Debates, parcerias e partilha de experiências. O que fizeram as empresas portuguesas na COP
Várias empresas portuguesas decidiram marcar presença na COP. Entre a consolidação de parcerias e a participação em debates, saiba o que as empresas andaram a fazer por Belém.
Além de palco para acesas negociações sobre políticas climáticas a nível global, as Conferências das Partes das Nações Unidas (COP) servem de plataforma para diversas empresas. Nesta 30.ª edição da cimeira, foram várias as empresas portuguesas presentes: as consultoras GEt2C e EY, as energéticas EDP e Eco-Oil, a seguradora Fidelidade e a Associação Portuguesa da Indústria dos Plásticos (APIP) detalharam ao ECO/Capital Verde o que andaram a fazer pelos corredores da COP30, nas últimas duas semanas. A “caça” a oportunidades e novas parcerias, ou consolidação das já existentes, assim como a partilha de experiências são as principais razões apresentadas por estas empresas para estarem presentes.

A consultora Get2C marca habitualmente presença nas Conferências das Partes do Clima, desde a sua fundação, em 2011. A de 2015 foi “a mais marcante, pela conquista do Acordo de Paris”, conta a empresa. “A nossa presença da COP tem o propósito de acompanhar os nossos parceiros, sejam eles estados, organizações internacionais e não governamentais, com quem mantemos relações comerciais ao longo do ano, assim como reforçar e gerar novas oportunidades na área das alterações climáticas (mitigação, adaptação e ação)”, revela a consultora.
Da equipa estiveram presentes quatro elementos, e ainda houve “espaço” para trazer quatro participantes, os vencedores da terceira edição da Viagem pelo Clima, um concurso que consistiu em percorrer Portugal de Norte a Sul da forma mais sustentável possível, criando o maior impacto positivo nas comunidades ao longo do percurso.
A nossa presença da COP tem o propósito de acompanhar os nossos parceiros, sejam eles estados, organizações internacionais e não governamentais, com quem mantemos relações comerciais ao longo do ano, assim como reforçar e gerar novas oportunidades.
A Get2C organizou duas conferências, no Pavilhão de Portugal. Uma dedicada à importância e aplicação da tecnologia para impulsionar a neutralidade carbónica dos municípios, e outra sobre a Viagem pelo Clima. Fora deste pavilhão, elementos da consultora foram oradores em painéis sobre a literacia oceânica e sobre as emissões de âmbito três e cadeias de fornecimento, numa abordagem focada na regulação europeia.
A elétrica EDP também veio a Belém do Pará, para participar na COP. A delegação foi liderada por Vera Pinto Pereira, administradora executiva da EDP e presidente da Fundação EDP, e por João Brito Martins, CEO da EDP América do Sul. A equipa contou um total de sete elementos das áreas de Clima, Sustentabilidade, ESG e Renováveis.
Esta não é uma visita inédita. A EDP tem marcado presença nas conferências globais de clima desde a célebre COP21, que teve lugar em Paris, há dez anos. Além de vir a Belém reafirmar o compromisso com a transição energética — a empresa propõe-se a alcançar a neutralidade climática até 2040 –, assim como dar visibilidade às suas iniciativas sociais e ambientais e, finalmente, contribuir para o debate global sobre políticas públicas e regulatórias.
A participação foi pautada pela intervenção em várias mesas redondas, sobre soluções para a redução das emissões de gases com efeitos de estufa, através da eletrificação, geração renovável, redes; adaptação às alterações climáticas e políticas e mecanismos eficazes para ultrapassar os desafios da transição.
A motivação da nossa presença está assente no reforço do nosso posicionamento como entidade de referência em matéria de ação climática e sustentabilidade, e em fomentar parcerias e sinergias.
A empresa apresentou também projetos que considera inovadores, como a instalação de uma bateria térmica que funciona a energias renováveis, para descarbonizar uma cervejaria. Na adaptação, a EDP lançou um relatório dedicado a explicar estas práticas dentro da empresa, em diferentes geografias. Por fim, anunciou nove projetos de acesso à energia, no Brasil e África, tendo sido selecionado um projeto que envolve um sistema de bombagem solar para garantir o acesso contínuo a água potável numa comunidade da Amazónia.
Já Norma Franco, da consultora EY, veio à COP integrada tanto na delegação da EY a nível global como na delegação portuguesa. “A motivação da nossa presença está assente no reforço do nosso posicionamento como entidade de referência em matéria de ação climática e sustentabilidade, e em fomentar parcerias e sinergias“, explica a empresa, em declarações ao ECO/Capital Verde. Durante o evento, a consultora dedicou-se tanto a reuniões com clientes como à participação em diversos painéis, por vezes no papel de organizadora, por outras como convidada.
A EY promoveu três painéis. Os temas debruçaram-se sobre a partilha de ideias e experiências de descarbonização, financiamento sustentável e parcerias globais, olhando também a setores específicos, e ainda sobre liderança feminina na ação climática, focando também Portugal. A convite da Fidelidade, Norma Franco falou de risco e resiliência no que toca o clima e juntou-se à Associação Portuguesa da Indústria dos Plásticos para levantar o véu à estratégia de descarbonização deste setor.
Fomos à cimeira para partilhar conhecimento, ouvir outros atores relevantes e construir soluções que reforcem a resiliência dos territórios, promovam o investimento sustentável e acelerem a capacidade de resposta face a estes novos padrões de risco.
A Fidelidade convidou a EY para um dos seus eventos, mas trouxe também as suas pessoas: Rui Esteves, diretor Geral Técnico Não Vida e Vida Risco e cocoordenador do Impact Center for Climate Change, Tomé Pedroso, assessor da Comissão Executiva e cocoordenador do Impact Center for Climate Change e, finalmente, João Mestre, diretor de Sustentabilidade.
“Fomos à cimeira para partilhar conhecimento, ouvir outros atores relevantes e construir soluções que reforcem a resiliência dos territórios, promovam o investimento sustentável e acelerem a capacidade de resposta face a estes novos padrões de risco“, explica a seguradora. Ao mesmo tempo, serviu para a empresa partilhar a sua experiência de redução de pegada carbónica.
Nesta cimeira, havia um pavilhão dedicado ao setor segurador, a Casa do Seguro. A Fidelidade entrou nesta casa, logo no primeiro dia da cimeira, para falar sobre seguros inclusivos e microsseguros para micro, pequenas e médias empresas de economias emergentes.
A outra ‘casa’ na qual foram convidados a entrar foi o Pavilhão de Portugal, no qual puderam apresentar, a 11 de novembro o trabalho do Impact Center for Climate Change (ICCC), as estratégias Net Zero e Nature Positive da Fidelidade e o fundo florestal “Florestas de Portugal”. No mesmo espaço, Rui Esteves entrou num debate sobre o papel do setor segurador em diferentes geografias e outro sobre o impacto das alterações climáticas nos seguros de vida e poupança de longo-prazo. João Mestre “viajou” até uma mesa redonda da EY e outra no Pavilhão UN Compact, nos quais os temas foram o plano de descarbonização da fidelidade, gestão de riscos de transição e o alinhamento entre operações, oferta de seguros e investimentos.
Foi também uma oportunidade para criar novas pontes com stakeholders internacionais, reforçando o papel de Portugal como um exemplo de indústria moderna, responsável e sustentável.
A Associação Portuguesa da Indústria dos Plásticos (APIP) teve direito a uma sessão no Pavilhão de Portugal para “dar visibilidade ao trabalho consistente que a APIP e a indústria nacional dos plásticos têm desenvolvido na área da descarbonização e da circularidade”, explica fonte oficial. Paralelamente, “foi também uma oportunidade para criar novas pontes com stakeholders internacionais, reforçando o papel de Portugal como um exemplo de indústria moderna, responsável e sustentável“, entende a associação.
Célia Pedro, Diretora Industrial da Eco-Oil e presidente da European Young Engineers, também teve a sua passagem por esta edição da COP. “Quisemos trazer soluções técnicas e práticas para o centro das negociações“, justifica a empresa, que também procurou reforçar o compromisso com a sustentabilidade industrial e com a criação de pontes entre indústria, políticas públicas e inovação.
Quisemos trazer soluções técnicas e práticas para o centro das negociações.
Enquanto presidente da European Young Engineers, Célia Pedro participou em vários diálogos de alto nível e conferências de imprensa, para reforçar uma mensagem que considera “essencial”: a transição energética tem de ser inclusiva, sustentável e construída com base em conhecimento sólido, e os jovens devem ter um papel ativo nos processos de decisão.
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