Vendas de carros elétricos deverão mais que triplicar entre 2021 e 2025

A perspectiva avançada pela BloombergNEF supera a do ano passado, apoiada pelo aumento do interesse na China. Em 2025, espera-se que a venda de carros elétricos dispare para 20,6 milhões.

As vendas de carros elétricos continuam a acelerar a fundo e, em 2025, deverá mais do que triplicar face a 2021, estima a Bloomberg.

Os dados são avançados pelos investigadores da BloombergNEF (BNEF), uma entidade que fornece dados sobre o ritmo da transição energética em vários setores, informam que a venda de carros elétricos deverá disparar de 6,6 milhões, em 2021, para 20,6 milhões já em 2025. A perspetiva supera aquela avançada no ano passado (14 milhões), devido ao aumento da procura por este tipo de veículos no mercado chinês, informa o relatório.

“As vendas de veículos elétricos estão a aumentar devido a uma combinação de políticas, melhorias na tecnologia das baterias e nas infraestruturas de carregamento e aos novos modelos atrativos das construtoras”, refere, acrescentando que a eletrificação não é um fenómeno limitado apenas do setor automóvel e que este está a “espalhar-se para outros segmentos”.

China e Europa deverão representar cerca de 80% das vendas de veículos elétricos em 2025, estima a Bloomberg. Depois, surge o panorama para os Estados Unidos que deverá começar a aderir à tendência em maior volume em 2023, mas ainda assim só conseguirá representar cerca de 15% do mercado global de vendas em 2025.

“Até 2025, vão existir 77 milhões de veículos elétricos de passageiros nas estradas, representando 6% da frota. Algumas regiões serão mais rápidas, com os veículos elétricos a representarem 13% de todos os carros nas estradas na China e 8% na Europa naquele ano”, lê-se no documento.

Com base nesta análise, o documento informa que a aceleração pela procura de veículos elétricos surge aliada ao facto de as vendas de veículos a combustão terem atingido o pico global em 2017, estando agora “em declínio permanente”. Prevê-se que, até ao final de 2025, as vendas de veículos com motores a combustão estejam 19% abaixo do pico de 2017. “Gerir o declínio enquanto se investe no futuro é um grande desafio para algumas marcas tradicionais”, refere o documento. O pico ao nível da frota mundial ocorre este ano, chegando aos 1,2 mil milhões destes veículos, para depois começar também a diminuir.

E sobre o aumento do custo das baterias, potenciado pela falta de matérias-primas, a BNEF garante que esta condição “não inviabiliza a adoção de veículos elétricos a curto prazo”. “Alguns dos fatores que estão a impulsionar o aumento dos custos das matérias-primas das baterias – a guerra, a inflação, atritos comerciais – também estão empurrar o preço da gasolina e do diesel para novos máximos, o que está a gerar mais interesse por parte do consumidor em veículos elétricos. Os veículos com motores de combustão interna também estão a tornar-se mais caros de produzir”.

Ainda há “buracos” pelo caminho

Ainda assim, o BNEF sinaliza uma série de preocupações, incluindo a demora na aceitação deste tipo de carros entre as economias emergentes e a falta de infraestruturas de carregamento. A entidade destaca países e regiões de maior preocupação, incluindo Índia, Sudeste Asiático, México, Brasil, Turquia e Rússia, pela lenta absorção de veículos elétricos.

“Sem políticas adicionais nesses países, a trajetória para as emissões zero permanecerá fora do alcance do transporte rodoviário global”, escrevem os analistas. “A qualidade do ar nas áreas urbanas já é significativamente diferente entre economias ricas e emergentes, e essa lacuna vai aumentar ainda mais” a menos que a atenção por veículos elétricos aumente.

No entanto, apesar deste progresso, substituir os atuais 1,2 mil milhões de veículos de passageiros a combustão vai levar o seu tempo. Segundo o relatório, pouco mais de dois terços da frota global estará descarbonizada até 2050 se nenhuma nova política ou regulamentação for promulgada. Já os veículos comerciais pesados deverão ficar mais atrás, com apenas 29% da frota descarbonizada nesse período.

“Apesar do rápido aumento na adoção de veículos elétricos, o transporte rodoviário ainda não está no caminho certo para a neutralidade carbónica até 2050”, escrevem no relatório os analistas da BNEF. “Será necessária uma ação agressiva dos legisladores, especialmente no que toca aos veículos mais pesados, onde as baterias e células de combustível a hidrogénio disputam por um lugar no mercado. A janela para permanecer no caminho certo para o net zero está a fechar-se rapidamente.”

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