Aumento do preço das matérias-primas e falta de mão de obra qualificada no centro das preocupações dos gestores
Face a uma inflação galopante, os empresários têm apostado, sobretudo, na automação de tarefas e na diversificação do sourcing de matérias-primas e componentes para garantirem as suas margens.
A contínua volatilidade e incerteza dos mercados globais é uma realidade no atual contexto e motivo de preocupação para os empresários. 74% admite que o aumento do preço das matérias-primas é uma das principais tendências que mais tem afetado o seu negócio e 66% aponta a falta de mão de obra qualificada. Apesar dos desafios, 80% dos empresários prevê cumprir ou até ultrapassar os objetivos estabelecidos para este ano, revela o “Barómetro Kaizen”, do Instituto Kaizen em Portugal, realizado junto a mais de 200 gestores nacionais.
“Estamos a viver tempos conturbados onde a incerteza tem dominado as tomadas de decisão. A resiliência das cadeias de abastecimento está a ser completamente posta à prova e agora que já praticamente recuperamos o nível da procura para os valores pré-pandemia, a resposta tem sido ineficaz, acima de tudo porque apesar da falta de pessoas, matérias-primas ou materiais, os processos também não são robustos. A eficácia e a robustez de todos os processos devem continuar a ser um tema central nas organizações”, comenta António Costa, CEO do Kaizen Institute.
“Antes da pandemia foi-nos permitido observar que a excelência operacional já não chegava para as organizações liderarem no seu setor, tendo as componentes de crescimento, marketing e vendas assumido um papel muito preponderante. Contudo, esta crise energética e de matérias-primas, volta a reforçar que o OPEX nas nossas organizações é muito relevante e, daí, o perfil de respostas que obtivemos nesta edição do barómetro”, acrescenta o gestor, em comunicado.
Face a uma inflação galopante, os empresários têm apostado, sobretudo, na automação de tarefas (50%) e na diversificação do sourcing de matérias-primas e componentes (43%), de forma a garantirem as suas margens. O aumento dos preços de matérias-primas ou componentes é, para 49% dos gestores, o efeito mais significativo do aumento generalizado da inflação. Na segunda posição, 28% dos empresários posicionam o aumento da energia como outra consequência igualmente grave.
A resiliência das cadeias de abastecimento está a ser completamente posta à prova e agora que já praticamente recuperamos o nível da procura para os valores pré-pandemia, a resposta tem sido ineficaz, acima de tudo porque apesar da falta de pessoas, matérias-primas ou materiais, os processos também não são robustos.
Dentro dos riscos de disrupção das cadeias de fornecimento, 68% destaca como fator mais preocupante a falta de materiais e/ou componentes de fornecedores, enquanto 47% aponta as dificuldades inerentes com transportes e entregas. Para contornar estas vicissitudes e potenciar o crescimento da organização, 64% das empresas têm apostado na criação de novos produtos, serviços ou modelos de negócio e 52% tem optado por aumentar o valor acrescentado dos produtos potenciando valores de venda mais elevados.
Contudo, e apesar do panorama pouco abonatório para a economia nacional, 80% dos empresários prevê cumprir ou ultrapassar os objetivos estabelecidos para 2022. No que toca ao grau de confiança na economia por parte dos empresários inquiridos, o valor passou de 11, valor em que se posicionava última edição, para 10,95, sofrendo um ligeiro decréscimo.
Credibilidade e reputação, principal motivo para apostar numa estratégia ESG
A maioria dos gestores responsabiliza-se cada vez mais pelo impacto que as organizações que lideram têm na comunidade e no mundo, e afirmam que as práticas sustentáveis são uma ambição estratégica. Nesse sentido, as temáticas de sustentabilidade assumem uma importância cada vez nas mesas de decisão das organizações. Contudo, apenas 54% dos inquiridos admite um grau de compromisso alto relativamente às políticas de Environmental, Social e Governance (ESG). Por outro lado, 46% dos inquiridos admite que o seu grau de envolvimento nestas políticas ainda é médio ou baixo.
Para desenvolver a sustentabilidade e garantir o cumprimento destas políticas, 56% dos empresários afirmam ter uma estratégia de ESG com iniciativas concretas de curto prazo nas três vertentes. Já 7% dos inquiridos admite não ter uma estratégia de sustentabilidade bem definida.
Dentro dos benefícios que as empresas esperam obter com a estratégia de ESG, a credibilidade e reputação institucional (81%) e reter e atrair talento com maior consciência ambiental e social (50%) estão no topo das preferências dos gestores. No entanto, apenas 18% aloca mais de 3% da sua receita em investimentos em sustentabilidade.
Inovação como eixo fundamental do crescimento
Apostar em maior inovação tem sido uma estratégia seguida pela maioria das organizações: 62% dos inquiridos tem apostado na inovação nos processos da organização e 50% opta pela criação de novos produtos e serviços com base nas necessidades dos clientes.
No contexto da transição digital, de realçar que 42% definiu uma estratégia de transformação para a empresa como um todo e identificou os processos críticos, sendo que a estrutura e sequência destes processos foram otimizadas antes da sua digitalização.
A edição de junho do “Barómetro Kaizen”, um estudo de opinião desenvolvido semestralmente pelo Instituto Kaizen em Portugal, inquiriu mais de 200 gestores de média e grandes empresas que representam, no seu conjunto, mais de 35% do PIB de Portugal.
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