Governo tenta mobilizar fundos europeus para reforçar orçamento da Defesa
Marcelo pediu mais dinheiro para as Forças Armadas. António Costa admitiu que, se não conseguir mobilizar recursos do Fundo Europeu de Defesa, terá “maiores dificuldades” em chegar à meta dos 2%.
Marcelo Rebelo de Sousa exigiu mais dinheiro para as Forças Armadas, avisando os portugueses que não podem “clamar por maior envolvimento” dos militares em ações dentro e fora do país, e ao mesmo tempo “pensar que há mais onde gastar o dinheiro”. “Depois não nos queixemos de frustrações, desilusões e afastamentos”, alertou.
Ora, em resposta aos avisos do Presidente da República, António Costa respondeu esta tarde que aquilo que o chefe de Estado está a pedir “está devidamente programado — na Lei de Programação Militar — e contratualizado com a própria NATO relativamente aos compromissos” nacionais.
“O que temos programado é com recursos próprios. Mas podemos ir mais longe e mais depressa se conseguirmos mobilizar os fundos europeus — e temo-nos posicionado nesse sentido”, sublinhou o primeiro-ministro, em declarações transmitidas pela RTP3, a partir dos jardins do Palácio de S. Bento, que neste feriado estão abertos à população.
"O que temos programado é com recursos próprios. Mas podemos ir mais longe e mais depressa se conseguirmos mobilizar os fundos europeus — e temo-nos posicionado nesse sentido.”
O chefe do Executivo reconheceu que se conseguir mobilizar recursos do Fundo Europeu de Defesa, “mais rapidamente” o país se aproximará da meta de gastar 2% do PIB neste setor. “Se não tivermos essa capacidade, obviamente teremos maiores dificuldades”, acrescentou.
“O investimento que temos planeado em defesa tem procurado sempre fazer três em um: aumentar as capacidades das nossas Forças Armadas, mobilizar o nosso sistema científico e tecnológico, e mobilizar o nosso tecido industrial”, completou António Costa.
Na semana passada, questionada sobre as verbas previstas no Orçamento de Estado para 2022 são suficientes para alcançar os objetivos da modernização das Forças Armadas, a nova ministra da Defesa, Helena Carreiras, reiterou que “esse é um caminho” que o país tem de fazer, “não no imediato, apenas, mas durante os próximos anos”, tendo apontado à meta dos 2% do PIB e destacado como prioritários os compromissos com a NATO.
Esta tarde, citado pela Lusa, António Costa deixou, porém, uma advertência de caráter político, frisando que, para o Governo, “não há só um orçamento da Defesa, outro da Saúde e outro da Educação”. “Há um Orçamento único suportado pelos impostos dos portugueses. Portanto, aquilo que fazemos é procurar encontrar em cada momento qual a melhor alocação dos impostos que os portugueses pagam. E nós temos de simultaneamente investir na Defesa, da Educação, na Saúde, nas infraestruturas, na melhoria dos rendimentos, tendo em vista uma política social mais justa e uma diminuição da tributação”, respondeu.
No tradicional discurso do 25 de abril, Marcelo Rebelo de Sousa apelou a um “consenso nacional continuado e efetivo acerca das Forças Armadas como pilar essencial da vida coletiva” do país. E reclamou que “sem Forças Armadas fortes, unidas e motivadas, a paz, segurança, a liberdade e o sonho do 25 de abril ficarão mais fracos”.
“Reconhecer as Forças Armadas exige mais do que recordar por palavras essa importância. Porque se queremos Forças Armadas fortes, unidas e motivadas, temos de ter condições para que o sejam ainda mais. Se não quisermos criar essas condições, não nos podemos queixar de que um dia descobrirmos que estamos a exigir missões difíceis de cumprir por falta de recursos”, desabafou.
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