Trabalhadores acusam Governo de “brincar com dinheiro público” na Efacec
Após saber que Bruxelas pode travar acordo com DST por haver considerar auxílio de Estado, sindicato contesta negócio que “lesa claramente o interesse público” e a “desinformação” da administração.
A notícia de que a Direção Geral da Concorrência europeia (DGComp) considera que os termos da reprivatização da Efacec configuram um auxílio de Estado, o que deverá levar a uma mudança no acordo com a bracarense DST, “comprova que o Governo do PS não está a (…) zelar pelo interesse público”, enquanto acionista da empresa.
A posição é expressa pelo Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Atividades do Ambiente do Norte (SITE- Norte), em reação à notícia do ECO de que Bruxelas pode pôr em causa a venda por entender que o financiamento do Banco de Fomento à Efacec previsto no negócio — 60 milhões de capital e 100 milhões de linha de financiamento a 20 anos, com uma taxa de 1,5% e período de carência de sete anos — não está feito em condições de mercado.
“Os trabalhadores continuam apreensivos sem conhecer o rumo da empresa enquanto o governo insiste num negócio que claramente lesa o interesse público. (…) O Governo não pode brincar com o dinheiro público, com a vida dos trabalhadores e com uma empresa de grande relevância no tecido empresarial português”, reclama a estrutura sindical afeta à CGTP.
Ano e meio depois de ter nacionalizado mais de 71% da Efacec, a 2 de julho de 2020, o Governo reconduzido nas urnas anunciou a 24 de fevereiro o acordo de venda à DST. Um mês depois foi assinado o acordo formal entre o Estado e a empresa de engenharia liderada por José Teixeira e no início de maio o Executivo fez a “pré-notificação” da operação à DGComp, necessária à concretização do negócio
Num comunicado enviado esta tarde às redações, o SITE-Norte reafirma, pelo contrário, a “necessidade de o Estado assumir efetivamente a Efacec como sua, enquadrando-a no setor empresarial do Estado, por forma a garantir a produção, os compromissos com os clientes e os postos de trabalho”.
Estado deve enquadrar a Efacec no setor empresarial do Estado, por forma a garantir a produção, os compromissos com os clientes e os postos de trabalho.
Por outro lado, a estrutura sindical aproveita ainda para criticar “a constante desinformação por parte da atual administração” liderada por Ângelo Ramalho, que “continua a comprovar a desconfiança dos trabalhadores [em relação à gestão da empresa], assim como a falta de transparência na gestão de uma empresa pública”.
A operação de reprivatização já se arrasta praticamente há dois anos. Os resultados da Efacec em 2021 – um prejuízo consolidado de 183,9 milhões de euros, um prejuízo operacional de gestão de quase 40 milhões e uma dívida líquida de 193 milhões de euros – foram uma espécie de limpeza dos esqueletos no armário.
No entanto, os números do primeiro trimestre não antecipam uma correção da trajetória. Pelo contrário. Os números a que o ECO teve acesso mostram que os prejuízos atingiram 21,5 milhões de euros nos primeiros três meses deste ano, enquanto o resultado operacional foi de -18 milhões.
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