PME

Quase 40% dos pequenos empresários consultam familiares e amigos na tomada de decisões

Por outro lado, cerca de 20% dos empresários ainda não pensou como viverá na reforma, mostram dados de um inquérito do Banco de Portugal.

Quase quatro em cada dez empresários de micro e pequenas empresas consultam as famílias e os amigos na tomada de decisões financeiras, em temas como contabilidade ou impostos, mostram os dados do 1.º Inquérito à Literacia Financeira dos proprietários e gestores de micro e pequenas empresas em Portugal, divulgado esta segunda-feira pelo Conselho Nacional de Supervisores Financeiros.

Por outro lado, mais de metade (54,8%) dos inquiridos disse que recorre a contabilistas no que respeita a decisões de gestão e planeamento das finanças da empresa, enquanto mais de um terço (38,85%) fá-lo junto de intermediários financeiros.

O inquérito revela ainda que cerca de 20% não pensou ainda como vai ver após a sua reforma e que a generalidade dispõe de meios apropriados (seguros, fundos próprios, dinheiro reservado para emergências) para lidar com imprevistos como o roubo de equipamento. Embora 5% admita que teriam de fechar a empresa se tal acontecesse.

Relativamente à utilização de produtos financeiros, a generalidade dos empresários (98,5%) inquiridos tem uma conta bancária para a sua empresa e gera-a separadamente da conta do seu agregado familiar.

Para lá das contas bancárias, os produtos financeiros mais conhecidos e mais contratados pelas empresas são os seguros de responsabilidade (contratados por 49,2% das empresas), os cartões de crédito (46,7%), os empréstimos bancários (45%) e os seguros multirriscos (44,9%).

A maioria indicou que seleciona os produtos financeiros com base na comparação de várias opções (82,1%), embora alguns casos (18,2%) o façam apenas entre as alternativas disponibilizadas pela mesma instituição.

Quase dois terços recorreram a apoios públicos na pandemia

Quanto ao impacto da pandemia de Covid-19, a maioria deu conta de uma deterioração de diversos indicadores financeiros da sua empresa, com destaque para os efeitos nos lucros (61,7%), no volume de negócios (60%) e na liquidez (41,8%).

Cerca de 30% dos inquiridos referiram um aumento ou grande aumento na dívida da sua empresa, na sequência da crise pandémica, e quase metade disse ter enfrentado uma situação de tesouraria grave nos últimos dois anos.

No que diz respeito às medidas públicas de mitigação dos efeitos da pandemia, que se revelou um fator relevante na superação dos problemas da crise, dois terços dos empresários reportou o recurso a este tipo de apoios, sendo o regime do lay-off (32,1%), as moratórias de crédito (25,2%) e as linhas de crédito Covid (24,3%) as medidas a que mais recorreram.

Portugueses acima da média na literacia financeira

O estudo revela ainda que Portugal ficou em primeiro lugar no indicador global de literacia financeira nas empresas até nove trabalhadores num ranking de 14 países avaliados, e em segundo lugar, atrás de Espanha, nas empresas entre dez e 49 trabalhadores, “tendo apresentado uma posição favorável nos indicadores de atitudes, comportamentos e conhecimentos financeiros”.

“Nesta comparação é necessário ter em consideração que, na amostra considerada, a maioria dos empresários portugueses tem o ensino superior, o que pode ter influenciado positivamente os resultados de Portugal face aos restantes países”, ressalva o estudo.

Ainda assim, nem todos sabem que a inflação alta significa que o custo de vida aumenta rapidamente (15% falhou nesta questão) ou que um empréstimo a 15 anos exige prestações mensais mais elevadas do que um empréstimo a 30 anos no mesmo montante, mas o total de juros pagos será inferior (25%).

No indicador de digitalização, Portugal surge em quarto lugar, atrás da Arábia Saudita, Itália e Turquia nas empresas até nove trabalhadores, e Rússia, Turquia e Arábia Saudita nas empresas entre dez e 49 trabalhadores.

A este respeito, as empresas portuguesas “apresentam resultados favoráveis tanto na digitalização relacionada com produtos financeiros (por exemplo, na abertura de conta ou celebração de contratos de crédito online) como na digitalização relacionada com as vendas e operações das empresas (por exemplo, através de um sítio de internet para apresentação dos seus produtos e serviços)”.

Em Portugal, no ano de 2020, as micro e pequenas empresas representavam cerca de 98% do número de empresas, empregavam 52% dos trabalhadores e contribuíam com 37% para o VAB das empresas.

O inquérito foi realizado online em julho e agosto de 2021 junto de uma amostra de 1.541 empresas, com a maioria dos empresários do género masculino (73,6%) e empresário há mais dez anos (70,9%). O Conselho Nacional de Supervisores Financeiros junta o Banco de Portugal, Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) e a Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF).

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