Worten quer ser “Uber das reparações” de Portugal

Complementar venda de produtos com serviços de reparação é a estratégia da marca de retalho especializado da Sonae para captar novos clientes e aumentar as margens de negócio.

Já lá vai o tempo em que a Worten só vendia eletrodomésticos ou equipamentos eletrónicos. A marca de retalho especializado do grupo Sonae está a crescer cada vez mais na área de serviços e a acrescentar novas camadas de produtos na sua plataforma digital. A mudança inclui a transformação do Worten Resolve: em vez de um programa de fidelização, é a área da empresa dedicada aos serviços e reparações.

“Somos conhecidos por ser independentes e estamos em posição de privilégio para adicionar categorias e serviços. Queremos ser o maior centro comercial de Portugal de produtos e serviços. Por cada produto que vendemos, se adicionarmos um serviço, não só é um adicional de rentabilidade para nós como um fator de diferenciação do que apenas vender o produto”, explica, em entrevista ao ECO, o responsável de operações da marca, Mário Pereira.

Montra de serviços

A transformação da Worten já é visível através da página da empresa. No menu principal, por exemplo, surge a palavra Zaask, plataforma portuguesa para contratação de serviços que foi comprada em 2021 pela insígnia do grupo Sonae.

Serviços urgentes, pequenos arranjos, pinturas e limpezas, projetos e remodelações, mudanças, intervenções de eficiência térmica, trabalhos no jardim e serviços de bem-estar são opções que podem ser pedidas diretamente através da página da Worten.

“A Zaask tinha cerca de 15 mil profissionais inscritos. Nós comprámos o conhecimento e a angariação de profissionais através de uma boa curadoria. Com esta aquisição, vamos internalizar essa competência e vamos assumir que a marca Worten deve ser uma marca de serviços. Queremos ser uma Uber das reparações“, assume Mário Pereira.

Também a página da empresa passou a assumir a cor azul, para apresentar a “nova vida” do Worten Resolve. O até agora cartão de fidelização, com mais de 3,8 milhões de membros em Portugal e Espanha, é a nova insígnia que concentra os serviços de reparações.

Somos conhecidos por ser independentes e estamos em posição de privilégio para adicionar categorias e serviços. Queremos ser o maior centro comercial de Portugal de produtos e serviços. Por cada produto que vendemos, se adicionarmos um serviço, não só é um adicional de rentabilidade para nós como um fator de diferenciação do que apenas vender o produto

Mário Pereira

Responsável de operações da Worten

A transformação será visível nas 198 lojas da Worten que contam com os serviços de reparação, que também passarão a ter a cor azul. Neste departamento, a empresa conta atualmente com 368 funcionários, o que corresponde a mais de 6% dos 6.000 funcionários que tem em Portugal.

Para aderir a este serviço não será necessário ter um produto comprado nas lojas da marca.

Reparações de eletrodomésticos e telemóveis

Também na área das reparações, a marca do grupo Sonae andou às compras nos últimos três anos: em 2021 foi a vez da Satfiel, empresa com sede em Penafiel dedicada ao arranjo de grandes eletrodomésticos e de televisões; em 2019 foi a iServices, de reparação de equipamentos informáticos e de telemóveis, com lojas independentes abertas ao público.

No caso da Satfiel, a parceria tinha começado em 2017, com a “incorporação de vários técnicos” nos quadros da Worten. Só que a empresa de Penafiel tinha “pouco atendimento aos consumidores e os técnicos reparavam tudo em laboratório ou ao domicílio”. Com a aquisição, “comprámos a competências de gerir peças e vamos alargar a nível nacional uma empresa com cariz mais regional”.

A iServices manteve a sua operação independente da Worten e cresceu no número de lojas. “Vale a pena manter a diferenciação: a Worten é uma marca mais democrática, enquanto a iServices é mais sofisticada. Vamos conviver bem com as duas marcas”, destaca ao ECO o executivo da Worten.

No futuro, a empresa pretende construir uma rede de reparações a partir da aplicação móvel. “Dependendo da localização, pode ser um técnico nosso ou de uma empresa parceira nossa, com toda a confiança”, antecipa Mário Pereira.

Do “diamante” eletrónico aos carros

Quando a primeira loja da Worten abriu, em 1996, os eletrodomésticos e os produtos eletrónicos estavam logo nas prateleiras. Mas só há poucos anos a empresa apercebeu-se de que tinha à venda um “diamante”, ou seja, um “ativo estratégico” a partir do qual a marca poderia acrescentar outras categorias, algumas nas lojas e todas as outras através da internet.

Nos últimos meses, a página da Worten ganhou novas categorias: é possível comprar cozinhas, painéis solares, produtos de moda, perfumaria e beleza, saúde e bem-estar, acessórios para carros e motas, bricolage e artigos de jardim. Boa parte dos novos artigos é fornecida por parceiros e não pela Worten, em regime de marketplace.

Ainda há oportunidades – poucas – de adicionar alguns metros quadrados de algumas lojas. Como um ser em movimento, a Worten pode ter uma loja de reparações, uma de cozinha, ou uma loja que expresse todas as valências

Mário Pereira

Responsável de operações da Worten

A empresa também integrou o shopping online Dott, depois de ter comprado os 50% do capital que pertenciam aos CTT no início deste ano. Na página da Worten, passaram a estar à venda artigos de mercearia, bebidas com e sem álcool e ainda para limpeza de casa.

Mas a Worten não quer ficar por aqui, estando também a desenvolver uma aposta na venda de automóveis. “O mercado da mobilidade, com os elétricos, vai mudar o negócio. Poderemos vender carros citadinos elétricos, assim como já temos trotinetas, motas e bicicletas elétricas. Estamos a começar a construir a equipa para isso”, assume Mário Pereira.

Ainda há espaço para novas lojas

Com um total de 260 lojas físicas em todo o país, a empresa assume que ainda poderá abrir mais alguns estabelecimentos presenciais, apesar do grande crescimento do mercado online.

“Ainda há oportunidades — poucas — de adicionar alguns metros quadrados de algumas lojas. Como um ser em movimento, a Worten pode ter uma loja de reparações, uma de cozinha, ou uma loja que expresse todas as valências”, antecipa o responsável de operações.

No primeiro trimestre deste ano, a marca de retalho registou vendas de 261 milhões de euros, menos 4,1% do que em igual período de 2021. A culpa foi do “inverno menos rigoroso, que limitou a procura de categorias sazonais” e dos efeitos da vendas da venda e reorganização das lojas em Espanha continental, segundo a apresentação de resultados.

Também neste período, foram vendidos 250 mil serviços, mais 20% do que em igual período de 2021. Não foi revelado, no entanto, qual o contributo dos serviços para as receitas da Worten neste período.

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