Guerra leva FMI a cortar previsão de crescimento de Portugal para 4%

O Fundo Monetário Internacional cortou as previsões para a economia mundial por causa da guerra. Portugal não escapou.

Kristalina Georgieva, diretora-geral do FMI.Banco Mundial

O Fundo Monetário Internacional (FMI) publicou esta terça-feira as suas projeções no World Economic Outlook, tendo revisto em baixa as estimativas de crescimento da economia por causa dos efeitos negativos da guerra na Ucrânia.

Para Portugal, a instituição com sede em Washington, prevê um crescimento de 4% este ano e de 2,1% em 2023. Estes números representam uma forte revisão em baixa já que em outubro, o FMI projetava para a economia portuguesa uma aceleração do PIB este ano de 5,1%.

A nova estimativa de 4% para 2022 é mais pessimista do que a do Governo. No Programa de Estabilidade entregue em Bruxelas, João Leão, o ex-ministro das Finanças, apontava para um crescimento de 5% para este ano, valor que, entretanto, foi revisto em baixa para 4,9% por Fernando Medina na proposta do Orçamento do Estado entregue no Parlamento na semana passada.

Também o Banco de Portugal (4,9%) e o Conselho das Finanças Públicas (4,8%) têm previsões mais otimistas para a economia portuguesa.

A justificar este maior pessimismo do FMI está a guerra na Ucrânia que levou a instituição liderada por Kristalina Georgieva a baixar as estimativas de crescimento mundial. “Além do impacto humanitário imediato, a guerra vai travar a recuperação da economia e fazer acelerar ainda mais a inflação”, lê-se no World Economic Outlook.

Assim, para este ano e para 2023, o FMI prevê que a economia mundial cresça 3,6%, ou seja, uma revisão em baixa de 0,8% e 0,2%, respetivamente, face às estimativas feitas em janeiro, ainda antes da guerra.

Esta revisão em baixa reflete, largamente, o impacto direto da guerra na Ucrânia e na Rússia e os efeitos globais de contágio” às restantes economias, explica Pierre-Olivier Gourinchas, o responsável máximo pelo estudo do FMI.

Para a Ucrânia, as previsões do FMI para este ano apontam para um colapso do PIB de 35%, enquanto a economia russa deve afundar 8,5% no mesmo período.

Portugal converge com Zona Euro, mas pouco

Na Zona Euro, e depois de uma recuperação superior a 5% no ano passado, o FMI está a contar para este ano e para 2023 com um abrandamento do crescimento para 2,8% e 2,3%.

Isto significa que a economia portuguesa vai convergir este ano com a Zona Euro, mas será sol de pouca dura já que em 2023, o FMI estima que o PIB nacional cresça apenas 2,1%, abaixo dos 2,3% projetados para a Zona Euro.

O Governo, para o próximo ano, está a contar com um crescimento mais acentuado, de 3,3%.

Onde Portugal sai melhor na fotografia do que os parceiros europeus é na inflação. O FMI prevê que a inflação este ano chegue aos 4% em Portugal, um valor em linha com as estimativas do Governo. Na Zona Euro, as projeções apontam para um acelerar de preços mais acentuado, com a inflação a saltar para os 5,5%.

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