Sucesso do euro digital não deve ser tomado como garantido, diz BCE
Responsável do BCE salienta que aumento de pagamentos digitais evidencia que procura por meios de pagamento se está a adaptar à era digital, e sublinha necessidade de melhorar eficiência e segurança.
O sucesso da moeda digital do banco central não deve ser tomado como garantido, disse esta terça-feira Fabio Panetta, responsável do Banco Central Europeu (BCE), numa intervenção no Fórum BCE, em Sintra.
Num painel sobre moedas digitais dos bancos centrais e o projeto do euro digital, Fabio Panetta, membro do Conselho Executivo do BCE, salientou que os bancos centrais estão simplesmente a responder à evolução das necessidades da sociedade ao trabalharem em projetos de moedas digitais.
“O aumento dos pagamentos digitais mostra que a procura das pessoas por meios de pagamento está a adaptar-se rapidamente à era digital”, disse.
O responsável do BCE assinalou que para um banco central, nomeadamente para o BCE, a razão mais convincente para emitir CBDC (moeda digital do banco central, na sigla em inglês) é garantir que o dinheiro do banco central continua “amplamente acessível na era digital”, preservando o seu papel de âncora.
Fabio Panetta acrescentou que o debate também se centra na necessidade de melhorar a eficiência e a segurança dos pagamentos, garantir a estabilidade financeira, melhorar a inclusão financeira e abordar os riscos da adoção em larga escala de moedas privadas ou estrangeiras.
“Mas mesmo que alcancemos esses objetivos, não podemos dar como certo o sucesso das CBDC”, vincou, acrescentou que, “para ser um sucesso, o CBDC deve responder às necessidades das pessoas nas suas vidas diárias, oferecendo um meio de pagamento digital eficiente, fácil de usar, barato”.
O BCE está atualmente, e desde outubro de 2021, a investigar as possíveis características de um euro digital, estando previsto o fim desta fase do processo em outubro de 2023.
A instituição está nomeadamente a analisar como um euro digital poderia ser concebido e distribuído a retalhistas e ao público, bem como o impacto que teria no mercado e as alterações à legislação europeia eventualmente necessárias.
“Uma vez concluída a fase de investigação, decidiremos se daremos início, ou não, ao desenvolvimento de um euro digital”, explicou na altura o banco central.
O BCE voltou a realizar em Sintra, no distrito de Lisboa, o seu fórum anual, este ano dedicado aos desafios para a política monetária num mundo em rápida mudança.
Após dois anos realizada por meios telemáticos devido à pandemia, a ‘cimeira’ de três dias regressa a Sintra de forma presencial, conforme anos anteriores.
O tema deste ano foi alterado para refletir os recentes desenvolvimentos globais e a ‘cimeira’ está a debater os desafios que a economia da zona euro enfrenta atualmente.
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