EDP Brasil prevê anunciar investimentos em dois grandes projetos solares em 2022
"O Brasil tem muita hídrica. A capacidade instalada da energia hídrica representa 58% do total de todas as tecnologias", diz o presidente da empresa, João Marques da Cruz.
A EDP Brasil planeia investir em dois novos projetos de energia solar de grande dimensão no Brasil em 2022, na região sudeste e no nordeste do país, disse esta terça-feira à Lusa o presidente da empresa, João Marques da Cruz.
“Estamos a trabalhar para que neste ano se possa anunciar mais dois parques [de energia solar no Brasil]. Um no sudeste, no estado de São Paulo, e outro no nordeste. Acreditamos que um destes vá aparecer a muito curto prazo, estamos a ultimar as condições para divulgar, pois não podemos divulgar os detalhes, mas acreditamos que a muito curto prazo haverá mais este [segundo parque de energia solar] e mais para o fim do ano haverá o terceiro”, afirmou Marques da Cruz.
“É este o nosso objetivo, termos três usinas [parques] solares em parceira com a EDP Renováveis neste ano [no Brasil]”, acrescentou o executivo. Em outubro do ano passado, a empresa anunciou um grande investimento em energia solar no chamado complexo Monte Verde, que deverá produzir 209 megawatt (MW) a partir de 2024, numa parceria com a EDP Renováveis, no estado do Rio Grande do Norte, localizado na região nordeste do Brasil.
Os próximos empreendimentos de energia solar da EDP Brasil também devem ter entre 200 e 250 megawatts (MW) de capacidade, e significarão uma expansão da parceria com a EDP Renováveis no país sul-americano, segundo Marques da Cruz. O gestor explicou que estes empreendimentos planeados e que devem ser anunciados em 2022 terão “o mesmo modelo, que é uma parceira 50% – 50% com a EDP Renováveis, a ligar sobretudo usinas de dimensão semelhantes, entre 200MW e 300MW.”
Marques da Cruz também considerou que há grande potencial para desenvolver novas fontes renováveis no Brasil e lembrou que tanto energia solar quanto a eólica representam uma pequena percentagem da produção total do país. “O Brasil tem muita hídrica [energia hidroelétrica]. A capacidade instalada da energia hídrica representa 58% do total de todas as tecnologias, evidente que a hídrica é renovável, por isto se considera que no seu conjunto o Brasil tem muito energia renovável, mas se nos pensarmos nas novas renováveis, solar e eólica, o Brasil tem pouco”, explicou.
O executivo da EDP Brasil acrescentou que a produção de energia solar já instalada no Brasil, ou seja, que está em operação, representa entre 4% e 5% do total. “Estou a falar daquilo que está a produzir agora e a energia eólica é menos do que isto. As novas energias renováveis [correspondem] a menos de 8% do que é produzido. Por isto, não se pode dizer que é muito. Eu acho que o Brasil tem grande potencial de aumentar [produção de energia] quer eólica, quer solar”, frisou Marques da Cruz.
“É importante [também] que um país com a dimensão continental do Brasil continue a investir em linhas de transmissão, que é o complemento de energia renovável para que o Brasil fique mais independente das crises hídricas e para que os consumidores, as pessoas brasileiras, não paguem faturas com bandeiras vermelhas quando não chove. A única solução é aumentar a penetração das renováveis, o peso das renováveis, no ‘mix’ total da gerarão no Brasil”, acrescentou.
Questionado sobre o recente plano do Governo brasileiro de incentivar investimentos em hidrogénio verde como uma solução para mitigar dificuldades com o uso do carvão e do petróleo e sobre uma possível participação da empresa na criação e expansão deste mercado, o presidente da EDP Brasil confirmou interesse e contou que a empresa já desenvolve um pequeno projeto no estado do Ceará.
“O interesse [em hidrogénio verde] existe […]. A EDP tem um projeto em curso, que é um projeto de pesquisa e desenvolvimento no Ceará em que vamos produzir neste ano as primeiras moléculas de hidrogénio verde em ambiente industrial no Brasil. É um projeto pequeno, são 3 MW, mas é um projeto que achamos importante, porque nos posiciona e capacita nosso pessoal”, contou Marques da Cruz.
“Nós estamos interessando em investir quer em projetos de mobilidade, por exemplo, autocarros que tenham como abastecimento hidrogénio verde ou [energia] elétrica. Mobilidade quer [com energia] elétrica quer com hidrogénio [verde] são interesses de curto prazo da EDP no Brasil. O grupo EDP tem uma estratégia global para o hidrogénio verde e o Brasil faz parte destes mercados […]. Não tenho dúvidas de que é o futuro e a EDP quer estar alinhada com o futuro, por isto o hidrogénio faz parte quer da narrativa quer da prática da EDP”, concluiu.
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