Apenas um em cada seis profissionais se sente envolvido com a sua organização. Trabalhadores presenciais revelam menor compromisso

Os profissionais que trabalham em regime presencial são aqueles que se sentem menos envolvidos com a empresa, em comparação com as pessoas que trabalham em modelos híbridos ou remotos.

Num momento em que as organizações ainda estão a lidar com o impacto da pandemia da Covid-19 e que, ao mesmo tempo, definem novos modelos de trabalho, apenas um em cada seis pessoas sente uma ligação efetiva e humana no trabalho. Os profissionais que trabalham em regime presencial são aqueles que se sentem menos envolvidos com a empresa, em comparação com as pessoas que trabalham em locais de trabalho híbrido ou que trabalham em modelos 100% remotos. Estas últimas são mesmo as que estão mais envolvidas, revela o estudo “Organizational culture: From always connected to omni-connected”, realizado pela Accenture.

“As pessoas e a cultura são as principais fontes de diferenciação competitiva das organizações e estão na base do crescimento. À medida que as pessoas reavaliam fundamentalmente a sua relação com o trabalho, os líderes têm a oportunidade de fortalecer a cultura corporativa olhando para além do espaço e do lugar”, defende Ellyn Shook, chief leadership and human resources officer da Accenture.

“Ao criar experiências omniconectadas, os líderes colocam os relacionamentos em primeiro lugar e correspondem às diferentes prioridades para que cada pessoa possa trabalhar para atingir todo o seu potencial da forma que funciona para si – o que reforça a confiança e impulsiona os resultados de negócio”, acrescenta, em comunicado.

À medida que as pessoas reavaliam fundamentalmente a sua relação com o trabalho, os líderes têm a oportunidade de fortalecer a cultura corporativa olhando para além do espaço e do lugar.

Ellyn Shook

Chief leadership and human resources officer da Accenture

O estudo desafia a suposição de que trabalhar unicamente on-site faz com que as pessoas se sintam mais envolvidas. As pessoas que trabalham em regime presencial, em comparação com aquelas que trabalham em locais que implementaram o trabalho híbrido ou o trabalho remoto, são as que se sentem menos interligadas dos três grupos estudados: 42% dos colaboradores on-site dizem que se sentem “não envolvidos”, versus 36% dos híbridos e 22% dos que trabalham em modo totalmente remoto.

Embora o contacto presencial seja vital, a proximidade física sem que exista apoio da liderança, flexibilidade, tecnologia ou sensação de propósito não se traduz necessariamente em profissionais que sentem uma ligação mais profunda com o seu trabalho e entre si, conclui a consultora.

O estudo também mostra que as organizações cujos colaboradores beneficiam de experiências omniconectadas podem atingir um crescimento anual de receitas de 7,4%. “A omniconexão também cria confiança, com 29% dos colaboradores omniconectados a afirmar que sentem mais probabilidade de sentir um nível mais profundo de confiança na sua organização. Além disso, estar omniconectado é responsável por 59% da intenção de um profissional de permanecer na empresa, e mais de 90% das pessoas omniconectadas dizem que podem ser produtivas em qualquer lugar“, detalha a Accenture.

Construir uma organização omniconectada

No entanto, apenas 17% dos entrevistados sentiram que estavam a beneficiar de uma experiência omniconectada no trabalho. O relatório inclui, também, um caminho que os executivos C-level podem seguir para criarem experiências omniconectadas que aumentam a produtividade, promovem maior retenção e impulsionam o crescimento da receita.

“Os líderes devem começar por responder às necessidades humanas fundamentais”, começa por referir a Accenture. “Responder a estas necessidades é a premissa mais importante de experiências omniconectadas bem-sucedidas.”

Para isso, a consultora identifica aquelas que considera serem as quatro ações-chave que desbloqueiam valor, para os colaboradores e negócio, através de experiências omniconectadas:

  • Liderar de forma empática: “Lidere, ouvindo primeiro, e seguindo o compromisso com ações. Quando as pessoas se sentem seguras para falar, devem ser ouvidas com empatia, compaixão e respeito. Ao comunicar com regularidade e transparência, os líderes podem reforçar a confiança da sua equipa.”
  • Cultivar a cultura empresarial: “As pessoas que veem uma ligação clara entre o seu trabalho e o propósito da empresa estão mais envolvidas e realizadas. Os líderes podem reforçar essa ligação mostrando como as diferentes ideias e experiências são importantes para o sucesso da organização a longo prazo e criando um ambiente onde o bem-estar geral das pessoas é tido em conta.”
  • Promover uma organização ágil: “As experiências omniconectadas ajudam as pessoas a serem produtivas onde quer que estejam. Os líderes precisam de redefinir a noção de flexibilidade para que se considere quando e como as pessoas trabalham melhor. A partir daí, podem criar estruturas de flexibilidade que sejam ágeis o suficiente para serem adaptáveis na resposta às necessidades em constante mudança num ambiente fluido.”
  • Capacitar as pessoas através da tecnologia: “Construir uma base tecnológica robusta na cloud é o primeiro passo. O próximo é capacitar as pessoas para que experimentem e explorem tecnologias emergentes como o metaverso e dar-lhes autonomia para melhorar os seus próprios processos utilizando tecnologia e dados.”

“Os líderes estão focados em aceder, criar e desbloquear todo o potencial dos seus colaboradores e estão a perceber que esta é uma oportunidade para reavaliar as suas culturas e formas de trabalho. Ao criarem um ambiente onde o foco está na relação interpessoal, comunicação e promoção da confiança, os líderes estão a mostrar que o tempo e o talento dos seus profissionais é respeitado e valorizado, o que tem retorno em termos de receita e produtividade, segundo o nosso estudo“, afirma Christie Smith, global lead for talent & organization da Accenture.

Ao criarem um ambiente onde o foco está na relação interpessoal, comunicação e promoção da confiança, os líderes estão a mostrar que o tempo e o talento dos seus profissionais é respeitado e valorizado, o que tem retorno em termos de receita e produtividade, segundo o nosso estudo.

Christie Smith

Global lead for talent & organization da Accenture

Entre julho e agosto de 2021, a Accenture Research realizou um estudo global com 1.100 executivos C-level e 5.000 colaboradores com diferentes níveis de competências. Ambos os estudos foram realizados em 12 países: Austrália, Brasil, Canadá, China, França, Alemanha, Índia, Japão, Singapura, Suécia, Reino Unido e Estados Unidos. Os inquiridos pertenciam a dez setores: banca, seguros e mercados de capitais; comunicações e media; bens e serviços de consumo; energia (petróleo e gás); saúde; life sciences; setor público; retalho; high tech; e utilities.

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