Algarvios MTI poupam no ar condicionado para não escaldar contas dos hotéis

Com produto em comercialização desde outubro, MTI recebeu investimento de mais de meio milhão de euros da Portugal Ventures e prepara-se para expandir para Espanha no próximo ano.

A MTI criou uma solução para os hotéis gastarem menos energia sem prejudicar o conforto dos clientes. A startup nascida em 2019 no Algarve é o resultado de um projeto de investigação com quase uma década e quer contribuir para o turismo mais sustentável. A solução conseguiu um investimento de mais de meio milhão de euros da sociedade de capital de risco do Estado, Portugal Ventures.

“Corrigimos os comportamentos e evitamos consumos desnecessários. A estadia é mais sustentável e ecológica”, destaca ao ECO um dos fundadores da MTI, Miguel Silva. Num hotel, por exemplo, a empresa coloca sensores sem fios e não intrusivos para determinar em que medida o ar condicionado precisa de ser ligado antes de o hóspede chegar o quarto.

Muitas vezes, “o quarto está muito quente e o cliente chega lá e põe o ar condicionado o mais frio possível. Isso é muito errado e faz disparar os consumos. Nós configuramos o ar condicionado para que o quarto esteja no intervalo de conforto, entre 21 e 25 graus durante o verão”, explica o empreendedor.

Com a tecnologia, “poupamos pelo menos 20% na fatura elétrica“, estima Miguel Silva. A ferramenta funciona com qualquer modelo de ar condicionado.

A solução da MTI também corrige outros erros, como abrir a janela enquanto o sistema de ventilação está a funciona. “Quando isso acontece, a velocidade do ar condicionado é automaticamente diminuída, para evitar consumos excessivos.

A empresa também criou algoritmos de inteligência artificial, que permitem controlar outros dispositivos, como a iluminação e os painéis solares.

Por agora, o sistema da MTI – sigla para Managing the Intelligence – está disponível em mais de 400 quartos em hotéis de Lisboa e do Algarve.

Depois de comprarem os equipamentos, os clientes pagam uma subscrição anual por cada quarto para usarem os algoritmos e pouparem energia.

Com ajuda do QREN

A tecnologia desenvolvida no Algarve resulta de um projeto de investigação iniciado há praticamente uma década. “A nossa startup é um spin-off [projeto separado] de um projeto de investigação que foi apoiado pelo Quadro de Referência Estratégico Nacional [QREN]”, que serviu para aplicar os fundos comunitários entre 2007 e 2013.

Miguel Silva, ao mesmo tempo que estava neste projeto, tinha uma empresa na área de projetos de engenharia, que incluía instalações de eletricidade, automação, deteção de incêndios, telecomunicações e ar condicionado.

Com o apoio da Portugal Ventures, a MTI pode começar a pensar na internacionalização a partir do final deste ano, com a abertura do mercado espanhol. A equipa de sete pessoas – que inclui os fundadores, Miguel Silva e Sofia Romão – poderá ser reforçada com mais 10 pessoas. Em 2024 e 2025, será a vez de chegar a Itália e Reino Unido, respetivamente.

Em comunicado, o administrador da Portugal Ventures Pedro de Mello Breyner justificou o investimento com o “objetivo de apoiar o crescimento da oferta de produtos e serviços que transformem o setor turístico num setor cada vez mais responsável em termos de sustentabilidade, eficiência energética e pegada ecológica. Acreditamos que ao investir neste tipo de soluções tecnológicas, estaremos a trabalhar para tornar Portugal num destino cada vez mais sustentável e alinhado com a Estratégia do Turismo 2027”.

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