Défice externo energético da UE dispara no arranque de 2022
Apesar das sanções aplicadas à Rússia, a União Europeia acabou por exportar mais valor de bens russos, principalmente energia.
Nos primeiros quatro meses de 2022, a maior subida das importações de bens na União Europeia registou-se, sem surpresa, na energia. O saldo comercial energético na Europa passou assim de um excedente de 66,8 mil milhões de euros entre janeiro e abril de 2021 para um défice de 183,6 mil milhões de euros, de acordo com os dados do Eurostat divulgados esta quarta-feira.
O défice externo energético da União Europeia é explicado pela invasão russa à Ucrânia, cujos efeitos aceleraram ainda mais a subida dos preços da energia, aumentando o valor das importações mesmo com o mesmo montante de bens energéticos a ser importado de fora da União Europeia para território europeu.
Esse impacto é visível nos números do gabinete de estatísticas europeu. Se há um ano a UE tinha importado bens energéticos no valor de 95,1 mil milhões de euros, este ano no mesmo período importou 233,6 mil milhões de euros, mais do dobro.
As exportações da UE de bens energéticos também sofreram do mesmo fenómeno, mas aqui o volume é bem menor. Em vez de exportar 28,3 mil milhões de euros de bens energéticos, os 27 Estados-membros da União Europeia exportaram 50 mil milhões de euros, ligeiramente menos do que o dobro.
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Este défice externo energético de 183,6 mil milhões de euros ajuda a explicar a forte deterioração das contas externas da União Europeia no início deste ano. Entre janeiro e abril, as exportações de bens da UE aumentaram 15,7% para 891,7 mil milhões de euros enquanto as importações de bens subiram 39,8% para os 976,7 mil milhões de euros.
O resultado foi um défice comercial face ao exterior de 85,1 mil milhões de euros neste período, o que compara com um excedente de 71,7 mil milhões de euros no mesmo período do ano passado.
Apesar das sanções aplicadas à Rússia, a União Europeia acabou por exportar mais valor de bens russos, mesmo que a quantidade possa ter sido inferior — os dados do Eurostat não permitem responder a esta questão. As importações da UE de bens com origem na Rússia subiu de 42,6 mil milhões de euros entre janeiro e abril de 2021 para 84 mil milhões de euros entre janeiro e abril de 2022, praticamente o dobro.
Porém, em termos percentuais, a maior subida foi registada pela Noruega, país que começou a exportar mais gás para a UE. As importações da UE de bens noruegueses dispararam 145%, passando de 18,1 mil milhões de euros entre janeiro e abril de 2021 para 44,4 mil milhões de euros entre janeiro e abril de 2022.
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