Oceanos vão à COP. O grande azul que absorve mais que o verde
Ruben Eiras fala sobre os oceanos no podcast Clima 3.0, no qual poderá acompanhar os temas que irão marcar a agenda da COP30.
- Este texto é escrito com base no podcast Clima 3.0, que trará aos leitores, diariamente e ao longo das duas semanas da COP, uma visão sobre os principais temas discutidos na COP30, numa série de dez entrevistas a especialistas das diversas áreas em discussão.
O oceano não só produz mais de metade do oxigénio que respiramos, como também é o principal sumidouro de carbono no planeta. É com estes dados que Ruben Eiras, secretário-geral do Fórum Oceano e convidado do podcast Clima 3.0, justifica o destaque que este tema tem ao nível da 30.ª Conferência das Partes (COP30)
Este importante regulador do clima e da vida na Terra está a sofrer: o excesso de dióxido de carbono no oceano irá tornar o ambiente marinho, aquático, muito mais acidificado. “A vida que não conseguir suportar essas condições, desaparece. E estamos a falar de uma grande parte”, afirma Eiras. Ao mesmo tempo, a subida do nível da água do mar ameaça cidades, que podem ser “arrasadas”, e terrenos agrícolas, que podem vir a ser “inutilizáveis”.
“Tem de se conseguir fazer com que a nova economia, e neste caso a economia verde ou a economia azul, que tem o ambiente [como] central ao modelo de negócio, seja mais competitiva e lucrativa do que os modelos de negócio que não o têm”, defende o secretário-geral do Fórum Oceano. Mas a verdade é que a economia ‘azul’ tem vindo depois da ‘verde’. Porquê? “Um facto também muito simples: ninguém vive no azul. Nós vivemos no verde”, entende Eiras.
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Rúben Eiras, secretário-geral da Fórum Oceano, em entrevista ao Capital Verde Henrique Casinhas/ECO -
Rúben Eiras, secretário-geral da Fórum Oceano, em entrevista ao Capital Verde Henrique Casinhas/ECO -
Rúben Eiras, secretário-geral da Fórum Oceano, em entrevista ao Capital Verde Henrique Casinhas/ECO
Sobre soluções viáveis para cuidar dos oceanos, Ruben Eiras aponta o transporte marítimo verde, que ajuda a diminuir as emissões e acidificação, embora seja indispensável a descarbonização em terra, que também afeta as águas. Além disso, considera necessário alargar e digitalizar a monitorização e do oceano. Fazê-lo a nível global, mas “começando pela nossa casa”.
Tem de se conseguir fazer com que a nova economia, e neste caso a economia verde ou a economia azul, que tem o ambiente [como] central ao modelo de negócio, seja mais competitiva e lucrativa do que os modelos de negócio que não o têm.
Como um resultado que tornasse a COP30 um sucesso em termos da política dos oceanos, Ruben Eiras gostaria de ver um acordo, que incluísse a União Europeia e a China, já que são os dois maiores blocos de transporte marítimo no mundo, para que pelo menos 50% do transporte de mercadorias fosse feito com navios que funcionassem com combustíveis marítimos sustentáveis. “Conseguiriam um impacto enorme”, e “sem castigar demasiado os consumidores”, garante.
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