Inflação na Zona Euro dispara para 8,6% em junho. Um recorde desde a introdução da moeda única

Consumidores continuam a sentir forte aperto no custo de vida, com inflação a escalar para 8,6% em junho, o valor mais elevado desde a criação da moeda única e acima do esperado pelos analistas.

A taxa de inflação na Zona Euro voltou a subir em junho, registando um novo valor recorde desde introdução da moeda única há duas décadas. Os preços registaram uma aceleração de 8,6% no mês passado, acima do esperado pelos analistas (8,5%) e pressionando ainda mais as finanças das famílias.

Junho marca assim uma aceleração dos preços em relação ao mês anterior, quando a taxa de inflação se havia fixado nos 8,1%, encostando ainda mais o Banco Central Europeu (BCE) à parede. O BCE já anunciou que vai subir as taxas em 25 pontos base na reunião de 21 de julho para controlar os preços, mas admitiu que o aumento previsto para setembro poderá ser maior se as pressões inflacionistas se deteriorarem, o que parece ser o caso agora, perspetivando-se um maior agravamento das condições financeiras para as famílias e empresas na região.

A energia voltou a ser o principal fator para a escalada preços, como tem vindo a suceder desde a reabertura da economia após a pandemia e, de forma ainda mais pronunciada, após o início do conflito da Rússia contra a Ucrânia: a componente energética registou um disparo de 41,9% em junho, comparado com os 39,1% em maio, mostra a estimativa rápida divulgada esta sexta-feira pelo Eurostat – os dados finais serão divulgados a 19 de julho.

Outras componentes do índice dos preços também estão a subir: alimentação, álcool e tabaco registou uma taxa de inflação de 8,9% (face aos 7,5% em maio) e os bens industriais não energéticos tiveram uma taxa de inflação de 4,3% (face aos 4,2% em maio). A subida dos preços nos serviços aliviou dos 3,5% em maio para 3,4% no mês passado.

A inflação subjacente — o indicador de referência para as decisões do BCE, pois exclui os preços da energia e alimentação, por serem mais voláteis — avançou em junho para os 4,6%, acima da meta de médio prazo de 2% do banco central.

Os dados do Eurostat mostram ainda a disparidade das taxas de inflação registadas entre os Estados-membros que partilham a mesma moeda do euro, variando entre um máximo de 22% (Estónia) e 20,5% (Lituânia) e um mínimo de 6,1% (Malta) e 6,5% (França). Estas diferenças refletem as características das economias da Zona Euro, algumas mais dependentes da energia russa (como os países do Báltico) ou com fortes laços comerciais à Rússia, outras com maior recurso a outro tipo de energia que não o petróleo e o gás, como a França no nuclear.

No caso de Portugal, a taxa de inflação de 9% ficou 0,4 pontos percentuais acima da média da Zona Euro.

(Notícia atualizada às 10h34)

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