redesenhar os produtos e as motivações dos consumidores.

O futuro do setor segurador esteve em discussão na 6ª conferência anual do ECOseguros, onde a saúde, a redução de riscos, a longevidade e a IA estiveram em foco. Durante diferentes painéis, os especialistas destacaram como a inovação, a proximidade ao cliente e a sustentabilidade financeira são hoje linhas estratégicas.

Longevidade: poupança e proteção na reforma

Diogo Agostinho, COO da ECO, moderou o debate com Ana Paulo, Head of Life Zurich Portugal; Gonçalo Castro Pereira, Vice-presidente da GamaLife; Isabel Castelo Branco, CEO BPI Vida e Pensões; Luís Ferraz, CEO da Prévoir Portugal.

Com o aumento da esperança média de vida, cresce também o mercado da poupança de longo prazo. “Há grande procura” e “a atividade seguradora tem produtos com liquidez, sendo por isso uma boa alternativa para o investidor não profissional”, afirmou Ana Paulo, Head of Life Zurich Portugal.

Gonçalo Castro Pereira, Vice-presidente da GamaLife, destacou o papel do setor na literacia financeira e a importância de ajustar o risco ao ciclo de vida do cliente. “Quando temos uma idade mais precoce, temos uma maior vontade de arriscar e na idade mais próxima da reforma isso já não acontece. Por isso, temos de acompanhar o ritmo dos nossos clientes”.

Já Isabel Castelo Branco, CEO BPI vida e pensões, reforçou que os produtos de seguros são hoje mais competitivos e transparentes, mas que persistem desafios. “Falta-nos como setor criar a possibilidade sistematizada de acesso ao capital que os clientes acumularam durante uma vida. Além disso, do ponto de vista legislativo, também existem muitos desafios.”

Para Luís Ferraz, CEO da Prévoir Portugal, “estamos numa fase de franco crescimento. Queremos saber o que é que nós seguradoras conseguimos prever e ter uma visão mais abrangente sobre o que podemos fazer com as pessoas com base na idade”.

Valor real para o cliente: tecnologia com toque humano

Paulo Silva, Diretor de Desenvolvimento Comercial da Prévoir; Jorge Rosa, Diretor de Desenvolvimento de canais da Generali Tranquilidade; e Ricardo Santos, Chief Brand Officer do Doutor Finanças.

De acordo com Paulo Silva, Diretor de Desenvolvimento Comercial da Prévoir, a procura incide cada vez mais sobre produtos flexíveis. Já Ricardo Santos, Chief Brand Officer do Doutor Finanças, reforça que as marcas devem assumir um papel ativo na sociedade, “as empresas tem de assumir um papel, para além do produto”, apenas desta forma pode o cliente perceber valor real numa marca e, consequentemente, investir nos seus produtos. “Este conceito de marca cidadã é mais do que responsabilidade social”, destaca. Na mesma linha, Jorge Rosa, Diretor de Desenvolvimento de canais da Generali Tranquilidade, sublinhou que o investimento em inteligência artificial e dados pode ser a chave. “Aquilo que temos feito é tudo para facilitar a jornada do cliente, mas o toque humano também continua a ser essencial”, defendeu.

O que a IA tem para oferecer ao setor

António Castro, CEO e Co-fundador FRANK; Hugo Veloso, manager da NTT Data Portugal; e José Lino Ferreira, consultor da MPM.

Durante este painel, a inteligência artificial foi apontada como um fator de transformação comparável à chegada da internet. António Castro, CEO e Co-fundador FRANK, destacou três dimensões já em prática — “IA generativa, preditiva e agentes inteligentes” – que estão a “automatizar tarefas e libertar os mediadores para funções de maior valor”, sendo este “um canal essencial na mediação”.

Para Hugo Veloso, manager da NTT Data Portugal, a IA aumenta a eficiência e a satisfação dos cliente. Para Veloso a “IA não vai substituir a interação humana, mas vai simplificar muitos dos processos”, enquanto José Lino Ferreira, consultor da MPM, destacou o seu papel, na corretagem, “na automatização de processos que vão tirar muita carga administrativa aos corretores”.

Redução de riscos no setor automóvel

Francisco Botelho moderou o debate de Joana Marques, CEO da ExpressGlass, Lucas Constâncio, Diretor-Geral da Glassdrive Portugal, e Romeu Silveira, Sales & Marketing Director Carglass Portugal.

O aumento dos custos logísticos e de produção está a ter impacto direto no setor automóvel. “O preço não está a traduzir a realidade dos custos”, alertou Joana Marques, CEO da ExpressGlass. E, para garantir a entrega de vidros para viaturas ao mercado, “muitos produtores estão a reduzir a qualidade do vidro”, afirmou Lucas Constâncio, Diretor-Geral da Glassdrive Portugal, notando que “os fabricantes fazem vidros mais finos, mas que se vão partir com mais facilidade”.

Já Romeu Silveira, Sales & Marketing Director Carglass Portugal, alerta para a importância de privilegiar a reparação do vidro sempre que possível, até por uma questão de “sustentabilidade”: ao contrário da substituição, “não exige calibração dos sistemas, o que reduz”, portanto “a reparação deve estar na ordem do dia”.

Os desafios da saúde

Teresa Xavier, Head of Corporate Business – Portugal | Grupo Future Healthcare, e Ana Carvalho, Diretora-Geral Adjunta MGEN, foi painel moderado por Luis Ferreira Lopes.

Entre inovação tecnológica, foco na prevenção e novos modelos de poupança, o setor segurador português enfrenta desafios, mas também oportunidades significativas. A palavra de dia é equilíbrio: entre digital e humano, risco e proteção, eficiência e proximidade, Teresa Xavier, Head of Corporate Business – Portugal | Grupo Future Healthcare, e Ana Carvalho, Diretora-Geral Adjunta MGEN, apontaram os futuros caminhos da saúde e dos seus seguros em Portugal.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Comentários ({{ total }})

Envelhecimento, custos e tecnologia pressionam o mercado dos seguros

Respostas a {{ screenParentAuthor }} ({{ totalReplies }})

{{ noCommentsLabel }}

Ainda ninguém comentou este artigo.

Promova a discussão dando a sua opinião