Work-life balance já é tão valorizado como salário na hora de mudar de trabalho
Progressão rápida na carreira e oportunidade de gerar impacto global foram classificados como o terceiro e quarto critérios chave que influenciam a decisão de mudança de emprego.
Um bom equilíbrio entre vida profissional e vida pessoal é um critério tão valorizado quanto o salário na hora de procurar uma nova oportunidade de trabalho. Em Portugal, 23% deu primazia ao bom equilíbrio entre vida profissional pessoal (incluindo trabalho flexível). Ainda assim, o salário ganha por uma margem mínima, mais um ponto percentual, com 24% a colocar o salário (incluindo o bónus) no seu top três. A nível mundial, 21% dos inquiridos colocam estes dois critérios no mesmo prato da balança, revela o estudo da CEMS, a aliança global de mais de 30 universidades e escolas de gestão de tudo o mundo, entre as quais a Nova SBE.
“O nosso estudo revela que, para os profissionais de todo o mundo, embora o salário seja sempre um fator importante, não é determinante. Alcançar um bom equilíbrio entre trabalho e vida pessoal e ter a oportunidade de gerar impacto numa função é mais importante do que nunca, para colaboradores de todas as idades”, comenta Nicole de Fontaines, diretora executiva da CEMS, citada em comunicado.
Apesar do quase empate entre os fatores que pesam na hora de mudar de emprego, o estudo revela ligeiras diferenças entre geografias e gerações. Se, a nível global, 21% dos inquiridos colocam o equilíbrio entre a vida profissional e pessoal no mesmo patamar de importância que o salário, em Portugal, o salário ganha por uma mínima vantagem. 24% colocou o salário (incluindo o bónus) no seu top três, enquanto 23% destacou o bom equilíbrio entre vida profissional pessoal (incluindo trabalho flexível).
Já entre gerações, 20% dos inquiridos com mais de 35 anos dão maior importância ao work-life balance do que ao salário, contrastando com os 20% de recém-graduados e profissionais mais jovens para quem o salário é ainda um fator primordial.
A nível nacional, oportunidades para progressão rápida na carreira (16%), oportunidade de gerar impacto global numa fase inicial (8%) e liderança inspiradora (7%) são os critérios seguintes. E não variam muitos dos resultados apurados a nível global: oportunidades para progressão rápida na carreira (12%), liderança inspiradora (11%) e oportunidade de gerar impacto global numa fase inicial (9%).
Alcançar um bom equilíbrio entre trabalho e vida pessoal e ter a oportunidade de gerar impacto numa função é mais importante do que nunca, para colaboradores de todas as idades.
“À medida que regressamos ao escritório, e num momento em que atrair e reter os melhores talentos está no topo da agenda, é importante que as organizações ouçam atentamente o que os profissionais mais desejam e ajam de acordo com isso. Dessa forma, eles podem atrair os funcionários mais talentosos, beneficiarem-se da ambição das suas pessoas, incentivar a inovação e, por fim, obter uma vantagem competitiva em tempos incertos”, aconselha a responsável.
No que diz respeito aos profissionais em início de carreira, “tal significa oferecer oportunidades para trabalharem em projetos que geram impacto global real, ao mesmo tempo em que se reconhece a sua necessidade de ter uma vida para além do trabalho”, clarifica Nicole de Fontaines.
Recém-licenciados e profissionais mais jovens querem poder viajar
O critério “oportunidade de viajar pelo mundo” apareceu entre os cinco principais critérios para os entrevistados mais jovens (dos 19 aos 25), mas ficou muito abaixo na lista para outras faixas etárias.
Algumas empresas, nomeadamente no setor hoteleiro, aproveitando a rede de hotéis que, muitas vezes, possuem além-fronteiras, estão precisamente focadas em oferecer benefícios que vão ao encontro das ambições do talento mais jovem, de forma a atraí-lo. Um deles é a mobilidade internacional.
“Temos mais de 100 hotéis e temos imenso a aprender uns com os outros. Optamos por dar oportunidade às nossas pessoas de fazerem mobilidade dentro do grupo e gostamos muito dessa mobilidade entre geografias”, diz Verónica Soares Franco, executive committee member & chief human resources officer do Pestana Hotel Group, em entrevista à Pessoas.
“Sempre que entra uma oportunidade de recrutamento identificamos se, na nossa base de colaboradores, existem oportunidades para uma pessoa progredir ou, por vezes, mudar de funções ou abraçar uma experiência internacional, caso seja do seu interesse. Gostamos de proporcionar este tipo de experiências às nossas pessoas”, acrescenta a líder.
Hoje são já vários os casos de colaboradores que de Portugal voaram até Espanha ou Brasil para desempenharem funções noutros hotéis do grupo e, com isso, darem um salto na sua carreira. De igual forma, “temos dado algumas oportunidades a colaboradores nossos que estão noutras geografias e que pretendam vir para Portugal para terem uma experiência internacional”.
Também o Hilton considera que viajar é um fator importante para os jovens, sobretudo nesta indústria, e há que saber aproveitá-lo. “Durante a minha própria carreira na Hilton tive oportunidades consideráveis de viajar e trabalhar em funções em todo o mundo. Austrália, Estados Unidos, China, Europa… As viagens são um fator importante para os jovens que entram no mercado de trabalho, e a nossa indústria encontra-se numa posição única para proporcionar oportunidades ilimitadas a este respeito”, considera David Kelly, vice-presidente sénior da Hilton na Europa Continental.
A CEMS realizou este estudo no outono de 2021 junto de 4.206 dos seus alumni distribuídos por 75 países ao redor do mundo, a maioria em cargos de gestão sénior. Em Portugal, foram inquiridos 291 pessoas.
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