Portugal obtém 500 milhões em dívida a três meses com juros menos negativos
IGCP foi esta manhã ao mercado levantar 500 milhões de euros em Bilhetes do Tesouro a três meses, o prazo mais curto. Poderá ter sido o último leilão de dívida com juros negativos.
Portugal obteve um financiamento de 500 milhões de euros em títulos de dívida de muito curto prazo, com os juros a manterem-se em terreno negativo, mas poderá ter sido o último leilão com estas condições.
O IGCP registou uma taxa de -0,302% neste leilão de Bilhetes do Tesouro a três meses, que compara com -0,655% da operação semelhante realizada em abril. Ou seja, em apenas dois meses, a taxa negativa caiu para metade, pelo que o próximo leilão neste prazo poderá já observar taxas positivas, algo que não acontece desde 2016.
Resultados dos leilões de BT 3 meses
Fonte: IGCP
Ao contrário dos últimos leilões, a agência liderada por Cristina Casalinho apresentou-se junto do mercado com apenas uma linha a 3 meses, quando costuma fazer estas com outra linha a 11 meses. Assim, concentrando-se apenas no prazo mais curto, o IGCP registou uma procura que ascendeu a cerca de mil milhões de euros, o dobro do que veio a emitir, assegurando assim um processo mais competitivo.
“Apesar de Portugal ainda conseguir emitir com uma yield negativa, e receber pela emissão da mesma (yield negativa), a verdade é que essa esta tem vindo a descer de forma significativa”, refere Filipe Silva, diretor do Banco Carregosa.
Esta operação surge num contexto turbulento nos mercados de dívida da periferia da Zona Euro, com os investidores a pressionarem países como Itália, Espanha e Portugal, obrigando o Banco Central Europeu (BCE) a marcar esta quarta-feira uma reunião de emergência para discutir medidas no sentido de travar a desconfiança dos mercados de dívida e a escalada dos juros soberanos.
A taxa italiana a 10 anos atingiu quase os 4,3% esta terça-feira, enquanto as yields portuguesas e espanholas romperam a barreira dos 3% pela primeira vez em muitos anos. São justamente os receios de fragmentação da Zona Euro, com o alargar dos prémios de risco da dívida da periferia em relação à Alemanha, que levaram os governadores do BCE a um encontro extraordinário que poderá aprovar o reinvestimento das obrigações que foram compradas no âmbito do programa de compras de emergência pandémica (PEPP), interrompido em março.
“A alta inflação que se faz sentir no mundo e o facto de estar a ser mais duradoura do que inicialmente se previa têm levado os bancos centrais a terminarem mais cedo os planos de compra de ativos, assim como iniciar um ciclo de subidas de taxas. (…) Os bancos centrais tentam adotar medidas não coloquem em causa o crescimento económico, no entanto, a tarefa não tem sido fácil e o impacto imediato tem sido assistir a uma subida dos custos de financiamento em todos os setores da atividade económica e neste campo, os países mais endividados poderão ser os mais penalizados”, explica Filipe Silva.
Ainda sem qualquer medida aprovada, o anúncio da reunião teve o condão de fazer baixar a pressão exercida sobre a periferia esta manhã, dado que os juros italianos afundavam 20 pontos base.
(Notícia atualizada às 11h28 com comentário de Filipe Silva, do Banco Carregosa)
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