Juros da dívida afundam após BCE anunciar reunião de urgência
Taxa italiana afunda quase 20 pontos base esta manhã, depois de o banco central ter anunciado uma reunião de emergência para discutir medidas para travar escalada dos juros da dívida.
Após dias de enorme pressão, os juros da dívida pública da Zona Euro estão a afundar esta quarta-feira, depois de o Banco Central Europeu (BCE) ter anunciado uma reunião de urgência para discutir medidas para travar a escalada das yields no mercado secundário.
No centro do furacão dos investidores nos últimos dias, Itália é quem regista o maior alívio nas taxas soberanas esta manhã, com o juro associado às obrigações a dez anos a tombar quase 20 pontos base para 4,071%, depois do disparo na véspera até aos 4,27%.
Portugal e Espanha também beneficiam de alguma descompressão do mercado, com as taxas nos mesmos prazos a cederem seis pontos base e nove pontos base, respetivamente. Mantinham-se, ainda assim, acima dos 3%, as taxas mais altas em vários anos.
Só este mês, os juros da periferia registaram subidas de entre 80 pontos base e 100 pontos base, fazendo soar os alarmes em Frankfurt.
Com a elevada inflação, o BCE está a ser pressionado a apertar as condições financeiras na Zona Euro para controlar a subida dos preços, tendo já anunciado o fim do programa de compras APP e sinalizado que vai começar a subir os juros na reunião do próximo mês.
Porém, as tensões nos mercados estão a refletir-se em grande medida nos juros da dívida, atingindo sobretudo a periferia da moeda única e aumentando os receios de uma fragmentação na região perante o alargar dos spreads das dívidas de países como Itália, Espanha, Portugal e Grécia em relação à Alemanha.
Citando fontes próximas do banco central, a agência Bloomberg adianta que os responsáveis do BCE vão ser convidados a aprovarem o reinvestimento das obrigações adquiridas no âmbito do programa de compras de emergência pandémica (PEPP), que foi interrompido em março, não se sabendo se mais medidas poderão estar em cima da mesa da reunião que começou às 10h00 e durará cerca de duas horas.
Ou seja, o BCE quer canalizar o dinheiro das obrigações adquiridas no PEPP e que entretanto vencerem para novas compras de títulos, mas os analistas admitem que os reinvestimentos poderão ser insuficientes para acalmar os investidores.
“O meu cenário base é que os reinvestimentos do PEPP não serão suficientes e que uma nova ferramenta será necessária talvez no final deste ano para apoiar os mercados mais fracos”, considerou o analista-chefe do Nordea Bank, Jan von Gerichm citado pela agência Reuters.
A membro do board do BCE Isabel Schnabel disse esta terça-feira que o banco central está a monitorizar “de perto” a situação e preparado para avançar tanto com os instrumentos existentes como criar instrumentos novos se considerar que há desequilíbrios no mercado de dívida.
(Notícia atualizada às 11h45)
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