Gigante das criptomoedas Binance já está a contratar em Portugal

A maior corretora de criptomoedas do mundo já iniciou o processo de recrutamento para arrancar com as operações no mercado português, mesmo antes de saber qual será a decisão do Banco de Portugal ao pedido de registo que foi enviado recentemente ao regulador.

Na página oficial da Binance surgem atualmente quatro posições em aberto para serem ocupadas em Lisboa — com promessas de “salário competitivo”, condições de trabalho flexível e em ambiente multinacional ou oportunidade de desenvolvimento de carreira — em áreas como a gestão de produto, apoio ao cliente, gestão de comunidades e crescimento da operação, e de direção-geral no mercado português.

No caso específico da função de country lead em Portugal, que vai comandar “a estratégia e as operações num dos mercados-chave da Binance a nível mundial”, é requerido um mínimo de oito anos de experiência em funções similares e, além do habitual requisito de fluência em língua inglesa, há “pontos extra” no processo de seleção para os candidatos que saibam falar mandarim.

Nos últimos meses, a Binance tem aumentado o esforço de marketing no país. Por exemplo, patrocinou um dos palcos do festival de música Nos Primavera Sound, com várias ativações de marca no recinto; e estabeleceu uma parceria com o FC Porto para o lançamento de um “fan token”, com o contrato a prever também a impressão do logótipo da corretora de criptomoedas no equipamento dos “dragões”.

Foi em França que a plataforma conseguiu o primeiro registo na Europa, com a reguladora dos mercados financeiros a conceder uma licença de fornecedor de serviços de ativos digitais. Seguiram-se Itália e Espanha. Já em Portugal, segundo o Público, a entidade liderada por Mário Centeno já recebeu o pedido de registo, mas ainda está a analisar o processo, não havendo previsão sobre o prazo de conclusão.

Se o pedido for aceite, noticia o mesmo jornal na edição deste domingo, a Binance vai tornar-se a primeira empresa com sede internacional a ser registada junto do regulador português para exercer este tipo de atividade, numa altura em que os ativos virtuais não têm ainda qualquer tipo de enquadramento jurídico na Europa.

No início de julho, a União Europeia acertou os pormenores para firmar um acordo provisório que regula a transação de moedas digitais, numa altura em que os preços caíram e se pede um escrutínio mais rigoroso das criptomoedas. Os negociadores concluíram o acordo sobre um pacote de regras abrangente que vai regular a transação de moedas digitais a aplicar aos 27 Estados-membros, conhecidos como Mercados em Ativos Cripto (MiCA).

“No oeste selvagem do mundo das criptomoedas, o MiCA será um definidor de padrões global”, disse o legislador líder da UE na negociação das regras, Stefan Berger, em comunicado. As regras da UE sobre moedas digitais “assegurarão um mercado harmonizado, proporcionarão segurança jurídica aos emissores criptográficos, garantirão condições equitativas para os prestadores de serviços e assegurarão padrões elevados de proteção do consumidor”, acrescentou Berger.