Fábrica da Bosch em Braga mantém paragens por falta de chips
Unidade de soluções de mobilidade do grupo alemão em Portugal tem parado com frequência por falta de peças. Subida dos custos logísticos e da energia também complicam atividade.
A fábrica da Bosch em Braga continua a parar por falta de semicondutores. O grupo alemão tem tido dificuldades em obter chips no mercado para a produção de peças para a área da mobilidade e, por causa disso, em trabalhar com algumas das maiores fabricantes mundiais. A subida dos custos logísticos e da energia também tem complicado a atividade, admitiu nesta terça-feira o responsável pela empresa em Portugal, Carlos Ribas.
“A situação que vivemos é muito instável e muito difícil. Os custos da energia praticamente duplicaram, os contentores vindos da Ásia também aumentaram de preço e temos de parar a produção várias vezes por falta de componentes”, detalhou Carlos Ribas, durante a conferência de imprensa de apresentação de resultados relativos a 2021, no Porto.
Os semicondutores são a única peça que tem faltado para a produção na Bosch Car Multimedia. Os próprios clientes da fábrica, que inclui fabricantes de automóveis como BMW, Mercedes e Volkswagen, têm sido informados sobre esta situação. “Somos totalmente transparentes com os nossos clientes”, ressalvou o responsável pela Bosch em Portugal.
No ano passado, durante vários períodos, a fábrica de Braga foi obrigada a parar a produção e a recorrer ao lay-off devido à escassez de semicondutores no mercado. Em abril, Carlos Ribas tinha assegurado ao ECO que o problema “já não [era] comparável”, embora “ainda [houvesse] alguns fornecedores com limitações”. “Conseguimos algumas alternativas e também os fornecedores de chips aumentaram a capacidade e estão a conseguir abastecer o mercado de uma forma mais eficaz”, detalha.
Em 2021, a unidade da Bosch em Braga registou uma quebra de 5% nas vendas, para 1,04 mil milhões de euros. Esta fábrica representou mais de 60% da faturação da empresa alemã em Portugal durante o último ano.
Transição renovável
O grupo alemão também quer apostar na neutralidade carbónica nas suas fábricas em todo o mundo. Portugal não é exceção, com as unidades de Braga, Aveiro e Ovar a contarem com painéis solares para gerar energia de forma mais sustentável possível.
O gás já foi praticamente retirado da equação energética da Bosch, com exceção da unidade de Aveiro, dedicada à produção de bombas de calor, esquentadores e caldeiras. Aí, ainda assim, está a ser tentada a injeção de até 20% de hidrogénio na rede.
Há clientes que só nos dão o negócio se a produção for totalmente verde.
E sempre que não for possível ter uma produção totalmente neutra em carbono, o grupo alemão explica que “compra créditos de carbono” para garantir o menor impacto possível para o ambiente.
Em Braga, a empresa pretende colocar painéis solares no parque de estacionamento e reforçar a independência na produção energética. Em 2023 também vai ser testado um projeto de produção de energia por geotermia (aproveitamento do calor interno proveniente da terra).
Carlos Ribas assumiu ainda que há cada vez maior preocupação com a neutralidade carbónica na linha de montagem, relatando mesmo que “há clientes que só [lhe] dão o negócio se a produção for totalmente verde”.
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