Medo de recessão atira juros da dívida para mínimos de dois meses

Mercados recordam o momento histórico de Mario Draghi com o "whatever it takes" que salvou a Zona Euro há dez anos e dizem que Europa volta a viver momentos desafiantes.

Os juros da dívida de vários países da Zona Euro continuam a cair e atingem esta terça-feira o valor mais baixo em dois meses, com os receios de um travão económico que saíram agora reforçados com as notícias de que a Rússia vai cortar o gás à Europa.

A yield das obrigações portuguesas a dez anos cai para 2,103%, valor mais baixo desde 27 de maio. Neste período chegou a atingir os 3,1% a 14 de junho, quando o Banco Central Europeu (BCE) anunciou a inversão da política monetária. Desde então já caiu 100 pontos.

Taxa portuguesa em mínimos de dois meses

Fonte: Reuters

Também a taxa espanhola no mesmo prazo cai para mínimos de dois meses, negociando nos 2,173%. O mesmo acontece com a referência da Zona Euro, a Alemanha, com os juros das bunds a cederem para 0,981%, o valor mais baixo desde o final de maio.

Neste momento, os investidores estão a virar as atenções da escalada da inflação para a possibilidade de a Zona Euro deslizar para uma recessão. Estes receios agravaram-se de forma significativa com a possibilidade de Moscovo fechar a torneia do gás à Europa.

Esta segunda-feira a empresa estatal russa Gazprom informou que parou de funcionar mais uma turbina no gasoduto Nord Stream 1 e que os fluxos caíram para apenas 20% da capacidade. O Deutsche Bank considera que se estiver a funcionar a 40% da capacidade, a Alemanha poderá passar o inverno sem dificuldades de maior, mas será necessário racionar o consumo de forma considerável se o nível baixar para 20%.

“O foco está agora na União Europeia e se vai começar a impor um racionamento”, referiu Pooja Kumra, analista da TD Securities, citado pela Reuters.

Os ministros da Energia da União Europeia estão reunidos esta terça-feira em Bruxelas para discutir medidas em relação ao gás, isto depois de a Comissão ter proposto um corte de 15% no consumo. Alguns países rejeitam esta medida.

Whatever it takes” de Draghi foi há dez anos

Esta terça-feira marca ainda o décimo aniversário das famosas palavras do antigo presidente do BCE, Mário Draghi, quando prometeu fazer “whatever it takes” para salvar a Zona Euro. Os analistas consideram que a Europa volta a viver momentos desafiantes, perante uma tempestade perfeita com alta inflação, crise energética e instabilidade política em Itália.

“Dez anos depois do histórico ‘whatever it takes’ de Draghi, as obrigações italianas voltam a precisar de proteção do BCE, tendo em conta as incertezas políticas”, referiu o analista do Commerzbank Rainer Guntermann.

A taxa italiana segue estável nos 3,4%.

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