Carlos Ghosn quer replicar fórmula de sucesso na Mitsubishi

O líder da Renault-Nissan vai também assumir a função de CEO da Mitsubishi, onde a aliança adquiriu em 2016 uma posição. O objetivo é colocar a fabricante nipónica novamente no caminho dos lucros.

A indústria automóvel mundial tem à cabeça duas grandes figuras que falam a língua de Camões. De um lado está o português Carlos Tavares, que comanda os destinos do Grupo PSA, e do outro o brasileiro com origem francesa e libanesa, Carlos Ghosn, que lidera a aliança Renault-Nissan. Duas figuras que estão no centro das atenções num setor que está a sofrer algumas mudanças de monta.

A oficialização da compra da Opel pelo grupo PSA, liderado pelo português Carlos Tavares, nesta segunda-feira, é o grande tema da atualidade no setor automóvel mundial. Mas não é a única grande mexida na indústria. Carlos Ghosn, antigo “patrão” do gestor português quando este trabalhava na Renault-Nissan, que salvou há quase duas décadas a Nissan do colapso financeiro, vai tentar replicar a fórmula de sucesso também na Mitsubishi. O atual chairman e CEO da Nissan e da Renault, chairman da Mitsubishi Motors, chairman e CEO da aliança Renault-Nissan, vai voltar a “arregaçar as mangas” e assumir o cargo de CEO da Mitsubishi já a partir do dia 1 de abril próximo.

O objetivo do gestor, é colocar a fabricante automóvel nipónica novamente no caminho dos ganhos, depois de esta ter reportado prejuízos de 1,4 mil milhões de dólares (em torno de 1,3 mil milhões de euros), em 2016. “Vou dedicar um pouco do meu tempo a orientar a a Mitsubishi rumo ao normal desenvolvimento e apoiar a a sua equipa”, afirmou Carlos Ghosn em entrevista à Business Insider (acesso livre/ conteúdo em inglês) publicada nesta terça-feira.

A partida em missão de salvamento de Ghosn acontece depois de em outubro do ao passado, a Nissan ter adquirido uma posição de 34% na Mitsubishi num negócio avaliado em 2,3 mil milhões de dólares (quase 2,2 mil milhões de euros), que permitiu a esta entrar para o universo da aliança Renault-Nissan. “Quando surgiu a oportunidade — devido a algumas circunstâncias infelizes relacionadas com a Mitsubishi Motors — de a ter dentro da aliança, ficamos convencidos que seria um bom encaixe. Não foi algo que surgiu do nada”, afirmou Ghosn à Business Insider.

Certo é que, tal como Carlos Tavares, Carlos Ghosn é um dos gestores do setor automóvel mais eficientes a reduzir custos e retirar empresas de situações financeiras difíceis. Exemplo disso mesmo foi o que aconteceu na fase inicial de Ghosn nos comandos dos destinos da Nissan, ocasião em que encerrou cinco fábricas, despediu milhares de trabalhadores, reduziu em 20% o custo pago pela fabricante nipónica com componentes automóveis e recusou dar luz verde a novos modelos que não fizessem dinheiro. Um processo pelo qual passou a ser conhecido como “O assassino de custos”, mas que em balanço permitiu à Nissan passar de uma dívida de 17 mil milhões de dólares (cerca de 16 mil milhões de euros) para rumar a um crescimento saudável.

No caso da Mitsubishi, segundo Carlos Ghosn referiu à Business Insider, um dos maiores problemas é o facto de esta não crescer, sendo que durante muitos anos produziu cerca de um milhão de carros, em média. Mesmo após a compra da Opel pelo grupo PSA, que passou a ser o segundo maior fabricante automóvel do mundo, a Renault-Nissan mantém-se como o terceiro maior construtor.

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