EDP com prejuízo de 76 milhões no primeiro trimestre

Elétrica passou de lucros de 180 milhões em 2021 para prejuízos. Empresa justifica com impacto da seca e custos mais altos de energia que não foram refletidos no preço cobrado ao consumidor.

A EDP fechou o primeiro trimestre com um prejuízo de 76 milhões de euros, que compara com os lucros de 180 milhões obtidos no mesmo período do ano passado.

“O desempenho financeiro da EDP no primeiro trimestre de 2022 foi fortemente impactado pela seca extrema em Portugal no inverno 2021/2022, o mais seco dos últimos 90 anos, que resultou num défice recorde de produção hídrica da EDP no mercado Ibérico de 2,6TWh face à média histórica”, justifica a elétrica em comunicado.

O défice hídrico obrigou à compra de eletricidade no mercado grossista “para satisfazer o consumo da carteira de clientes”, acrescenta a empresa liderada por Miguel Stilwell. Uma compra realizada num contexto de preços historicamente elevados (preço médio de eletricidade €229/MWh, uma subida homóloga de 407%).

“O forte aumento do custo da eletricidade vendida, não repercutido na carteira de clientes, implicou uma perda de 400 milhões de euros no primeiro trimestre de 2022 ao nível do EBITDA, que justifica o resultado líquido negativo de 76 milhões registado pela EDP”, assinala a empresa.

“Claramente não há qualquer tipo de aproveitamento por parte das ‘utilities’” do contexto de preços elevados da energia, afirmou o CEO da elétrica em declarações à agência Lusa, afirmando que a empresa absorveu “os impactos”, “até com prejuízo”.

Os factos são os que são, não há qualquer tipo de lucro extraordinário, pelo contrário.

Miguel Stilwell

CEO da EDP

“Os factos são os que são, não há qualquer tipo de lucro extraordinário, pelo contrário”, garantiu, questionado sobre a possibilidade de aplicação de um imposto por lucros extraordinários, admitido pelo Governo.

O EBITDA recorrente da EDP recuou 16% para os 710 milhões de euros face aos primeiros três meses de 2021, com a quebra de 9% no negócio das renováveis, para 405 milhões, a não ser compensada pelo crescimento de 17% nas redes de eletricidade para 362 milhões.

A descida nas renováveis é explicada pelo EBITDA negativo de 34 milhões das barragens na Península Ibérica. O segmento de clientes e Gestão de Energia em Portugal e Espanha também fechou o trimestre no vermelho: -105 milhões.

A elétrica registou ainda um aumento de 10% nos custos operacionais, para 502 milhões, e um agravamento de 41% nos resultados financeiros para 173 milhões negativos.

A dívida líquida da elétrica aumentou 14% para os 13.134 milhões de euros, o equivalente a 4,3 vezes o EBITDA. Uma subida que segundo a EDP “reflete a conclusão em fevereiro de 2022 das aquisições da CELG-T no Brasil e da Sunseap em Singapura”. O investimento bruto mais do que triplicou no período, para 2,3 mil milhões.

(notícia atualizada às 18h30 com declarações do CEO da EDP)

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