UE dá passos no acordo com Índia em altura delicada nas relações com Rússia

A União Europeia e a Índia continuam negociações para um acordos comerciais e de investimento, tendo em vista mais duas rondas ainda este ano.

A União Europeia (UE) e a Índia estão a avançar nas negociações com vista a um acordo comercial, tendo em vista conseguir fechar as conversações antes das eleições em ambas as potências em 2024, adianta Margarida Marques, eurodeputada do PS, em declarações ao ECO. A eurodeputada, que marcou presença numa missão à Índia para estas negociações, admite que é necessário seguir a evolução da posição da Índia face à Rússia, após o país se ter abstido na votação sobre uma resolução contra as ações militares na Ucrânia, no Conselho de Segurança da ONU.

A missão da Comissão do Comércio Internacional (INTA) do Parlamento Europeu, que ocorreu entre os dias 11 e 13 e foi liderada pelo presidente do comité, Bernd Lange, “surge na linha do esforço que tem vindo a ser feito para relançar negociações com a Índia“, conta Margarida Marques. Em 2013 estas “foram interrompidas por falta de acordo, mas em 2021 há a cimeira do Porto UE-Índia e nessa reunião acordou-se o compromisso de relançar negociações”, recorda.

As negociações debruçam-se sobre três domínios específicos: um acordo comercial, um acordo de investimento e um acordo sobre indicações geográficas. A eurodeputada antecipa que “o mais fácil será tratado comercial e o de investimento será mais complexo”. O objetivo é até ao final deste ano ter mais duas rondas de negociações, sendo que o processo continuará em 2023.

Quanto ao calendário, há uma “vontade política” para alcançar o fim da negociação antes das eleições na Índia e para o Parlamento Europeu em 2024, apesar de ser ainda incerto se será possível, aponta Margarida Marques. Certo é que a missão, onde os eurodeputados reuniram com autoridades indianas, com a ministra das Finanças e do Comércio, ouviram empresários indianos e também europeus que têm investimentos e negócios na Índia, bem como os parceiros sociais e o Parlamento indiano e reuniram com think thanks e com a academia, “correu bastante bem” e as expectativas são altas.

Apesar dos avanços, Margarida Marques reconhece a importância da missão ser feita agora, depois da Índia se ter abstido nas Nações Unidas na resolução sobre Rússia. “Isso coloca a Índia numa posição especial no quadro regional e do ponto de vista regional está interessada em tirar dividendos”, admite, sinalizando que os eurodeputados, nas reuniões que tiveram com eles, procuraram “ser muito claros sobre a posição de repúdio pela invasão da Ucrânia”.

“Procurámos sempre perceber como é que a Índia via o seu valor acrescentado ou interesse pelo facto de se ter abstido na votação“, aponta a eurodeputada, interpretando a posição do país à luz da dependência em equipamento militar relativamente da Rússia. Recorda também que a Índia fez um acordo de comércio com a Austrália e está a negociar com o Reino Unido, tendo “urgência em estabelecer acordos que podem reforçar posição na região”.

Ainda assim, salienta que o facto de ter tomado posição não traz para a UE “qualquer vantagem”, só é necessário “reafirmar a posição”face aos eventos. “Temos que olhar para a evolução de posição e procurar perceber que a região também não é fácil”, sublinha.

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