Horta Osório recomenda mais poupança e menos dívida às famílias
Horta Osório aconselha famílias a apertarem o cinto e as empresas a terem também "prudência", porque "estamos num período de grande incerteza e as taxas de juro só têm um caminho, que é a subida".
“O meu conselho às famílias portuguesas, dependendo da capacidade de cada uma, é de prudência; se possível poupar um pouco mais, reduzir a dívida“, aconselhou o chairman da Bial, António Horta Osório, na sessão de abertura do QSP Summit, no Teatro Rivoli, no Porto. E se para as famílias o melhor é apertar o cinto e não se endividarem mais, para as empresas o gestor sugeriu: “Devem tentar alongar prazos de financiamento a taxas fixas se possível, ter os spreads o mais possível fixos por um período mais longo, porque estamos num período de grande incerteza e as taxas de juro só têm uma direção que é a de subida.”
Face à elevada inflação, à incerteza económica e à expectativa da subida das taxas de juro, o gestor avisou que “a palavra [de ordem] é de prudência“, porque não se sabe o que o futuro reserva. Avizinham-se, por isso, tempos difíceis e de “grande incerteza”, tendo em conta, alertou, que a grande “questão [que se coloca] é a intensidade dessa subida das taxas de juro”.
A conjuntura económica mundial não é favorável ao país, sobretudo quando, defendeu, “Portugal é uma pequena economia aberta e está muito dependente do que se passa no mundo”. Ora, explica, está-se a viver, a nível mundial, “uma conjugação de vários fatores negativos: o aumento do preço da energia e da comida, assim como a interrupção das cadeias de produção devido à guerra na Ucrânia e desglobalização, e o aumento das taxas de juro”. Horta Osório deixou, por isso, um recado: “Todos esses fatores obviamente contribuem para um aumento de inflação e diminuição do poder de compra dos portugueses”.
Face à elevada inflação e à consequente diminuição do poder de compra das famílias mais necessitadas, o gestor sugeriu que o Governo aumente as ajudas monetárias. “O Governo já tomou essa iniciativa e deu um apoio de 60 euros que atingiu um milhão de famílias e que me parece muito positivo”, sublinhou Horta Osório.
O conhecido banqueiro chamou, contudo, “a atenção” para a necessidade “desse apoio ter de ser revisto, na segunda metade deste ano, porque [o que existe] poderá vir a revelar-se insuficiente, dependendo do comportamento da inflação“. O gestor alertou, por isso, que “a inflação está a ir para além das expectativas e o impacto que isso tem nos rendimentos das famílias mais desfavorecidas em Portugal”. Aliás, frisou, “o Governo tem capacidade para [aumentar os apoios], caso o ache adequado“.
Continuo a insistir que estamos a falhar há muito tempo como país. Temos um salário médio de 1100 euros por mês, quando um espanhol tem 50% a mais e um irlandês tem três vezes mais.
Na realidade, notou o gestor, “a inflação subiu bastante mais e mais depressa do que era espectável, quer em Portugal, quer nas outras economias mundiais e isso implica uma atenção muito especial, sobretudo devido ao aumento do preço da energia e da alimentação que pesam muito mais do que o índice da inflação no cabaz das famílias mais desfavorecidas”. Portanto, reiterou, “é muito importante ter em atenção este fenómeno”.
O gestor também criticou os baixos salários dos portugueses face a alguns países europeus. “Continuo a insistir que estamos a falhar há muito tempo como país. Temos um salário médio é de 1.100 euros por mês, quando um espanhol tem 50% a mais e um irlandês tem três vezes mais”. Aliás, questionou: “Porque é que estamos ‘satisfeitos’ com essa situação?”. E exortou o Estado “a fazer um plano que possa levar ao crescimento, aumento da produtividade e consequente aumento dos salários”.
Para o gestor, há “ainda muito por fazer. E o país e os portugueses precisam disso”.
O gestor referiu ainda que a pandemia poderia ter tido consequências macroeconómicas extremamente negativas e não teve devido à intervenção dos governos e bancos centrais mundiais”. E elogiou “as medidas [tomadas] que foram decisivas, corajosas e tiveram impacto, pois atravessámos a pandemia de uma forma muito melhor”.
Por fim, Horta Osório alertou para a urgência de serem tomadas medidas para contrariar a descida e o envelhecimento da população portuguesa. Só há três soluções, na sua opinião: aumentar a natalidade, trazer os emigrantes portugueses de volta e atrair imigrantes que tragam “capacidades que o país precisa em termos de formação para Portugal evoluir”.
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