Douro reduz produção de vinho do Porto para as 75 mil pipas
No ano passado, o quantitativo foi fixado nas 90 mil pipas.
A Região Demarcada do Douro vai transformar um total de 75 mil pipas de mosto em vinho do Porto nesta vindima, menos 15 mil do que no ano anterior, decidiu esta sexta-feira o conselho interprofissional da região.
O benefício de 75 mil pipas (550 litros cada) de mosto para produção de vinho do Porto foi o principal resultado do comunicado de vindima aprovado pelo conselho interprofissional do Instituto dos Vinhos do Douro e Porto (IVDP), que esteve reunido no Peso da Régua, distrito de Vila Real. No ano passado, o quantitativo foi fixado nas 90 mil pipas.
“Desta reunião saiu uma decisão unânime em torno da quantidade de mosto a beneficiar para a vindima de 2025, quantidade essa que foi aprovada em 75 mil pipas”, afirmou o presidente do IVDP, Gilberto Igrejas. Para o responsável, este valor representa, sobretudo, “um sinal” para a região de responsabilidade.
“Acredito que a decisão consciente que os senhores conselheiros tomaram foi a decisão mais acertada, seguramente tendo em conta aquilo que são as necessidades mundiais atuais de vinho”, salientou Gilberto Igrejas. Para além do presidente do IVDP, que representa o Estado, o conselho interprofissional é composto pelos dois vice-presidentes e representantes da produção e do comércio distribuídos pelas duas secções especializadas (Porto e Douro).
“Partimos de posições bastante diferentes, a produção com 90 mil, nós com 68 mil, mas eu acho que foi bom para a região termos conseguido chegar a uma decisão por unanimidade que demonstra de uma forma clara que estamos unidos no propósito de tentar reverter a situação de dificuldade que a lavoura duriense atualmente vive”, referiu o vice-presidente indicado pelo comércio, António Filipe.
O responsável explicou que, no caso do comércio, este valor resulta “daquilo que foram as intenções de compra que os associados manifestaram e a necessidade que entenderam ser relevante de escoar os stocks de vinho do Porto que ainda existem na produção de anos anteriores”.
“É um valor que consideramos que é razoável, sobretudo é um valor que é consensual entre as profissões e que resulta também de um esforço conjunto que a produção e o comércio têm feito no sentido de encontrarem soluções para a região”, realçou. Pelo lado da produção falou Celeste Marques, que é também presidente do conselho regional de viticultores da Casa do Douro.
“Foi o valor possível. Muita negociação, muito debate, muitos pedidos de solidariedade, muita indicação que não é só sustentabilidade, mas que está em causa também a sobrevivência de alguns viticultores”, referiu a responsável, que adiantou que o comércio estava “um pouco irredutível”.
Celeste Marques adiantou que “também ficou o compromisso de adquirir as pipas que estavam ainda em ‘stock’ do ano passado”, ou seja, as 8.500 pipas que ainda estão na produção do ano passado. “E também o compromisso de um grupo de trabalho para estudar a aguardente regional para ser incorporada no vinho do Porto”, frisou ainda.
Nas últimas semanas, viticultores reclamaram a manutenção do benefício do ano anterior, as 90 mil pipas. Questionada sobre a reação a estas medidas, Celeste Marques garantiu que “todo o trabalho que foi feito foi a pensar nos produtores e na sobrevivência deles”. Cada pipa de vinho do Porto pode corresponder a uma média de 1.000 euros, o que este ano pode corresponder a 75 milhões de euros.
No ano passado, o interprofissional do IVDP fixou o valor do benefício nas 90.000 pipas (550 litros cada), menos 14.000 do que em 2023 (104.000 pipas). Na reunião de hoje, falou-se ainda das medidas contidas no plano de ação do Ministério da Agricultura e Mar para o Douro, como a uva para destilar, que é apoiada pelas duas profissões: produção e comércio.
“Aquilo que nós temos são medidas de ajudas diretas ao viticultor. Portanto, estamos a falar de uma ajuda, em princípio, de cerca de 50 cêntimos por quilograma”, salientou Gilberto Igrejas, que falava sobre a medida que prevê a entrega de uvas em excesso para destilar.
Este ano poderá ainda haver uma quebra na colheita na região a rondar aos 20%. “Estamos a falar de uma vindima que vai ser mais escassa. E, portanto, todo o cenário foi construído em torno desta vindima”, disse ainda Gilberto Igrejas.
Assine o ECO Premium
No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.
De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.
Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.